(RV) Foi
na Catedral de La Paz que o Papa Francisco se encontrou com as
autoridades da Bolívia logo após uma visita de cortesia ao presidente
Morales no palácio presidencial.
No seu discurso o Papa Francisco começou por afirmar que todos os
presentes compartilham a vocação de trabalhar pelo bem comum, tendo
citado a definição deste conceito proposta pelo documento conciliar
Gaudium et Spes: “o conjunto das condições da vida social que permitem,
tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a
própria perfeição”.
Tomando como exemplo a beleza da paisagem natural e arquitetónica da
cidade de La Paz, o Santo Padre recordou o conceito de ecologia integral
proposto na sua Encíclica Laudato Sí:
“O ambiente natural e o ambiente social, político e económico estão
intimamente relacionados. Isto impõe-nos estabelecer as bases duma
ecologia integral.”
O Santo Padre afirmou ainda que “se a política se deixa dominar pela
especulação financeira, ou a economia se deixa reger apenas pelo
paradigma tecnocrático e utilitarista da produção máxima, não poderão
sequer compreender – e muito menos resolver – os grandes problemas que
afetam a humanidade.”
É necessária “uma educação ética e moral, que cultive atitudes de
solidariedade e corresponsabilidade entre as pessoas” – salientou o Papa
que advertiu: “Não nos habituemos ao ambiente da desigualdade
confundindo o bem comum com o bem-estar”.
O bem-estar pode levar ao consumismo – disse o Santo Padre – que por sua vez pode criar conflitos e “desintegração social”.
Desta forma, os cristãos são chamados na sociedade a serem “fermento
no povo”, incentivando “a germinação da espiritualidade” e o
“compromisso” nas “obras sociais”.
Em particular, o Papa Francisco sublinhou o papel da família ameaçada
por vários problemas sociais e por “pseudo-soluções” que evidenciam uma
clara “colonização ideológica”.
O Santo Padre falou ainda de diplomacia referindo-se à questão do
acesso ao mar que os bolivianos reclamam do Chile. Considerou ser
necessário diálogo para evitar “conflitos entre povos irmãos” da América
Latina.
Falando especificamente da Bolívia, o Papa considerou que este país
vive um momento histórico: “a política, o mundo da cultura, as religiões
fazem parte deste estupendo desafio da unidade. Nesta terra, onde a
exploração, a ganância e variados egoísmos e perspetivas sectárias
ensombraram a sua história, hoje pode ser o tempo da integração” –
afirmou o Santo Padre que concluiu o seu discurso pedindo para que rezem
por ele.
Após o encontro com as autoridades da Bolívia o Papa Francisco viajou
para a cidade de Santa Cruz de la Sierra, estando, assim, menos de 4
horas na cidade de La Paz para evitar os efeitos da altitude de mais de
3600 metros. (RS)
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