(RV) Depois
do encontro na Universidade Católica do Equador, o Papa Francisco
dirigiu-se para a antiga Igreja de S. Francisco, em Quito, onde se
encontrou com representantes do mundo empresarial, do voluntariado, do
desporto e uma representação dos índios da Amazónia. No adro da Igreja o
presidente do município de Quito entregou ao Santo Padre as chaves da
cidade.
Após ouvir alguns testemunhos dos quais destacamos o de uma
catequista de 85 anos representante do povo Montubio, o Papa ouviu
também uma pequena orquestra que incluía duas crianças com síndrome de
Down.
No seu discurso, o Papa Francisco, partindo do vínculo da família
como célula da sociedade, apresentou três valores sociais fundamentais:
gratuidade, solidariedade e subsidiariedade e através destes apelou para
a procura da inclusão e do bem comum.
Segundo o Santo Padre, “a gratuidade não é complementar, mas
requisito necessário da justiça. O que somos e temos foi-nos confiado
para o colocarmos ao serviço dos outros; a nossa tarefa é fazer com que
frutifique em boas obras. Os bens estão destinados a todos e, embora uma
pessoa ostente o seu título de propriedade, sobre eles pesa uma
hipoteca social. Assim o conceito económico de justiça, baseado no
princípio de compra-venda, é superado pelo conceito de justiça social,
que defende o direito fundamental da pessoa a uma vida digna.
Referindo-se, em particular à “exploração dos recursos naturais, tão
abundantes no Equador”, o Papa Francisco defendeu a Amazónia e os seus
povos:
“Hoje estão aqui connosco irmãos dos povos indígenas da Amazónia
Equatoriana; esta área é das “mais ricas em variedade de espécies, em
espécies endémicas, raras ou com menor grau de efetiva proteção. (…)
Requerem um cuidado particular pela sua enorme importância para o
ecossistema mundial [pois têm] uma biodiversidade de enorme
complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando
estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos,
em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se
em áridos desertos.” (cf. LS 37-38). Lá o Equador – juntamente com os
outros países detentores de franjas amazónicas – tem uma oportunidade
para exercer a pedagogia duma ecologia integral. Recebemos o mundo como
herança dos nossos pais, mas também como empréstimo das gerações
futuras, a quem o temos de devolver e melhorar e isto é gratuidade.”
É “da fraternidade vivida na família” que “nasce a solidariedade” –
afirmou o Papa considerando que ninguém pode ficar excluído ou
marginalizado. É necessária a participação de todos, em diálogo, para
“um desenvolvimento sustentável que gere um tecido social firme e bem
coeso”, para que seja promovida a inclusão num contexto de crise da
família, de concentração urbana, de consumismo e de emigração –
salientou o Santo Padre.
É também na família que se aprende o valor da subsidiariedade: “no
respeito da liberdade, a sociedade civil é chamada a promover cada
pessoa e agente social, para que possa assumir o seu papel e contribuir,
a partir da sua especificidade, para o bem comum” – frisou o Papa
Francisco acentuando a importância da participação de todos:
“… grupos indígenas, os afro-equatorianos, as mulheres, os grupos de
cidadãos e quantos trabalham para a comunidade nos serviços públicos são
protagonistas indispensáveis nesse diálogo. Não são espectadores.”
“Também a Igreja quer colaborar na busca do bem comum, com as suas
atividades sociais e educativas, promovendo os valores éticos e
espirituais, sendo um sinal profético que leve um raio de luz e
esperança a todos, especialmente aos mais necessitados” – afirmou o Papa
concluindo o seu discurso à sociedade civil do Equador reunida em Quito
na Igreja de S. Francisco. (RS)
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