Papa coroa imagem de Nossa Senhora do Monte Carmelo (AFP or licensors) |
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Primeira Missa celebrada em terras chilenas
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Primeira Missa celebrada em terras chilenas
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Cidade do Vaticano
“As Bem-aventuranças são aquele novo dia para quantos continuam a apostar no futuro, continuam a sonhar, continuam a deixar-se tocar e impelir pelo Espírito de Deus.
Na Missa celebrada na manhã desta terça-feira no Parque O’Higgins, em
Santiago, o Papa Francisco falou das Bem-aventuranças, sublinhando as
atitudes de “construir a paz” e acreditar nas possibilidades de mudança.
Foi o primeiro grande encontro de Francisco com os fiéis chilenos, no
parque intitulado a um dos Pais fundadores do Chile, e ocupando no
centro de Santiago uma área de 770mil m². Segundo as autoridades, 400
mil pessoas participaram da celebração.
A multidão que seguia Jesus, encontra no seu olhar “o eco das suas
buscas e aspirações, disse o Papa no início de sua homilia. De tal
encontro, nasce este elenco de Bem-aventuranças, o horizonte para o qual
somos convidados e desafiados a caminhar”.
“A primeira atitude de Jesus é ver, fixar o rosto dos seus, observou o
Papa, referindo-se ao Evangelho de Mateus. Aqueles rostos põem em
movimento o entranhado amor de Deus. Não foram ideias nem conceitos que
moveram Jesus; foram os rostos, as pessoas. É a vida que clama pela
Vida, que o Pai nos quer transmitir”.
Francisco explica que as “Bem-aventuranças não nascem de uma atitude
passiva perante a realidade, nem podem nascer de um espetador que se
limite a ser um triste autor de estatísticas do que acontece”.
“Não nascem dos profetas de desgraças, que se contentam em semear
deceções; nem de miragens que nos prometem a felicidade com um
«clique», num abrir e fechar de olhos. Pelo contrário”:
“As Bem-aventuranças nascem do coração compassivo de Jesus, que se
encontra com o coração de homens e mulheres que desejam e anseiam por
uma vida feliz; de homens e mulheres que conhecem o sofrimento, que
conhecem a frustração e a angústia geradas quando «o chão lhes treme
debaixo dos pés» ou «os sonhos acabam submersos» e se arruína o trabalho
duma vida inteira; mas conhecem ainda mais a tenacidade e a luta para
continuar para diante; conhecem ainda mais o reconstruir e o recomeçar.
E “como é perito o coração chileno em reconstruções e novos
inícios!”, exclamou o Papa, “vocès são peritos em levantarem-se depois de
tantas derrocadas! A este coração, faz apelo a Jesus; para este coração
são as Bem-aventuranças!”
Francisco prossegue explicando que “as Bem-aventuranças não nascem
de atitudes de crítica fácil nem do «palavreado barato» daqueles que
julgam saber tudo, mas não se querem comprometer com nada nem com
ninguém, acabando assim por bloquear toda a possibilidade de gerar
processos de transformação e reconstrução nas nossas comunidades, na
nossa vida”.
"As Bem-aventuranças nascem do coração misericordioso, que não se
cansa de esperar; antes, experimenta que a esperança «é o novo dia, a
extirpação da imobilidade, a sacudidela duma prostração negativa», enfatizou, usando uma frade de Pablo Neruda.
Francisco explica que quando Jesus diz bem-aventurado “o pobre, o que chorou, o aflito, o que sofre, o que perdoou, vem extirpar a imobilidade
paralisadora de quem pensa que as coisas não podem mudar, de quem
deixou de crer no poder transformador de Deus Pai e nos seus irmãos,
especialmente nos seus irmãos mais frágeis, nos seus irmãos
descartados”:
“Jesus, quando proclama as Bem-aventuranças vem sacudir aquela
prostração negativa chamada resignação que nos faz crer que se pode
viver melhor, se evitarmos os problemas, se fugirmos dos outros, se nos
escondermos ou fecharmos nas nossas comodidades, se nos adormentarmos
num consumismo tranquilizador. Aquela resignação que nos leva a
isolar-nos de todos, a dividir-nos, a separar-nos, a fazer-nos cegos
perante a vida e o sofrimento dos outros”.
“As Bem-aventuranças são aquele novo dia para quantos continuam a apostar no futuro, continuam a sonhar, continuam a deixar-se tocar e impelir pelo Espírito de Deus.
“Bem-aventurados vocês que se deixam contagiar pelo Espírito de Deus, lutando e trabalhando por este novo dia, por este novo Chile, porque vosso será o reino do Céu”, disse o Papa aos fiéis chilenos.
Francisco ressalta que perante a resignação que, “como uma rude
zoada, mina os nossos laços vitais e nos divide, Jesus diz-nos:
bem-aventurados aqueles que se comprometem em prol da reconciliação”:
“Felizes aqueles que são capazes de sujar as mãos e trabalhar para
que outros vivam em paz.
Felizes aqueles que se esforçam por não semear
divisão. Desta forma, a bem-aventurança faz-nos artífices de paz;
convida a empenhar-nos para que o espírito da reconciliação ganhe espaço
entre nós. Queres ser ditoso? Queres felicidade? Felizes aqueles que
trabalham para que outros possam ter uma vida ditosa. Queres paz?
Trabalha pela paz.”
Francisco disse não poder deixar de evocar “o grande Pastor
que teve Santiago” – referindo-se ao Cardeal Raúl Silva Henríquez Silva –
que num Te Deum disse «“Se queres a paz, trabalha pela justiça”
(...). E se alguém nos perguntar: “Que é a justiça?” ou se porventura
consiste apenas em “não roubar”, dir-lhe-emos que existe outra justiça: a
que exige que todo o homem seja tratado como homem».
“Semear a paz à força de proximidade, de vizinhança; à força de
sair de casa e observar os rostos, de ir ao encontro de quem se encontra
em dificuldade, de quem não foi tratado como pessoa, como um digno
filho desta terra. Esta é a única maneira que temos para tecer um futuro
de paz, para tecer de novo uma realidade sempre passível de se
desfiar”.
O obreiro de paz – observou o Papa - sabe que muitas vezes “é
necessário superar mesquinhezes e ambições, grandes ou subtis, que nascem
da pretensão de crescer e «tornar-se famoso», de ganhar prestígio à
custa dos outros”.
“O obreiro de paz sabe que não basta dizer «não faço mal a ninguém»,
pois, como dizia Santo Alberto Hurtado: «Está muito bem não fazer o mal,
mas está muito mal não fazer o bem».
“Construir a paz é um processo que nos congrega, estimulando a nossa
criatividade para criar relações capazes de ver no meu vizinho, não um
estranho ou um desconhecido, mas um filho desta terra”.
Que a Virgem Imaculada “nos ajude a viver e a desejar o espírito das
Bem-aventuranças, para que, em todos os cantos desta cidade, se ouça
como um sussurro: «Bem-aventurados os obreiros de paz, porque serão
chamados filhos de Deus».
Após a homilia, o Papa Francisco coroou a Imagem da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Missa no Parque O'Higgins
VATICAN NEWS
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