Milhares de fiéis participaram da Missa com o Papa na Base Aérea Las Palmas (AFP or licensors) |
“Hoje o Senhor chama-te a atravessar com
Ele a cidade, a tua cidade. Chama-te a ser seu discípulo missionário,
tornando-te assim participante desse grande sussurro que quer continuar a
ressoar nos mais variados ângulos da nossa vida: Alegra-te, o Senhor
está contigo!”
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco despediu-se do Peru com a celebração de uma Missa para milhares de fiéis na Base Aérea Las Palmas.
Na sua homilia, Francisco afirmou que Jesus chama-mos para atravessar
as nossas cidades com Ele, como discípulos missionários, tornando-nos
participantes “do grande sussurro que quer continuar a ressoar nos mais
variados ângulos de nossa vida: Alegra-te, o Senhor está contigo!”.
“Como acenderemos a esperança, se faltam profetas? Como enfrentaremos
o futuro, se nos falta unidade? Como chegará Jesus a tantos lugares, se
faltam ousadas e válidas testemunhas?”, perguntou.
Referindo-se ao Profeta Jonas, o Papa diz que diante das situações de
sofrimento e injustiça que se repetem no dia-a-dia, podemos
experimentar “a tentação de fugir, de nos escondermos, de desertar. E
razões não faltam nem a Jonas, nem a nós”.
Nas cidades e bairros “que poderiam ser lugares de encontro e
solidariedade, de alegria”, constatamos que “há tantos “não-cidadãos”,
os “meio-cidadãos” ou os “resíduos urbanos”» que se encontram na beira
dos nossos caminhos, que vão viver à margem das nossas cidades sem
condições necessárias para levar uma vida digna, e custa ver que muitas
vezes, entre estes «resíduos» humanos, se encontram rostos de tantas
crianças e adolescentes; se encontra o rosto do futuro”.
E ao vermos isto, é gerada em nós “o que poderíamos chamar a síndrome de Jonas: um espaço irreal, para onde fugir:
Francisco traz uma citação de Bento XVI, quando diz que «a grandeza
da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e
com quem sofre. (…) Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem
e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o
sofrimento seja partilhado e assumido mesmo interiormente é uma
sociedade cruel e desumana».
Ao contrário de Jonas que foge diante da dor, “Jesus, perante um
acontecimento doloroso e injusto como foi a prisão de João, entra na
cidade, entra na Galileia e começa, partindo daquela insignificante
população, a semear o que seria o início da maior esperança: o Reino de
Deus está perto, Deus está no meio de nós”.
E esta mensagem encontrou eco nos discípulos, passou por vários
Santos - como Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São Martinho de Porres,
São João Macías, São Francisco Solano – até chegar a nós, para nos
comprometer novamente, “como um antídoto renovado, contra a globalização
da indiferença. Com efeito, perante este Amor, não se pode ficar
indiferente”.
E faz isto “à maneira divina, suscitando a ternura e o amor
misericordioso, suscitando a compaixão e abrindo os seus olhos para
aprenderem a ver a realidade à maneira divina. Convida-os a gerar novos
vínculos, novas alianças portadoras de eternidade”.
“Jesus – disse Francisco - atravessa a cidade com os seus
discípulos e começa a ver, a escutar, a prestar atenção àqueles que
sucumbiram sob o manto da indiferença, lapidados pelo grave pecado da
corrupção”:
“Começa a desvendar muitas situações que sufocavam a esperança do seu
povo, suscitando uma nova esperança. Chama os seus discípulos e
convida-os a ir com Ele, convida-os a atravessar a cidade, mas muda-lhes
o ritmo, ensina-os a fixarem o que até agora passavam por alto,
indica-lhes novas urgências. Convertei-vos: dizia-lhes Ele.”
E Jesus, “continua a atravessar as nossas estradas”, “a bater às
portas, a bater aos corações para reacender a esperança e os anseios”:
“Que a degradação seja superada pela fraternidade, a injustiça
vencida pela solidariedade e a violência apagada com as armas da paz.
Jesus continua a chamar e quer ungir-nos com o seu Espírito para que
também nós saiamos para ungir com esta unção capaz de curar a esperança
ferida e renovar o nosso olhar”.
“Deus não Se cansa nem Se cansará de andar para chegar junto dos seus
filhos. Como acenderemos a esperança, se faltam profetas? Como
enfrentaremos o futuro, se nos falta unidade? Como chegará Jesus a
tantos lugares, se faltam ousadas e válidas testemunhas?”.
“Hoje o Senhor chama-te a atravessar com Ele a cidade, a tua cidade.
Chama-te a ser seu discípulo missionário, tornando-te assim participante
desse grande sussurro que quer continuar a ressoar nos mais variados
ângulos da nossa vida: Alegra-te, o Senhor está contigo!
Veja um trecho da homilia do Santo Padre
VATICAN NEWS
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