Caríssimos: Depois da nota que vos
escrevi há dias e das indicações da Conferência Episcopal Portuguesa
sobre a suspensão da Santa Missa com povo, volto ao vosso encontro com
sentimentos e palavras de muita companhia e grande estima.
Aludo,
antes de mais, aos profissionais de saúde e a todos os que nos vários
serviços públicos, sociais ou privados trabalham diretamente para
prevenir e debelar a presente pandemia. Faço-o para agradecer a sua
dedicação e coragem, podendo estar certos do nosso apoio como
concidadãos e da nossa oração como crentes. Oração que os reforçará com
Deus, a bem da vida.
Dirijo-me igualmente aos irmãos sacerdotes,
sentindo com cada um deles a profunda tristeza de não poder celebrar com
a generalidade dos fiéis a Liturgia Quaresmal que se previa, tão forte e
espiritualmente fecunda. Sei, ainda assim, que as presentes limitações,
requeridas pelo bem de todos, nos fazem reviver os momentos mais
solitários de Jesus Cristo, que não deixaram de ser intensamente
sacerdotais e salvadores.
Agradeço a criatividade com que tantos
sacerdotes, diáconos e outros agentes pastorais têm usado as
possibilidades mediáticas para acompanhar o Povo de Deus. Verifico, com
igual gratidão, como se multiplicam nas famílias e noutros pequenos
grupos as iniciativas de oração biblicamente inspirada e de devoção
quaresmal. Recordo, a propósito, como nalgumas partes do mundo,
atingidas por calamidades naturais, bélicas ou sanitárias e mesmo com a
presença sacerdotal interrompida ou muito condicionada, as comunidades e
famílias persistiram na oração e até redescobriram o realismo da
promessa de Cristo: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,
eu estarei no meio deles» (Mt 18, 20).
Persistamos assim,
caríssimos, nas comunidades e famílias, na vida consagrada e pastoral.
Sobretudo agora, quando a nossa oração e solidariedade com os enfermos,
as suas famílias e os que estão na primeira linha do combate à pandemia
não podem faltar, nem faltarão.
Neste mês de março, as Solenidades
de São José (19) e da Anunciação do Senhor (25) recordam-nos vitalmente
as figuras essenciais do Guardião de Jesus e da Mãe que o concebeu e
acompanhou até à cruz, aí nos recebendo como seus filhos.- São José nos
guardará e a Mãe do Céu continuará a ser “Saúde dos Enfermos”!
Convosco, em oração e muita estima,
+ Manuel, Cardeal-Patriarca
Lisboa, 17 de março de 2020
Patriarcado de Lisboa
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