(RV) Mais
de um milhão de fiéis participou na Missa presidida pelo Papa Francisco
no Parque de Los Samanes em Guayaquil, no Equador. Uma grande e
colorida manifestação de afeto pelo Santo Padre nesta sua segunda viagem
apostólica à América Latina. No centro da homilia do Papa uma intensa
meditação sobre a família, partindo do episódio das Bodas de Caná
proposta pela liturgia.
Famílias feridas
Recuperar a alegria da família é possível com a ajuda de Maria – foi
este o forte apelo do Santo Padre numa homilia em que falou das tantas
realidades feridas na família:
“Quantos dos nossos adolescentes e jovens percebem que nas suas
casas, há muito que não existe nenhum vinho! Quantas mulheres, sozinhas e
tristes, se interrogam quando foi embora o amor, quando se diluiu da
sua vida! Quantos idosos se sentem deixados fora da festa das suas
famílias, abandonados num canto e já sem beber do amor diário. A falta
de vinho pode ser efeito também da falta de trabalho, doenças, situações
problemáticas que as nossas famílias atravessam” – referiu o Papa
.
Pôr a família nas mãos de Deus
Como nos narra o Evangelho no episódio de Caná, quando faltava o
vinho, Maria está atenta a todas as situações: “é mãe” e “dirige-se com
confiança a Jesus” e ensina-nos a pôr as nossas famílias nas mãos de
Deus:
“Maria ensina-nos a deixar as nossas famílias nas mãos de Deus; a
rezar, acendendo a esperança que nos indica que as nossas preocupações
também preocupam a Deus. Rezar, sempre nos arranca do perímetro das
nossas preocupações, fazendo-nos transcender aquilo que nos magoa, agita
ou falta a nós mesmos para nos colocarmos na pele dos outros, calçarmos
os seus sapatos.”
Segundo o Papa Francisco, Maria mostra-nos que “o serviço é o
critério do verdadeiro amor. E isto aprende-se especialmente na família,
onde nos fazemos servidores uns dos outros” – afirmou o Santo Padre que
recordou as três palavras que se aprendem na família: com licença,
desculpa e obrigado. A família é a primeira escola:
“A família constitui a grande “riqueza social”, que outras
instituições não podem substituir, devendo ser ajudada e reforçada para
não perder jamais o justo sentido dos serviços que a sociedade presta
aos cidadãos. Com efeito, estes não são uma espécie de esmola, mas uma
verdadeira “dívida social” para com a instituição familiar, que tanto
contribui para o bem comum de todos.”
O milagre de recuperar a alegria de viver em família
Há muitas dificuldades na família – advertiu o Papa que recordou que o
próximo Sínodo de outubro procurará “encontrar soluções e ajudas
concretas”.
Deus – referiu o Santo Padre – “aproxima-se sempre às periferias
daqueles que ficaram sem vinho, daqueles que só têm para beber a falta
de coragem”. Se confiarmos em Deus e com a ajuda de Maria, pode
acontecer o milagre de recuperarmos “a alegria da família, a alegria de
viver em família”.
Depois da Missa em Guayaquil e já de regresso a Quito, o Papa
Francisco fez uma visita de cortesia ao Presidente da República do
Equador, Rafael Correa.
De seguida, o Santo Padre dirigiu-se à Catedral da capital do Equador
no centro histórico da cidade. Durante a visita à Catedral, o Santo
Padre cumprimentou um pequeno grupo de fiéis que estavam em oração
diante do Santíssimo e ali permaneceu durante alguns minutos.
Na saída da Catedral o Papa Francisco deteve-se no adro e disse
algumas palavras à multidão de pessoas que o aguardavam na Praça. O
Santo Padre disse-lhes ter ido a Quito como peregrino, para partilhar
com os equatorianos a alegria de evangelizar. “Saí do Vaticano saudando a
imagem de Santa Mariana de Jesus que, no exterior da abside da Basílica
de S. Pedro, vela pelo caminho que o Papa percorre tantas vezes” –
disse o Papa que desejou ainda que “para este grande e nobre povo
equatoriano”, não haja diferença e exclusões; não haja descartados, que
todos sejam iguais e incluídos; para que ninguém fique fora desta grande
nação equatoriana”.
O Papa Francisco abençoou todos os presentes e as suas famílias e
lembrou o exemplo das equatorianas Santa Narcisa de Jesus e a Beata
Mercedes de Jesus Molina. O Papa Francisco enalteceu todos quantos
tiveram que cuidar de irmãos ainda pequenos e aqueles que se empenham
diariamente no cuidado dos enfermos ou dos idosos; como também o fez
Mariana e a imitaram Narcisa e Mercedes: “Isso não é difícil, se Deus
estiver connosco... É a alegria de evangelizar e, seremos felizes se o
pusermos em prática” – disse o Santo Padre agradecendo o testemunho
cristão de todos os presentes. (RS)
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