No Dia Mundial das
Missões, celebrado neste domingo (20) no âmbito do Mês Extraordinário
Missionário, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São
Pedro. O Pontífice usou o substantivo 'monte', o verbo 'subir' e o
pronome 'todos' para encorajar o testemunho de milhares de missionários
no mundo.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Uma celebração eucarística caracterizada pela comunhão dos povos na
Basílica de São Pedro. Na manhã deste domingo (20), o Papa Francisco
presidiu uma missa, por ocasião do Dia Mundial das Missões no âmbito do
Mês Missionário Extraordinário. A cerimónia foi especialmente animada
pela genuína participação do coro e orquestra “Palmarito e Urubichà”, da
Bolívia.
Na homilia, o Papa usou o substantivo monte, o verbo subir e o pronome todos, extraídos das leituras do dia, para encorajar o testemunho de milhares de missionários no mundo.
O monte, lugar de grandes encontros
Ao iniciar falando do monte, Francisco indicou aquele da Galileia,
mas que poderia ser o do Sinai, do Tabor ou das Oliveiras, mas sempre “o
monte parece ser o lugar onde Deus gosta de marcar encontro com toda a
humanidade”.
“A nós, o que nos diz o monte? Que somos chamados a aproximar-mo-nos
de Deus e dos outros: nos aproximar-mo-nos de Deus, o Altíssimo, no silêncio,
na oração, afastando-nos das maledicências e boatos que poluem; e aproximar-mo-nos também dos outros.”
Francisco então falou da importância de olhar o outro por uma outra
perspectiva, do alto do monte, onde descobrimos que “a harmonia da
beleza só é dada pelo conjunto”.
“O monte lembra-nos que os irmãos e as irmãs não devem ser
selecionados, mas abraçados com o olhar e sobretudo com a vida. O monte
liga Deus e os irmãos num único abraço, o da oração. O monte leva-nos
para o alto, longe de tantas coisas materiais que passam; convida-nos a
redescobrir o essencial, o que permanece: Deus e os irmãos. A missão
começa no monte: lá se descobre aquilo que conta. No coração deste mês
missionário, vamos interrogar-nos: sobre mim, o que é que conta na vida?
Quais são as altitudes para onde vou?”
O subir, um êxodo do próprio eu
O Papa partiu para o verbo que acompanhe o substantivo monte: o
subir, já que “nascemos, não para ficar em terra contentando-nos com
coisas triviais, mas para chegar às alturas encontrando Deus e os
irmãos”.
O Papa recordou que a subida muitas vezes não é fácil, pois estamos
carregados de coisas e é preciso deixar de lado o que não serve:
“É também o segredo da missão: para partir é preciso deixar, para
anunciar é preciso renunciar. O anúncio credível é feito, não de bonitas
palavras, mas de vida boa: uma vida de serviço, que sabe renunciar a
tantas coisas materiais que empequenecem o coração, tornam as pessoas
indiferentes e as fecham em si mesmas; uma vida que se separa das
inutilidades que enchem o coração e encontra tempo para Deus e para os
outros. Podemos interrogar-nos: Como procede a minha subida? Sei
renunciar às bagagens pesadas e inúteis do mundanismo para subir ao
monte do Senhor?”
O pronome todos, a missão de todos
O que prevalece, porém, nas leituras, é o pronome todos, disse
Francisco, repetido várias vezes: todos os povos, todas as nações, todos
os homens.
“O Senhor obstina-Se a repetir este «todos». Sabe que somos
teimosos a repetir «meu» e «nosso»: as minhas coisas, a nossa nação, a
nossa comunidade... e Ele não Se cansa de repetir «todos». Todos, porque
ninguém está excluído do seu coração, da sua salvação; todos, para que o
nosso coração ultrapasse as alfândegas humanas, os particularismos
baseados nos egoísmos que não agradam a Deus. Todos, porque cada qual é
um tesouro precioso e o sentido da vida é dar aos outros este tesouro.
Eis a missão: subir ao monte para rezar por todos, e descer do monte
para se doar a todos.”
“Subir e descer… assim o cristão está sempre em movimento, em saída”,
e “ao encontro de todos, não apenas dos seus e do seu grupinho”,
enfatizou o Papa, que provocou mais questionamentos a todos: “assumimos o
convite de Jesus ou ocupam-mo-nos apenas das nossas coisas?”.
A missão, disse Francisco, é “mostrar, com a vida e mesmo com
palavras, que Deus ama a todos e jamis se cansa de ninguém”. E o
Papa finalizou afirmando que “cada um de nós é uma missão nesta terra”.
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