06 julho, 2015

P. Lombardi: comunhão do Papa com um grande povo que o escuta e entende



(RV) Ao fim do primeiro dia do Papa Francisco no Equador, o enviado da Rádio Vaticano em Quito (Mario Galgano) entrevistou o director e porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, no séquito papal.
 
Padre Lombardi, antes de tudo, como foi a viagem, o voo de 13 horas, de Roma a Quito?

Foi uma viagem muito serena, segundo o esquema que o Papa utiliza durante a viagem de ida: tem um encontro com os jornalistas, mas que não é um encontro do tipo "conferência de imprensa com respostas a perguntas comuns," mas é uma passagem para saudar de perto a cada um, pessoalmente. Acho que é um momento muito bonito e importante porque cria comunidade, cria comunhão entre o Papa e os comunicadores que, de alguma forma, são chamados à "missão" de ajudar o Papa na sua missão, multiplicando as suas vozes, multiplicando as suas mensagens. O Papa consegue suscitar isto muito bem com esta relação pessoal, que é muito apreciado e entra nos corações. Este foi o momento principal, do ponto de vista da comunicação, desta longa viagem, na qual o Papa pôde também também repousar, preparar os seus discursos, rezar, como acontece nestes casos.

Já houve um primeiro discurso de boas-vindas, claro, do presidente do Equador, Rafael Correa, e o agradecimento por parte do Santo Padre. Pode dizer-nos alguma coisa sobre este primeiro discurso e o que foi dito e sublinhado, e que marcará esta primeira viagem aos três países que vai visitar?

O Papa está muito consciente do momento histórico que estes países estão a viver e da importância de ajudá-los a orientar-se bem numa via de verdadeiro desenvolvimento - na dignidade humana, no bem comum - um desenvolvimento que é inspirado na fé cristã. O Papa disse que o Evangelho oferece chaves para enfrentar os problemas que estes países têm. Naturalmente o Papa pensa no crescimento na justiça, o crescimento na integração comunitária das minorias ou das pessoas marginalizadas ou grupos desfavorecidos e assim por diante. Portanto, o Papa dá uma mensagem e um impulso muito forte, que pode ajudar a encontrar a direcção certa, a corrigir quando as direcções são porventura certas mas precisam de ser reajustadas em diferentes aspectos. Uma perspectiva, pois, muito positiva, eu diria. O Papa disse bonitas palavras ​​para o povo equatoriano, que "se levanta com dignidade." Ou seja, ele reconhece que eles estão a fazer esforço, e a obter resultados. É claro que é um caminho que deve ser continuado, aperfeiçoado, para que o desenvolvimento seja pleno, digno da pessoa humana, da participação comunitária de todos, e assim por diante.

Chegou apenas há poucas horas atrás e, naturalmente, ainda não viu muito, mas há talvez alguma coisa que impressionou a si - ou também ao Santo Padre – nesta vinda, talvez algo inesperado, que talvez imaginava de outra forma?

Fiquei impressionado positivamente com aquilo que, contudo, de algum modo esperávamos, felizmente, ou seja, este calor, esta alegria do povo ao receber o Papa, que é sentido como um Papa da família, um Papa próximo, um Papa que fala a este povo de modo espontâneo, simples, concreto. O acolhimento, portanto, já maravilhoso nas ruas de Quito esta noite, manifesta aquilo que certamente continuaremos a ver nos próximos dias, ou seja, este encontro profundo entre o Papa e o povo: não um encontro superficial, mas um encontro profundo. Isto vê-se também nos rostos e nas atitudes das pessoas, no seu sorriso e nas suas lágrimas de emoção. E creio que o Papa, que sente muitíssimo o tema do "povo" como experiência comunitária, mesmo na vivência da fé, na vivência da religiosidade popular, na tradução da fé em realidade concreta da vida quotidiana, poderá viver dias muito encorajadores para ele e para os outros nesta comunidade, nesta comunhão do pastor com um grande povo que o escuta e o entende. (BS)

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