Deus decidiu colocar-Se de quarentena.
Não que o vírus pudesse alguma
coisa contra Ele, mas quis estar com os seus, assim, confinado entre paredes.
Um Deus confinado entre
paredes!
Uma impossibilidade, algo que
não pode acontecer, porque Deus não cabe em lado nenhum, ou melhor, cabe em
todo o lado, mas excede todas as dimensões.
Deus não quer “transmitir” o
vírus e como tal torna-se omnipresente em todas as casas, lares, locais onde
haja um filho seu.
É que Deus não se desloca!
Deus está!
E assim vai vivendo connosco
cada momento, vendo as nossas televisões, partilhando as nossas refeições, as
nossas conversas, os nossos receios e até quem sabe, as nossas discussões.
E Ele que tudo pode, vai
fazendo de cada momento uma oração, uma súplica, uma acção de graças, um
louvor, uma adoração.
Cada “oh meu Deus”, ou “Deus
me valha”, vai directo ao seu coração e Ele abre o Seu sorriso e diz ao nosso
coração: Estou aqui! Estou aqui! Não temas!
Um Deus de quarentena!!!
«Onde estiverem um ou dois em
Meu nome…»
E Ele ali está de quarentena,
como e com cada um de nós!
Mas precisamente por Ele estar
connosco é que esta é a quarentena mais livre que existe, porque é a quarentena
do sim, a quarentena da Anunciação de Maria, a quarentena do “Faça-se segundo a
Tua vontade…”.
E ser livre é dizer sim, (como
nos dizia Bento XVI), porque o sim constrói, une, dá vida.
Por isso a minha quarentena, a
nossa quarentena é livre, é liberdade, porque é vivida no Sim a Deus, porque é
vivida no «Faça-se segundo a Tua vontade».
Marinha Grande 25 de Março de
2020
Joaquim Mexia Alves
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