(RV) «Com grande
alegria, vejo cumprir-se esta manhã o meu desejo de visitar-vos. Não
poderia visitar o Paraguai, sem estar convosco, sem estar na vossa
terra». Com estas palavras Francisco se dirigiu às populações do
Bañado Norte da cidade de Asunción, no Paraguai, congregadas no pátio da
Capela da Paróquia da Sagrada Família para acolher o Papa Francisco e
escutar a sua mensagem. Uma visita realizada pelo Papa Francisco na
manhã deste domingo, 12 de julho, às 8,00 horas locais, 14 horas de
Roma, tendo sido acolhido pelo Padre Ireneo Valdez, sacerdote Jesuíta,
Pároco desta Paróquia da Sagrada Família e pelo Provincial dos Jesuítas
no Paraguai.
«Trata-se
de uma zona pobre e muito pantanosa habitada por uma grande maioria “dos
descartados” do sistema no Paraguai segundo testemunharam os representantes das
associações de mais de 23 famílias que habitam a zona e das organizações eclesiais
que operam na zona. «O Estado nunca se ocupou de nós e nem olha para nós com
bons olhos. Somos somente um problema para o nosso povo e não uma solução para
o nosso país>>, disse ao Papa, a representante das Associações das
Famílias. Por sua vez, a representante das Organizações Eclesiais do Bañado
acrescentou que “aqui no Paraguai está a ser aplicada a política da pobreza que
consiste em excluir os pobres de qualquer tipo de atenção do Estado», tendo
sucessivamente feito um longo elenco das injustiças a que são vítimas as
populações pobres do Bañado Norte e do país em geral.
«Encontramo-nos
aqui na paróquia denominada Sagrada Família e confesso-vos que, ao longo do
caminho, tudo me fazia recordar a Sagrada Família. Ver os vossos rostos, os vossos
filhos, os vossos avós. Ouvir as vossas histórias e tudo o que fizestes para
estar aqui, a luta que travais para ter uma vida digna, um tecto. Tudo o que
fazeis para superar a inclemência do tempo, as inundações destas últimas
semanas, faz-me recordar a família humilde de Belém. Uma luta que não vos
roubou o sorriso, a alegria, a esperança. Uma peleja que não vos impediu a
solidariedade, antes, pelo contrário, estimulou-a e fê-la crescer» disse por
sua vez, Francisco na sua breve alocução focalizada na vida da Sagrada Família
de Belém.
Os
membros da Sagrada Família, observou o Santo Padre, tiveram de deixar a
sua terra, os seus parentes, os seus amigos. Tiveram de deixar o que lhes
pertencia e deslocar-se a outra terra; uma terra onde não conheciam ninguém,
onde não tinham casa, nem família. Foi então que aquele jovem casal teve Jesus;
em tal contexto, aquele jovem casal deu-nos de presente Jesus. Estavam
sozinhos, numa terra estranha, os três. De repente, começaram a aparecer
pastores; pessoas como eles, que tiveram de deixar o que possuíam a fim de
obter melhores oportunidades familiares. Viviam sujeitos a inclemências de
vário tipo, nomeadamente as do tempo.
De
facto, quando os pastores ouviram falar do nascimento de Jesus, saíram ao seu
encontro, fizeram-se próximos, vizinhos. De repente, tornaram-se a família de Maria
e José, a família de Jesus.
«Acontece
o mesmo, quando Jesus aparece na nossa vida. É isto que desperta a fé. A fé
faz-nos próximos, aproxima-nos da vida dos outros. A fé desperta o nosso
compromisso, a nossa solidariedade. O nascimento de Jesus desperta a nossa
vida. A fé, que não se faz solidariedade, é uma fé doentia, morta, uma fé mentirosa
por ser uma fé sem Cristo, uma fé sem Deus, uma fé sem irmãos.»
O
primeiro a ser solidário – recordou Francisco - foi o Senhor, que
escolheu viver entre nós, escolheu viver no nosso meio. Por conseguinte,
prosseguiu o Santo Padre, “Eu venho como aqueles pastores de Belém. Quero
fazer-me próximo. Quero abençoar a vossa fé, abençoar as vossas mãos, abençoar
a vossa comunidade. Vim dar graças convosco, porque a fé se fez esperança, e
esperança que estimula o amor. A fé que Jesus desperta é uma fé com capacidade
de sonhar o futuro e de lutar por ele no presente. Por isso mesmo, quero encorajar-vos
a continuar a ser missionários, a contagiar com a fé estas ruas, estas vielas.
Fazendo-vos próximos especialmente dos mais jovens e dos idosos; fazendo-vos
apoio das famílias jovens e de quantos estão a atravessar momentos
difíceis ».
Quero
confiar as vossas famílias à Sagrada Família, para que o seu exemplo, o seu
testemunho continue a ser luz no caminho, estímulo nos momentos difíceis e
sempre nos dê de presente «pastores» capazes de acompanhar, apoiar e incentivar
a vida das vossas famílias concluiu dizendo Papa Francisco convidando à todos a
rezar juntos o Pai Nosso em língua espanhola e em língua guaraní. Francisco à
todos deu a sua bênção apostólica e pediu mais uma vez que não esqueçam de
rezar por Ele.
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