Assunção
(RV) – Cerca de 200 mil jovens compareceram em massa ao último
compromisso público do Papa Francisco no Paraguai, neste domingo (12),
no litoral de Assunção, encerrando a nona viagem apostólica do
Pontífice. Uma juventude com “a mente e o coração abertos”, “carregados
de esperança no caminho” a serem mostrados para o Santo Padre, como bem
nos lembrou a saudação inicial de Dom Ricardo Jorge Valenzuela Ríos,
bispo de Villaricca do Espírito Santo e encarregado da Pastoral da
Juventude.
Oriundos
de diferentes dioceses do Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai, os
jovens levaram “entusiasmo juvenil, com otimismo, com o espírito
disposto a escutar o Papa, para aprender e seguir suas orientações”. E
porque “querem ser discípulos e missionários de Cristo”, foram até
Francisco na Costanera “para compartilhar sonhos e esperanças,
frustrações e preocupações” porque “os jovens são conscientes”,
sublinhou Dom Ricardo, de que “a Igreja também precisa de uma renovação:
com mais participação dos leigos, maior apertura, mais dinamismo; uma
igreja sem muitas burocracias e ‘aduanas’ que a transformem numa
instituição ‘pesada’ e lenta... Querem uma comunidade eclesial vivaz,
alegre, comprometida, entusiasmada para levar o Evangelho de Cristo e o
testemunho de fé a uma ‘nova evangelização’ e à ‘evangelização
continental’”.
E foi exatamente com o testemunho de
jovens presentes no evento que Papa Francisco, mesmo com um discurso
pronto, resolveu improvisar e tomá-los como exemplos na homilia.
Orlando, Manuel e Liz tiveram a graça de conhecer Jesus, aquele que dá
esperança, um coração livre e os torna mais fortes.
O pedido de Orlando para rezar pela
liberdade de todos foi acolhida pelo Papa Francisco. Mas, segundo o
Santo Padre, sendo “um dom que Deus nos dá, é preciso antes ter o
coração livre”. Um coração que “possa dizer aquilo que pensa e aquilo
que sente”.
"Porque todos sabemos que no mundo
existem muitas cordas que nos amarram o coração e não deixam que o
coração seja livre. A exploração, a falta de meios para sobreviver, a
dependência da droga, a tristeza, ... Todas essas coisas nos tiram a
liberdade."
E numa oração conjunta, o Santo Padre pronunciava as frases e os jovens repetiam:
"Repitam comigo: Senhor Jesus, me dá
um coração livre. Que não seja escravo de todas as armadilhas do mundo.
Que não seja escravo da comodidade, do engano. Que não seja escravo da
‘boa vida’. Que não seja escravo dos vícios. Que não seja escravo de uma
falsa liberdade, que é fazer aquilo que eu gosto em cada momento."
O exemplo de Liz, segundo o
Pontífice, com a sua própria vida em ajudar a mãe e avó doentes em casa,
nos ensina a sermos ‘servos com afeto’. O testemunho da jovem nos
ensina também a procurar os amigos e os grupos de jovens para “alimentar
a fé” e para “dar mais força para continuar adiante”.
"E isso se chama solidariedade. Como
se chama? [e os jovens respondem: ‘Solidariedade!’] Quando assumimos o
problema do outro. E ela encontrou ali um ‘oásis de paz para o seu
coração cansado’. […] Liz coloca em prática o quarto mandamento: ‘Honra
teu pai e tua mãe’. Liz expressa a sua vida, a queima!, à serviço da sua
mãe. É um grau altíssimo de solidariedade, é um grau altíssimo de amor.
Um testemunho ‘Pai, então é possível amar?’. Aqui, vocês têm alguém que
nos ensina a amar."
Já através do jovem Manuel, o Papa
trouxe a ‘esperança’ como bem maior para “lutar pela vida e seguir
adiante”. Mesmo com uma vida difícil, de exploração e solidão, ele se
recusou a se esconder em desculpas e foi trabalhar.
"Quantos jovens, vocês, hoje, têm a
possibilidade de estudar, de se sentar à mesa com a família todos os
dias, tem a possibilidade de não faltar o essencial? Quantos de vocês
têm essas coisas? Todos juntos, aqueles que têm isso, digam: ‘Obrigado,
Senhor!’."
Tanto Liz como Manuel disseram ter “conhecido Jesus”, o que significa, segundo o Santo Padre, “abrir a porta da esperança”.
"Isto é, conhecer Deus, se aproximar
de Jesus, é esperança e força. E isso é aquilo que precisamos encontrar
nos jovens de hoje: jovens com esperança e jovens fortes. Não queremos
jovens ‘desmiolados’; jovens do ‘até aqui e pronto’; nem sim, nem não.
Não queremos jovens que se cansam rápido e vivem cansados, com a cara
entediada. Queremos jovens fortes. Queremos jovens com esperança e
fortes. Por quê? Porque conhecem Jesus, porque conhecem Deus. Porque têm
um coração livre. Coração livre! Solidariedade! Trabalho! Esperança!
Empenho! Conhecer Jesus! Conhecer Deus, minha fortaleza! Um jovem que
vive assim tem a cara entediada? Tem o coração triste? Essa é a
estrada!"
No entanto, segundo o Santo Padre,
para tudo isso é necessário “sacrifício, ir contra a corrente”. E,
também, acrescentou ele, “fazer barulho, ajudar a organizar o barulho
que vocês fazem para não acontecer acidentes”.
"Façam barulho, mas ajudem também a
administrar e organizar o barulho que fazem. Façam barulho e
organizem-no bem! Um barulho que nos dê um coração livre, um barulho que
nos dê solidariedade, um barulho que nos dê esperança, um barulho que
nasça do ter conhecido Jesus e do saber que Deus, que eu conheci, é a
minha fortaleza. Esse é o barulho que convido vocês a fazerem."
(AC)
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