Participantes da Plenária da Congregação da Doutrina da Fé recebidos pelo Papa no Vaticano (Vatican Media) |
Segundo o Pontífice, “é claro que onde a
vida não vale pela sua dignidade, mas pela sua eficiência e produtividade,
tudo se torna possível".
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, esta sexta-feira
(26/01), os participantes da plenária da Congregação para a Doutrina da
Fé.
O Santo Padre agradeceu-lhes pelo compromisso cotidiano de apoio ao
magistério dos bispos, pela tutela da retidão da fé e da santidade dos
Sacramentos, e pela atenção a todas as questões que hoje requerem um
discernimento pastoral importante, como examinar casos relativos a
delitos graves e pedidos de dissolução do vínculo matrimonial a favor
da fé.
Segundo o Papa, “essas tarefas são ainda mais atuais diante do
horizonte, cada vez mais fluido e mutável, que caracteriza a
autocompreensão do homem de hoje e influi nas suas escolhas existenciais e
éticas".
Francisco reconheceu o esforço da Congregação para a Doutrina da Fé
no estudo “acerca de alguns aspetos da salvação cristã, com o objetivo
de reafirmar o significado da redenção”, tendo como referência algumas tendências que expressam um individualismo que confia nas próprias forças para salvar-se.
“Acreditamos que a salvação consiste na comunhão com Cristo
ressuscitado que, graças ao dom de seu Espírito, nos introduziu numa
nova ordem de relações com o Pai e entre os homens”, afirmou o Papa.
Francisco recordou também o estudo realizado pelo organismo sobre as implicações éticas de uma antropologia adequada no campo económico-financeiro.
“Somente uma visão do ser humano como pessoa, ou seja, como sujeito
essencialmente de relação e dotado de uma racionalidade peculiar e
ampla, é capaz de agir conforme a ordem objetiva da moral. O Magistério
da Igreja reiterou sempre com clareza, a esse propósito, em que a atividade
económica deve ser conduzida segundo as leis e os métodos próprios da
economia, mas no âmbito da ordem moral.”
O Papa recordou que nessa assembleia os participantes debateram também a questão delicada do acompanhamento dos doentes terminais.
Segundo o Pontífice, “é claro que onde a vida não vale poela sua
dignidade, mas pela sua eficiência e produtividade, tudo se torna
possível. Nesse cenário é preciso reiterar que a vida humana, desde a
concepção até à morte natural, possui uma dignidade que a torna
intangível”.
Para Francisco, “a dor, o sofrimento, o sentido da vida e da morte
são realidades que a mentalidade atual luta para enfrentar com um olhar
cheio de esperança. Sem uma esperança confiável que ajude o homem a
enfrentar também a dor e a morte, ele não consegue viver bem e conservar
uma perspectiva confiante diante de seu futuro. Este é um dos serviços que a Igreja é chamada a prestar ao homem atual”.
O Papa concluiu o discurso, afirmando que a missão da Congregação para a Doutrina da Fé é eminentemente pastoral.
Segundo o Papa, “autenticamente pastoral é toda ação que pega no ser
humano pela mão quando ele perdeu o sentido da sua dignidade e destino,
para leva-lo com confiança a redescobrir o amor paterno de Deus, seu bom
destino, e os caminhos para construir um mundo mais humano”.
“Esta é a grande tarefa da Congregação para a Doutrina da Fé e toda instituição pastoral na Igreja”, concluiu Francisco.
VATICAN NEWS
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