(RV) Celebra-se
nesta quinta-feira (11/02), o terceiro aniversário da renúncia ao
ministério petrino por parte de Bento XVI. Um gesto histórico que hoje
se pode ler com aprofundamento do seu significado graças ao Jubileu da
Misericórdia.
Entrevistado pela nossa emissora, o Presidente do Pontifício Conselho
para a Família, Dom Vincenzo Paglia, fala sobre esse evento.
“Não há dúvida de que tenha sido um grande gesto de amor pela Igreja,
um grande gesto de humildade diante deste mistério tão grande que a fé
do Papa Bento XVI olhava com a certeza de ter como guia o Espírito
Santo. Esta dimensão da misericórdia de Deus que sustenta a Igreja o
incentivou, por amor à Igreja, a renunciar, e de certo modo tornou ainda
mais ‘benta’, se assim posso dizer, a Porta Santa da Basílica de São
Pedro quando o Papa Francisco quis passar por ela junto com o Papa
emérito Bento XVI.”
Foi emocionante o momento em que Bento XVI, em 8 de dezembro, passou
pela Porta Santa como um simples fiel. Nós não vemos o Papa emérito, mas
sabemos que ele vive o Jubileu e o vimos neste momento inicial.
“Sim, exacto. Acredito que ele quis com este gesto visível dizer a
todos que o Jubileu é um gesto de fé profunda, que ele vive com aquela
dimensão espiritual, de primazia do amor e da oração que do ministério
petrino ele transferiu para o primado de estar de joelhos, debaixo da
Cruz, de estar em oração neste último período da sua vida. Um exemplo
extraordinário para todos aqueles que começam a percorrer os últimos
anos da própria existência. Realmente, é preciso envelhecer assim. É
preciso viver os últimos anos na oração, no recolhimento, no abrir o
coração para a Igreja universal, aliás, para o mundo inteiro. O Papa
Bento XVI nos indica a espiritualidade do idoso.”
Bento XVI na festa da Divina Misericórdia de 2010 disse: “A
misericórdia é o núcleo da mensagem do Evangelho, é o próprio nome de
Deus”, palavras que parecem recordar as mesmas do Papa Francisco. Sobre a
misericórdia existe uma grande continuidade. Obviamente, o pensamento
vai também a João Paulo II.
“Sim, eu iria ainda mais além, quando São João XXIII disse que
‘chegou o tempo da misericórdia’, com o Concílio. Não há dúvida que
depois o Papa Paulo VI indicou o Concílio como o Bom Samaritano para o
nosso mundo morto: também ali é a misericórdia de Deus que se inclina.
São João Paulo II escreveu uma Encíclica, além de instituir o Domingo da
Misericórdia, depois da Páscoa. O Papa Bento XVI escreveu a sua
primeira Encíclica sobre o amor: “Deus caritas est”. Eis porque penso
que este tema da misericórdia de João XXIII vai até o Papa Francisco.
Ser misericordiosos é uma maneira de sentir a Igreja, um modo de
vivê-la”. (BS/MJ)
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