O Papa Francisco no Angelus, neste domingo (22/03) na Biblioteca do Palácio Apostólico
“O pecado é como
um véu escuro que cobre o nosso rosto e nos impede de nos vermos claramente e o mundo; o perdão do Senhor tira este manto de sombra e de
treva e restitui-nos nova luz. Que a Quaresma que estamos a viver seja
tempo oportuno e precioso para aproximar-nos do Senhor, pedindo a sua
misericórdia, nas várias formas que a Mãe Igreja nos propõe”, disse o
Papa Francisco no Angelu, neste dia 22 de março, IV Domingo da Quaresma
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recitou a oração do Angelus ao meio-dia deste
domingo (22/03), na Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano,
neste período em que a Praça de São Pedro se encontra fechada, medida
adotada no âmbito das restrições feitas para evitar aglomerações de
pessoas durante a pandemia do coronavírus.
Na alocução que precedeu a oração mariana, o Santo Padre apoiou-se no
Evangelho deste IV Domingo da Quaresma, em que a Igreja celebra “Cristo,
luz para as nossas trevas”. De facto, no centro desta liturgia dominical
encontra-se o tema da luz.
Cristo, luz do mundo
O Evangelho (Jo 9,1-41) conta o episódio do homem cego de
nascença, ao qual Jesus dá a vista. Este sinal milagroso é a confirmação
da afirmação de Jesus que diz de si: “Eu sou a luz do mundo”, a luz
que ilumina as nossas trevas”, ressaltou o Pontífice.
Francisco observou que Jesus opera a iluminação em dois níveis: “um
físico e um espiritual: o cego primeiro recebe a vista dos olhos e
depois é levado à fé no ‘Filho do homem’, ou seja, em Jesus. Os
prodígios que Ele realiza não são gestos espetaculares, mas têm a
finalidade de levar à fé através de um caminho de transformação
interior”.
Os fariseus e os doutores da lei obstinam-se a não admitir o milagre,
e dirigem perguntas insidiosas ao homem curado. Mas, acrescentou o
Santo Padre, ele desconcerta-os com a força da realidade: “uma coisa eu
sei: era cego e agora vejo”.
A confissão de fé
No meio da indiferença e a hostilidade daqueles que o circundam e o
interrogam incrédulos, ele realiza um itinerário que o leva gradualmente
a descobrir a identidade d’Aquele que lhe abriu os olhos e a confessar a
fé n’Ele.
“Primeiro considera-o um profeta; depois o reconhece como alguém
que vem de Deus; por fim, acolhe-o como o Messias e prostra-se diante
d’Ele. Entendeu que tendo-lhe dado a vista Jesus ‘manifestou as obras de
Deus’.”
“Que também nós possamos fazer esta experiência!”, exortou o Papa.
Com a luz da fé aquele que era cego descobre a sua nova identidade. Ele
já é uma “nova criatura”, capaz de ver numa nova luz a sua vida e o
mundo que o circunda, porque entrou em comunhão com Cristo.
Percurso de libertação do pecado ao qual somos chamados
“Não é mais um mendigo marginalizado pela comunidade; não é mais
escravo da cegueira e do preconceito. O seu caminho de iluminação é
metáfora do percurso de libertação do pecado ao qual somos chamados”,
afirmou o Pontífice.
“O pecado é como um véu escuro que cobre o nosso rosto e impede-nos de ver claramente a nós mesmos e o mundo; o perdão do Senhor tira
este manto de sombra e de treva e restitui-nos nova luz. Que a Quaresma
que estamos a viver seja tempo oportuno e precioso para aproxim-mo-nos do
Senhor, pedindo a sua misericórdia, nas várias formas que a Mãe Igreja
nos propõe.”
Não basta receber a luz, é preciso tornar-se luz
O cego curado, que vê tanto com os olhos do corpo, como com os da
alma, “é imagem de todo o batizado, que imerso na Graça foi arrancado das
trevas e colocado na luz da fé. Mas não basta receber a luz, é preciso
tornar-se luz”, disse o Santo Padre, acrescentando que “cada um de nós é
chamado a acolher a luz divina para manifestá-la com toda a própria
vida”.
“A semente de vida nova colocada em nós no Batismo é como centelha
de um fogo, qu nos purifica, sobretudo, queimando o mal que temos no
coração, e permite-nos brilhar e iluminar.”
“Que Maria Santíssima nos ajude a imitar o homem cego do Evangelho,
de modo que possamos ser inundados pela luz de Cristo e trilhar com Ele
no caminho da salvação”, disse ainda o Pontífice, concluindo a alocução
que precedeu a oração mariana.
VN
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