Cidade do Vaticano - Hoje, quinto domingo do tempo comum, o Papa
Francisco procedeu, às 12 horas de Roma, a celebração da oração mariana
do Ângelus na Praça de S. Pedro repleta de fiéis e peregrinos vindos de
diversas partes da Itália e do mundo para assistir a esta habitual cerimónia do
Ângelus.
Francisco iniciou a sua alocução comentando o Evangelho deste domingo (Lc
5, 1-11), sobre a narração da vocação dos primeiros discípulos de Jesus. O facto,
sublinhou Francisco, decorreu num contexto de vida quotidiana: na margem do
lago da Galileia estavam alguns pescadores, que após uma noite de pesca sem
resultado, estavam lavando e arrumando as redes. Eis então que Jesus sobe
na barca de um deles, Simão Pedro, pede-lhe que se afaste um pouco da
terra e depois sentou-Se e do barco inicia a sua pregação. Quando terminou de
falar disse então a Simão: “Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca”.
Simão, disse a Francisco tinha já conhecido Jesus e sobretudo tinha
experimentado a potência prodigiosa da sua palavra e por isso respondeu a Jesus
dizendo: “Mestre, andamos na faina toda a noite e não apanhamos nada, mas já que
o dizes, lançarei as redes”. Esta fé de Simão, sublinhou o Papa, não foi
desiludida, mas sim premiada. De facto, apanharam tão grande quantidade de
peixes que as redes começavam a romper-se.
Perante este evento extraordinário, observou ainda Francisco, os pescadores
encheram-se de admiração. Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: “Senhor,
afasta-Te de mim, que sou um homem pecador”. Aquele sinal prodigioso o tinha
convencido que Jesus não é só um grande Mestre, cuja palavra é verdadeira e
potente, mas Ele é o Senhor, é a manifestação de Deus. E esta presença, esta
proximidade, suscita em Pedro um forte sentido da mesquinhez e
indignidade. Do ponto de vista humano ele pensa que deve existir uma distância
entre o pecador e o Santo. Mas na verdade, sublinhou Francisco, próprio da sua
condição de pecador e requer que o Senhor não se afaste dele, do mesmo modo que
um médico não pode afartar-se de quem está doente.
Ora, a resposta de Jesus a Simon Pedro, disse o Santo Padre, é encorajadora
e decidida: “Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”. E de novo
Pedro, confiando na palavra de Jesus, deixou tudo e seguiu o Mestre e Senhor. O
mesmo fizeram Tiago e João filhos de Zebedeu que eram companheiros de Pedro.
“Esta é a lógica que orienta a missão de Jesus e a missão da Igreja: ir em
busca, “pescar” os homens e as mulheres para restituir a todos, a plenitude da
dignidade e da liberdade, mediante o perdão dos pecados. Isto é o essencial do
cristianismo, difundir o amor regenerador e gratuito de Deus, mediante atitudes
de acolhimento e de misericórdia para com todos, para que cada um possa
encontrar a ternura de Deus e ter a plenitude da vida”.
E neste caso, acrescentou ainda Francisco, penso sobretudo ao sentido da
misericórdia que deve animar todos os confessores ao exemplo dos Santos Pio da
Pietralcina e Leopoldo Mandic.
Eis então que o Evangelho de hoje conluíu dizendo-nos Francisco interpelando-nos
a questionar sobre o seguinte: confiamos realmente na palavra do Senhor ou
então deixamo-nos desencorajar pelas nossas falências? Neste ano da
misericórdia somos chamados a confortar todos aqueles que se sentem pecadores e
indignos perante Deus e desencorajados à causa dos próprios erros dizendo-lhes
as mesmas palavras de Jesus: “Não tema”. Possa a Virgem Maria ajudar-nos a
compreender cada dia mais que, ser discípulo significa pôr os nossos pés nas
sendas do Mestre, nas sendas da graça divina que regenera a vida de todos.
Após a recitação do Ângelus Francisco dirigiu um vibrante apelo em favor
das populações “da amada Síria” obrigadas a abandonarem tudo para fugir aos
horrores da guerra. “Faço votos, disse o Santo Padre, para que com generosa
solidariedade seja dada a ajuda necessária para garantir as populações a sua
sobrevivência e dignidade, enquanto faço apelo à Comunidade Internacional para
que não poupe nenhum esforço para levar com urgência à mesa das negociações as
partes em causa. Só uma solução política do conflito será capaz de garantir um
futuro de reconciliação e de paz a este caro país, para o qual peço a todos de
rezar muito”. E o Papa convidou aos presentes para rezarem juntos à Mãe do
Senhor pelas populações sírias.
Em seguida Francisco recordou que hoje em Itália, se celebra a Jornada para
a Vida, sob o tema “a misericórdia faz nascer a vida”. Unindo-se aos esforços
levados a cabo pelos Bispos italianos e pelos vários sujeitos institucionais,
educativos e sociais em favor da vida, Francisco disse que a “nossa sociedade
precisa de ser ajudada a sarar todos os atentados á vida, tendo a coragem de
observar uma mudança interior que se manifeste através das obras da
misericórdia.
O Papa recordou ainda que amanhã se celebra também a Jornada de Oração e de
reflexão sobre o tráfico humano e fez votos para que sejam empreendidos todos
os esforços no sentido pôr termo a este crime e a esta intolerável
vergonha.
Finalmente, Francisco, recordou aos presentes que amanhã se celebra em todo
o Extremo Oriente e em várias partes do mundo, o novo ano. O Papa aproveitou a
ocasião para dirigir os votos de paz e serenidade a todos sobretudo no seio das
próprias famílias que constituem o primeiro lugar no qual se vivem e se
transmitem valores do amor e da fraternidade, da convivência e da partilha, da
atenção e da cura do outro. Possa o novo anos acrescentou Francisco, trazer
frutos de compaixão, de misericórdia e de solidariedade.
E Francisco saudou todos os peregrinos, grupos paroquiais e associações
provenientes das diversas partes da Itália, mas também da Espanha, de Portugal
e tantos outros países, presentes na Praça de S. Pedro para assistir à
cerimónia da oração mariana do Ângelus deste quinto domingo do ano comum. De
todos se despediu pedindo que não se esqueçam de rezar por Ele e sobretudo pela
sua próxima viagem apostólica ao México e ao encontro que terá, no aeroporto de
Havana, em Cuba, com o “seu caríssimo irmão Kiril” Patriarca de Moscovo.
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