Partilhamos convosco o sofrimento de não poder
celebrar com o povo. Nem por isso deixamos de viver a Santa Quaresma,
ainda que sem as manifestações habituais de piedade, tão fortes e
expressivas como são. Quando as pudermos retomar noutros anos, ainda
mais fortes e conversoras hão de ser! O mesmo acontecerá no tempo pascal
que se aproxima, que certamente será vivido com iguais limitações, mas
não menos fervor.
No pensamento e na oração, temos muito
presentes a cada um de vós, com especial lembrança dos mais idosos ou
doentes. Contai com isso, certos de que a oração sacerdotal e recíproca é
a alma do nosso presbitério.
É muito consolador o conhecimento
que vamos tendo dos muitos modos como viveis este tempo e continuais a
acompanhar os fiéis que vos estão confiados. Assim o fazeis pela oração e
por muitas conexões de telefone, internet e outros meios, com que
superais a inevitável separação física por várias formas criativas de
contacto.
O que vamos sabendo destas iniciativas, da parte do
clero secular e regular da Diocese, deixa-nos a convicção de que se
ganham novos hábitos para o trabalho pastoral futuro, mesmo quando a
normalidade regressar e como regressar. Assim se articularão as várias
formas de vida eclesial, complementando a indispensável presença física
com outros contactos já viáveis. Não por acaso, uma das imagens
evangélicas da Igreja é precisamente a da “rede”.
Chegam-nos
felizes notícias de tempos de oração sacerdotal e de encontro pastoral
pela internet ou telefone, intensificando ou mantendo o cuidado mútuo e o
serviço dos fiéis. Igualmente sobre a vossa atenção aos mais sós e
doentes, entre os vossos paroquianos ou outros, com mensagens que
enviais e telefonemas que fazeis. E o mesmo se diga do cuidado em
garantir o serviço de vários equipamentos socio-caritativos e dos
respetivos colaboradores.
Na verdade, este tempo difícil tem sido
da parte do presbitério de Lisboa uma ocasião de reforço da ação
pastoral, compensando a interrupção do habitual com a criação de um
futuro ainda mais rico, em possibilidades e meios. Entretanto, os
serviços diocesanos e as instituições a nós ligadas tudo farão para vos
apoiar no que for mais necessário e urgente. As possibilidades, como
sabeis, são limitadas, mas a boa vontade é certa.
Cremos também
que as atuais condições, limitando a ação pastoral direta, reforçam a
vossa qualidade sacerdotal. Redobram os motivos e o tempo de oração e
intercessão, como aconteceu nos momentos cruciais de Cristo, consagrados
ao Pai pela salvação de todos.
Caros irmãos sacerdotes, temo-vos
muito presentes nestes dias já tão próximos da Páscoa. A vós e aos
estimados diáconos a quem saudamos e agradecemos a generosa colaboração.
Não esquecendo os muitos que na vida consagrada ou laical, mantêm viva a
ação da Igreja de Cristo, comunidade a comunidade, perante as
dificuldades acrescidas. A todos manifestamos a absoluta certeza da
nossa oração e companhia!
Sobre o modo de celebrar durante a
Semana Santa e cumprindo o que está determinado pelas autoridades
públicas, seguiremos as indicações do Decreto da Congregação para o
Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 25 deste mês, que abaixo
se transcreve.
Para todos, a muita gratidão e estima dos vossos irmãos Bispos
+ Manuel Clemente
+ Joaquim Mendes+ Daniel Henriques+ Américo Aguiar
+ Joaquim Mendes+ Daniel Henriques+ Américo Aguiar
------------------
Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 25 de março de 2020
«…
Os Bispos e os Presbíteros celebrem os ritos da Semana Santa sem
concurso do povo e num lugar adequado, evitando a concelebração e
omitindo o gesto da paz. Os fiéis sejam avisados da hora de início das
celebrações, de modo a poder unir-se em oração nas suas próprias casas.
Poderão ajudar os meios de comunicação telemática em direto, não
gravados. Em todo o caso, continua a ser importante dedicar um tempo
oportuno à oração, valorizando, sobretudo, a Liturgia das Horas.
1 – Domingo de Ramos.
A Comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém deve celebrar-se dentro
do edifício sagrado; nas Igrejas Catedrais adote-se a segunda forma
prevista pelo Missal Romano, nas igrejas paroquiais e demais lugares, a terceira.
2 – Missa Crismal. [no Patriarcado de Lisboa é transferida para o inicio do próximo ano pastoral, em data a precisar.]
3 – Quinta–Feira Santa.
Omita-se o lava-pés, já de si facultativo. No final da Missa da Ceia do
Senhor omita-se também a procissão e guarde-se o Santíssimo Sacramento
no Sacrário. Neste dia, a título excecional, concede-se aos Presbíteros a
faculdade de celebrar a Missa sem o concurso de povo, em lugar
adequado.
4 – Sexta-Feira Santa. Na Oração
Universal, os Bispos terão o cuidado de preparar uma intenção especial
pelos que se encontram em perigo, os doentes e os defuntos (cf. Missal Romano). O ato de adoração à Cruz com o beijo seja limitado apenas ao celebrante.
5 – Vigília Pascal.
Celebra-se exclusivamente nas igrejas catedrais e paroquiais. Para a
Liturgia batismal, mantenha-se apenas a renovação das promessas
batismais (cf. Missal Romano).
Para os seminários, as residências sacerdotais, os mosteiros e as comunidades religiosas sigam-se as indicações deste Decreto.
As
expressões da piedade popular e as Procissões que enriquecem os dias da
Semana Santa e do Tríduo Pascal, a juízo do Bispo diocesano, poderão
ser transferidas para outros dias convenientes, por exemplo, 14 e 15 de
setembro.»
Patriarcado de Lisboa
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