12 julho, 2015

Visita do Papa às populações do Bañado Norte de Asunción




(RV) «Com grande alegria, vejo cumprir-se esta manhã o meu desejo de visitar-vos. Não poderia visitar o Paraguai, sem estar convosco, sem estar na vossa terra». Com estas palavras Francisco se dirigiu às populações do Bañado Norte da cidade de Asunción, no Paraguai, congregadas no pátio da Capela da Paróquia da Sagrada Família para acolher o Papa Francisco e escutar a sua mensagem.  Uma visita realizada pelo Papa Francisco na manhã deste domingo, 12 de julho, às 8,00 horas locais, 14 horas de Roma, tendo sido acolhido pelo Padre Ireneo Valdez, sacerdote Jesuíta, Pároco desta Paróquia da Sagrada Família e pelo Provincial dos Jesuítas no Paraguai.

«Trata-se de uma zona pobre e muito pantanosa habitada por uma grande maioria “dos descartados” do sistema no Paraguai segundo testemunharam os representantes das associações de mais de 23 famílias que habitam a zona e das organizações eclesiais que operam na zona. «O Estado nunca se ocupou de nós e nem olha para nós com bons olhos. Somos somente um problema para o nosso povo e não uma solução para o nosso país>>, disse ao Papa, a representante das Associações das Famílias. Por sua vez, a representante das Organizações Eclesiais do Bañado acrescentou que “aqui no Paraguai está a ser aplicada a política da pobreza que consiste em excluir os pobres de qualquer tipo de atenção do Estado», tendo sucessivamente feito um longo elenco das injustiças a que são vítimas as populações pobres do Bañado Norte e do país em geral.

«Encontramo-nos aqui na paróquia denominada Sagrada Família e confesso-vos que, ao longo do caminho, tudo me fazia recordar a Sagrada Família. Ver os vossos rostos, os vossos filhos, os vossos avós. Ouvir as vossas histórias e tudo o que fizestes para estar aqui, a luta que travais para ter uma vida digna, um tecto. Tudo o que fazeis para superar a inclemência do tempo, as inundações destas últimas semanas, faz-me recordar a família humilde de Belém. Uma luta que não vos roubou o sorriso, a alegria, a esperança. Uma peleja que não vos impediu a solidariedade, antes, pelo contrário, estimulou-a e fê-la crescer» disse por sua vez, Francisco na sua breve alocução focalizada na vida da Sagrada Família de Belém.

Os membros da Sagrada Família, observou o Santo Padre,  tiveram de deixar a sua terra, os seus parentes, os seus amigos. Tiveram de deixar o que lhes pertencia e deslocar-se a outra terra; uma terra onde não conheciam ninguém, onde não tinham casa, nem família. Foi então que aquele jovem casal teve Jesus; em tal contexto, aquele jovem casal deu-nos de presente Jesus. Estavam sozinhos, numa terra estranha, os três. De repente, começaram a aparecer pastores; pessoas como eles, que tiveram de deixar o que possuíam a fim de obter melhores oportunidades familiares. Viviam sujeitos a inclemências de vário tipo, nomeadamente as do tempo.

De facto, quando os pastores ouviram falar do nascimento de Jesus, saíram ao seu encontro, fizeram-se próximos, vizinhos. De repente, tornaram-se a família de Maria e José, a família de Jesus.

«Acontece o mesmo, quando Jesus aparece na nossa vida. É isto que desperta a fé. A fé faz-nos próximos, aproxima-nos da vida dos outros. A fé desperta o nosso compromisso, a nossa solidariedade. O nascimento de Jesus desperta a nossa vida. A fé, que não se faz solidariedade, é uma fé doentia, morta, uma fé mentirosa por ser uma fé sem Cristo, uma fé sem Deus, uma fé sem irmãos.»

O primeiro a ser solidário – recordou Francisco -  foi o Senhor, que escolheu viver entre nós, escolheu viver no nosso meio. Por conseguinte, prosseguiu o Santo Padre, “Eu venho como aqueles pastores de Belém. Quero fazer-me próximo. Quero abençoar a vossa fé, abençoar as vossas mãos, abençoar a vossa comunidade. Vim dar graças convosco, porque a fé se fez esperança, e esperança que estimula o amor. A fé que Jesus desperta é uma fé com capacidade de sonhar o futuro e de lutar por ele no presente. Por isso mesmo, quero encorajar-vos a continuar a ser missionários, a contagiar com a fé estas ruas, estas vielas. Fazendo-vos próximos especialmente dos mais jovens e dos idosos; fazendo-vos apoio das famílias jovens e de quantos estão a atravessar momentos difíceis ».

Quero confiar as vossas famílias à Sagrada Família, para que o seu exemplo, o seu testemunho continue a ser luz no caminho, estímulo nos momentos difíceis e sempre nos dê de presente «pastores» capazes de acompanhar, apoiar e incentivar a vida das vossas famílias concluiu dizendo Papa Francisco convidando à todos a rezar juntos o Pai Nosso em língua espanhola e em língua guaraní. Francisco à todos deu a sua bênção apostólica e pediu mais uma vez que não esqueçam de rezar por Ele.

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