A Universidade
Sophia foi fundada pelos jesuítas, em 1913, mas a sua origem remonta a
mais de 450 anos, quando o missionário Francisco Xavier chegou ao Japão,
em 1549, com a ideia de difundir o cristianismo e criar uma
universidade.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
Depois de despedir-se da Nunciatura Apostólica na manhã desta terça-feira, 26, o Papa Francisco deslocou-se até a Sophia University,
em Tóquio, onde celebrou com membros da Companhia de Jesus na Capela do
Kulturzentrum. Seguiu-se o café da manhã e o encontro privado com o
Colegio Maximo no refeitório, a visita aos sacerdotes idosos e enfermos,
e por discursou no auditório.
A instituição foi fundada pelos jesuítas em 1913, mas a sua origem
remonta a mais de 450 anos, quando o missionário Francisco Xavier chegou
ao Japão, em 1549, com a ideia de difundir o cristianismo e criar uma
universidade. O projetoda criação deste centro de estudos teve início, em
1908, quando, por vontade do Papa Pio X, três sacerdotes jesuítas
desembarcaram no Japão para abrir, cinco anos depois, a primeira
universidade católica do país.
O Santo Padre sublinhou que foi testemunha da estima geral pela
Igreja Católica, e espera que este respeito mútuo possa aumentar no
futuro. “Notei também que, apesar da eficiência e da ordem que a
caracterizam, a sociedade japonesa deseja e procura algo mais: um anseio
profundo de criar uma sociedade cada vez mais humana, compassiva e
misericordiosa”, disse ele.
O Papa frisou que “o estudo e a meditação fazem parte de todas as
culturas, sendo a cultura japonesa orgulhosa do seu antigo e rico
património a tal respeito. O Japão conseguiu integrar o pensamento e as
religiões da Ásia no seu conjunto e criar uma cultura com identidade
específica”.
Francisco citou a Escola Ashikaga como exemplo “da capacidade que
possui a cultura japonesa de absorver e transmitir o conhecimento. Os
centros de estudo, meditação e pesquisa continuam a desempenhar um papel
importante na cultura atual. Por este motivo, é necessário que
mantenham a sua autonomia e liberdade, como penhor dum futuro melhor”.
Segundo o Pontífice, “numa sociedade tão competitiva e
tecnologicamente orientada, esta Universidade deveria ser não só um
centro de formação intelectual, mas também um local onde modelar uma
sociedade melhor e um futuro mais esperançoso. E acrescentaria – no
espírito da encíclica Laudato si’ – que o amor à natureza,
tão típico das culturas asiáticas, aqui devia-se expressar numa lúcida e
previdente preocupação pela proteção da terra, nossa casa comum;
preocupação que possa conjugar-se com a promoção duma nova ciência capaz
de questionar e fazer expandir qualquer tentativa reducionista por
parte do paradigma tecnocrático”.
A Universidade Sophia distinguiu-se sempre por uma identidade humanista, cristã e internacional.
"Desde a sua fundação, a Universidade foi enriquecida pela presença
de professores provenientes de vários países, às vezes até de países em
conflito entre si. Mas todos estavam unidos pelo desejo de dar o melhor
aos jovens do Japão. O mesmo espírito perdura também nas várias formas
com que vocês prestam ajuda àqueles que mais precisam, aqui e no
exterior", disse o Pontífice, acrescentando:
Francisco disse ainda que a tradição inaciana, na qual se baseia a Universidade Sophia,
deve estimular professores e alunos a criar uma atmosfera que favoreça a
reflexão e o discernimento. “Nenhum estudante desta Universidade
deveria conseguir a formatura sem antes ter aprendido como escolher,
responsável e livremente, aquilo que em consciência sabe ser o melhor”,
frisou o Papa.
O Santo Padre recordou as Preferências Apostólicas Universais que ele
propôs à Companhia de Jesus e que “mostram claramente que o
acompanhamento dos jovens é uma realidade importante em todo o mundo e
que todas as instituições inacianas devem favorecer este
acompanhamento”. “Como demonstra o Sínodo sobre os jovens com os seus
documentos, também a Igreja universal olha, com esperança e interesse,
para os jovens de todo o mundo”, disse ele.
Segundo o Papa, a Universidade Sophia “é chamada a concentrar-se nos
jovens, que não só devem ser destinatários duma educação qualificada,
mas também participar nessa educação, oferecendo as suas ideias e
partilhando a sua visão e esperanças para o futuro”.
A seguir, Francisco disse que a tradição cristã e humanista da
Universidade Sophia está plenamente em linha com outra das Preferências
que ele mencionou: caminhar com os pobres e os marginalizados do nosso
mundo.
“A Universidade, centrada na sua missão, deve estar sempre aberta à
criação dum arquipélago capaz de interligar aquilo que, social e
culturalmente, pode ser concebido como separado. Os marginalizados devem
ser envolvidos e introduzidos criativamente no currículo universitário,
procurando criar as condições para que isto se traduza na promoção dum
estilo educativo capaz de reduzir as fraturas e as distâncias”, disse o
Papa acrescentando:
O Papa espera que esta reflexão e o encontro com os jovens,
professores e funcionários da Universidade Sophia possa produzir fruto nas suas vidas e na vida dessa comunidade acadêmica. “O Senhor e a sua
Igreja contam convosco como protagonistas na missão de procurar,
encontrar e difundir a Sabedoria divina e oferecer alegria e esperança à
sociedade atual”, concluiu Francisco.
Papa Francisco na Sophia University, em Tóquio
VN
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