(RV) Depois da
visita esta manhã à Basílica Santa Maria Maior, onde confiou a Maria
Salus Popoli Romani a sua viagem apostólica ao México, o Papa Francisco
dirigiu-se à Basílica São João de Latrão, por ocasião do encontro com os
presbíteros romanos no início da Quaresma. Na sede da Diocese de Roma,
Francisco confessou alguns sacerdotes: “Nós – disse o Pontífice - não
somos príncipes, mas servidores das pessoas”.
Deus “perdoa sempre, perdoa tudo” – disse o Papa aos presbíteros
romanos, exortando-os a “entender as pessoas” e a perdoar. Ainda tanta
gente – recordou Francisco – sofre por problemas familiares, pela falta
de trabalho. Ainda hoje tantas pessoas não conseguem libertar-se do
pecado: “sempre encontram em nós um pai”.
Mesmo se às vezes “não se pode dar a absolvição – observou Francisco – que pelo menos sintam que existe um pai ali”:
“Eu não te dou o Sacramento mas te abençoo, porque Deus te quer bem;
não percas a coragem: segue em frente e volta aqui!”. Este é um pai, que
não deixa que o filho vá para longe”.
E devemos ser misericordiosos como o Pai: “Não maltratem as pessoas, acariciem-nas como nos acaricia Deus”.
As feridas devem ser curadas como faz num hospital o médico ou uma
enfermeira. Também os sacerdotes podem aliviar o sofrimento: “O carinho
da palavra de um padre faz tão bem, tão bem. Realiza milagres!”.
O Papa Francisco recorda as tantas vezes que Paulo VI, João Paulo II e
Bento XVI falaram sobre a misericórdia. “E é Deus – acrescentou – que
quer este Ano Santo da Misericórdia”:
“Se o Senhor quer um Jubileu da Misericórdia, é para que exista a
misericórdia na Igreja, para que os pecados sejam perdoados. E não é
fácil, porque a rigidez, muitas vezes, vem de nós. Somos rígidos ou
mandões”.
Se deve ter cuidado – advertiu ainda o Papa – com a doença do clericalismo:
“A doença do clericalismo....Todos! Todos! Também eu. Todos temos
isto....Não somos príncipes, não somos donos. Somos servidores das
pessoas”.
“A misericórdia é Jesus”, é o Pai que enviou Jesus:
“E se tu não acreditas que Deus veio na carne, és o anticristo. E isto não sou eu quem digo. É o apóstolo João”.
O Senhor – afirmou ainda o Papa – confiou esta missão aos sacerdotes
“precisamente para irem ajudar as pessoas, com humildade e
misericórdia”. A misericórdia é “Deus que se fez carne”. “É amor, abraço
do Pai, é ternura, é capacidade de entender, de colocar-se no lugar do
outro”. Assim, é preciso “ser generosos no perdão e também entender as
diversas linguagens das pessoas. Existe a linguagem das palavras, mas
também a linguagem dos gestos”:
“Quando uma pessoa vai ao confessionário, é porque sente que alguma
coisa não está bem, gostaria de mudar ou pedir perdão, mas não sabe como
dizê-lo e fica muda: “Se não falas, não posso te dar a absolvição”.
Não! Falou com o gesto de ir, e quando uma pessoa vai ao confessionário,
não é que queira ir, e certamente não gostaria de fazer o mesmo
novamente”. E se uma pessoa diz: “Eu não posso prometer isto”, porque “é
uma situação irreversível, mas existe um princípio moral: ad
impossibilia nemo tenetur” – explica o Papa – se é impossível que ele
entenda, mas sempre procura como perdoar”.
“Sede misericordiosos como o Pai – concluiu – grandes perdoadores. E
vos agradeço pelo trabalho que fazem, porque eu acredito que neste ano
haverá as horas extras que não vos serão pagas! (risos). Mas que o
Senhor nos dê a alegria de ter as horas extras de trabalho para sermos
misericordiosos como o Pai”. (BS/JE)
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