RV) Terminada a visita
ao Hospital Pediátrico “Niños de Acosta Ñú” o Papa Francisco dirigiu-se
ao Santuário Mariano de Caacupé, onde presidiu à Eucaristia, com Missa
votiva da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, e cantos
em espanhol e língua indígena guaraní.
Na sua homilia o Papa começou por
sublinhar a importância do Santuário como casa de todos os crentes, um
lugar de festa, de encontro, de família, lugar onde se vai para pedir
perdão para recomeçar de novo, e para lá se leva a vida concreta e se
renovam as energias para viver a alegria do evangelho. E falando do
Santuário de Caacupé, disse o Papa:
“Muitos baptismos, muitas vocações
sacerdotais e religiosas, muitos namoros e matrimónios nasceram aos pés
da nossa Mãe. Muitas lágrimas e despedidas. Vimos sempre com a nossa
vida, porque aqui estamos em casa e o melhor de tudo é saber que há
alguém que nos espera”.
Tal é a importância do Santuário de
Caacupé para o povo paraguaio. E, comentando a passagem do Evangelho,
Francisco falou de Maria que disse "sim" ao projecto, à vontade de Deus,
um "sim" que não foi nada fácil de viver, disse o Papa, porque não lhe
encheu de privilégios mas, pelo contrário, “uma espada trespassaria a
sua alma”, como lhe disse Simeão no Templo. Mas nós vemos nela uma
verdadeira mãe que nos ajuda a manter vivas a fé e a esperança no meio
de situações complicadas, ela é a mulher de fé, é a Mãe da Igreja, e a
sua vida é a prova de que Deus não decepciona, não abandona o seu povo,
mesmo que haja momentos ou situações em que parece que Ele não está lá,
disse o Papa Francisco percorrendo em seguida, brevemente, os três
momentos difíceis na vida de Maria: no nascimento de Jesus em que, para
acolher o filho, o único lugar disponível era um estábulo de animais; a
fuga para o Egipto, pois a sua vida estava em perigo e tiveram de ser
migrantes pela ganância e a avareza do imperador; e a morte na cruz:
“Não deve haver situação mais difícil
para uma mãe do que acompanhar a morte de um filho. São momentos
lancinantes. Lá, ao pé da cruz, vemos Maria, como qualquer mãe, firme,
sem abandonar, mas acompanhando o seu filho até ao momento extremo da
morte e morte de cruz. E aqui também ela poderia ter-se perguntado: Mas
onde está aquilo que o Anjo Me disse? Mas em seguida a vemos contendo e
sustentando os discípulos”.
E Maria quis permanecer no meio do
seu Povo – prosseguiu o Papa - com os seus filhos, com a sua família,
sempre seguindo Jesus, do lado da multidão. Não tem um programa próprio,
não vem para nos dizer nada de novo, mas apenas que a sua fé acompanha a
nossa fé. Ela sempre esteve e continua a estar nos nossos hospitais,
nas nossas escolas, nas nossas casas. Esteve e continua a estar connosco
no trabalho e no caminho. Esteve e continua a estar na mesa de cada
casa. Esteve e continua a estar na formação da Pátria, fazendo de nós
uma Nação. Sempre com uma presença discreta e silenciosa: no olhar de
uma efígie de uma pequena imagem ou uma medalha. Sob o sinal de um
rosário, sabemos que não estamos sozinhos.
E por último o Papa referiu-se
particularmente às mulheres e mães do Paraguai que, com muita coragem e
abnegação, souberam levantar um País destruído e submerso pela guerra:
“E quero referir-me de modo especial a
vós, mulheres e mães paraguaias que, com grande coragem e abnegação,
soubestes levantar um país derrotado, afundado, submerso pela guerra.
Vós tendes a memória, o DNA daquelas que reconstruíram a vida, a fé, a
dignidade do seu povo. Como Maria, vivestes situações muito, muito
difíceis que, vistas sob uma lógica comum, poriam em causa toda a fé.
Pelo contrário vós, como Maria, impelidas e sustentadas pelo seu
exemplo, continuastes crentes, inclusive «com uma esperança para além do
que se podia esperar» … Deus abençoe e anime a vossa fé, Deus abençoe a
mulher paraguaia, a mais gloriosa da América”.
E Francisco terminou com um apelo a
não perder a memória, as raízes, os inúmeros testemunhos que receberam
de povo crente, comprovado pelas suas lutas, uma fé que se fez vida, uma
vida que se fez esperança e – sublinhou - uma esperança que vos leva a
«primeirear» na caridade, pois como Jesus «primeireou» no amor, sede vós
os portadores desta fé, desta vida, desta esperança, sede vós os
forjadores deste hoje e do amanhã paraguaio, disse o Papa convidando a
todos a olhar para a imagem de Maria e rezar para que sejamos dignos de
alcançar as promessas e graças de nosso Senhor Jesus Cristo. (BS)
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