Na Missa na Casa de Santa Marta, nesta terça-feira (31/03), o Papa dirigiu o seu pensamento àqueles que neste período não teem uma habitação. Na homilia, convidou a contemplar Jesus na cruz: o Senhor assumiu sobre si os nossos pecados para salvar-nos
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa de Santa Marta na manhã desta terça-feira (31/03) da V Semana da Quaresma. A Antífona de entrada é um encorajamento: “Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-s o teu coração; espera no Senhor” (Sl 26,14). Introduzindo a celebração, o Santo Padre pensou em quem não tem casa:
Rezemos hoje pelos sem teto, neste momento em que nos é pedido
para estar dentro de casa. Para que a sociedade de homens e mulheres se
dê conta desta realidade e os ajude, e a Igreja os acolha.
Na homilia, comentando as leituras do dia
extraídas do Livro dos Números (Nm 21,4-9) e do Evangelho de João (Jo
8,21-30), recordou que Jesus se fez pecado para nos salvar. Ele veio ao
mundo para assumir sobre si os nossos pecados: na cruz não faz finta de
sofrer e morrer. Contemplemos Jesus na cruz, e agradeçamos.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A serpente certamente não é um animal simpático: é
sempre associada ao mal. Também na Revelação a serpente é propriamente o animal
que o diabo usa para induzir ao pecado. No Apocalipse o diabo é chamado
de, a antiga serpente, aquela que desde o início morde, envenena,
destrói, mata. Por isso, daí não se pode sair. Se se quiser apresentar
como quem propõe coisas bonitas, são fantasias: nós acreditamos nelas e
desse modo pecamos. Foi isso o que aconteceu com o povo de Israel: não
suportou a viagem. Estava cansado. E o povo disse contra Deus e contra
Moisés. É sempre a mesma música, não? “Por que nos fizestes sair do
Egpto para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já estamos
com nojo desse alimento miserável, o maná”. E a imaginação – lemos há dias
atrás – dirige-se sempre ao Egipto: “Mas, ali estávamos bem, comíamos
bem..”. E também, parece que o Senhor não suportou o povo, neste
momento. Irritou-se: a ira de Deus, por vezes, mostra-se... E então o
Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas, que os mordiam e
morriam. “Morreu muita gente em Israel”. Naquele momento, a serpente é
sempre a imagem do mal: o povo vê na serpente o pecado, vê na serpente
aquilo que fez, o mal. E vai ter com Moisés e diz-lhe: “Pecamos, falando
contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós as
serpentes”. Arrepende-se. Esta é a história no deserto. Moisés
intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: “Faz uma serpente
abrasadora e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido
e olhar para ela viverá”.
Eu venho a pensar: mas isso não é uma idolatria? Há a serpente
ali, um ídolo, que me dá a saúde... Não se entende. Logicamente, não se
entende, porque esta é uma profecia, este é um anúncio daquilo que
acontecerá. Porque ouvimos também como profecia próxima, no Evangelho:
“Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e
que nada faço por mim mesmo”. Jesus elevado: na cruz. Moisés faz uma
serpente e eleva-a. Jesus será elevado, como a serpente, para dar a
salvação. Mas o núcleo da profecia é propriamente que Jesus se fez
pecado por nós. Não tem pecado: se fez-se pecado. Como diz São Pedro na
segunda Carta: “Assumiu sobre si os nossos pecados”. E quando nós
olhamos para o crucifixo, pensamos no Senhor que sofre: tudo aquilo é
verdade. Mas detemo-nos antes de chegar ao centro daquela verdade:
neste momento, Tu pareces o maior pecador, Fizeste-te pecado. Assumiu
sobre si todos os nossos pecados, aniquilou-se até agora.
A cruz, é verdade, é um suplício, há ali a vingança dos doutores da
Lei, daqueles que não queriam Jesus: tudo isto é verdade. Mas a verdade
que vem de Deus é que Ele veio ao mundo para assumir sobre si os nossos
pecados ao ponto de fazer-se pecado. Todo pecado. Os nossos pecados
estão ali.
Devemos acostumar-nos a olhar sob esta luz, que é a mais
verdadeira, é a luz da redenção. Em Jesus feito pecado vemos a derrota
total de Cristo. Não faz finta de morrer, não faz finta de não sofrer,
sozinho, abandonado... “Pai, porque me abandonaste? Uma serpente: eu sou
elevado como uma serpente, como aquele que é todo pecado.
Não é fácil entender isto e, se pensarmos, jamais chegaremos a uma conclusão. Somente, contemplar, rezar e agradecer.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento
do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós.
Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde,
ao menos espiritualmente, ao meu coração. Abraço-me convosco como se já
estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que
torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma
antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”).
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