(RV) O Papa no
México recebeu o colhimento extraordinário de um povo que lhe manifestou
grande afecto e estima. Mas que mensagem deixa Francisco às pessoas
deste grande país latino-americano? Responde o Director da revista
'Civiltà Cattolica', Padre Antonio Spadaro:
“A mensagem do Papa é uma mensagem
que quer abrir esta sociedade, que às vezes vive resignada ou vive
oprimida por tensões ligadas à violência, ao narcotráfico... não há uma
esperança para os jovens. E então, o Papa diz: “Os jovens não são
somente a esperança da sociedade e da Igreja, mas são a sua riqueza”.
Interessante também o facto de que o Papa une a sabedoria ancestral do
México, rico de línguas, culturas diversas, a serem valorizadas –
portanto a sabedoria dos anciãos, dos antigos – e por outro lado diz que
a sociedade deve oferecer oportunidades de crescimento, porque de outra
forma esta riqueza, esta capacidade de expressar a riqueza, evapora.
Assim, é uma grande mensagem de fé, de fé no Senhor Jesus que é capaz de
salvar um povo, uma sociedade que vive em dificuldades e, ao mesmo
tempo, a valorização de uma energia da alma popular do México, do “modo
de viver mexicano”, como ele definiu”.
O centro permanece também Nossa
Senhora de Guadalupe. Um ponto de referência para todos os mexicanos,
crentes e também não crentes...
“Se considerarmos as três viagens que
o Papa Francisco fez nestes últimos meses a Cuba, Estados Unidos e
México, vemos que o ponto que as une é precisamente a devoção mariana: à
Nossa Senhora do Cobre, em Cuba, à Imaculada Conceição, em Washington e
à Nossa Senhora de Guadalupe, que é a Padroeira da América. A coisa
importante é o modo como o Papa vê Nossa Senhora de Guadalupe: é que
nela, ou melhor, em seus olhos, vê reflectido o povo. Isto é, o povo se
reflecte nos olhos de Nossa Senhora. Na pintura parece que nas pupilas
da Virgem, olhando no microscópio, é possível ver uma cena de pessoas
que estão diante dela. Então, esta relação filial com Maria vive do
facto que em seus olhos o povo pode se reflectir, se reconhecer”.
Na sua opinião, esta viagem serve também para encorajar a Igreja mexicana, para fazer com que ela se torne mais audaz?
“Certamente, o Papa solicitou muito à
Igreja local, com os seus discursos, mas também com uma dedicação que
encontrei no Seminário de Ecatepec. Naquele Seminário, o Papa assinou
uma dedicação dizendo: “Que possam ser pastores do povo fiel de Deus e
não clérigos do Estado”, e repetiu-a novamente aos religiosos. Como se
dissesse: Atenção, porque a Igreja corre o risco de não desempenhar o
seu papel estando nesta condição, caso se feche em si mesma,
reivindicando os próprios privilégios, os próprios direitos, tornando-se
em qualquer modo uma burocracia. Então, não: aqui existe a necessidade
de um envolvimento popular profundo. Nisto, o Papa foi absolutamente
claro. Portanto, um grande desafio para a Igreja, para a sociedade
civil, mas certamente para o papel que a Igreja tem dentro da
sociedade”. (BS/JE)
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