No penúltimo dia
da sua visitam ao Japão, o Papa Francisco celebrou nesta segunda-feira a
Santa Missa no Estádio Tóquio Dome, na presença de mais de 50 mil
pessoas.
Silvonei José – Cidade do Vaticano
No início da tarde desta segunda-feira (hora local) o Papa Francisco
deixou a Nunciatura apostólica e dirigiu-se ao Estádio Tóquio Dome onde
celebrou a Santa Missa. Presentes mais de 50 mil pessoas. A Santa Missa,
em latim, foi celebrada pelo Dom da Vida Humana. A primeira leitura foi
feita em português.
Na sua homilia o Santo Padre, citando o Evangelho do dia recordou que
o mesmo faz parte do primeiro grande discurso de Jesus; conhecido como o
«Sermão da Montanha» e descreve-nos a beleza do caminho que somos
convidados a percorrer.
Segundo a Bíblia, a montanha é o lugar onde Deus Se manifesta e dá a conhecer: «sobe o encontro do Senhor» (Ex
24, 1), disse Deus a Moisés. Em Jesus, - disse o Papa – “encontramos o
cimo do que significa ser humano e indica-nos o caminho que nos leva à
plenitude capaz de ultrapassar todos os cálculos conhecidos; n’Ele
encontramos uma vida nova, onde se experimenta a liberdade de nos
sentirmos filhos amados”.
Francisco advertiu que “estamos cientes de que, ao longo do caminho,
esta liberdade filial pode ver-se sufocada e enfraquecida, quando
ficamos prisioneiros do círculo vicioso da ansiedade e da competição, ou
quando concentramos toda a nossa atenção e as nossas melhores energias
na procura obstinada e frenética de produtividade e consumismo como único
critério para medir e avaliar as nossas opções ou definir quem somos e
quanto valemos”.
Seguidamente, o Papa disse “que os jovens fizeram-me notar esta manhã
(no encontro que tive com eles) que, numa sociedade como o Japão com uma
economia altamente desenvolvida, não são poucas as pessoas socialmente
isoladas que permanecem à margem, incapazes de entender o significado da
vida e da sua própria existência.
Ressoam, como bálsamo reparador, as palavras do Senhor que convidam a não nos inquietarmos, mas a termos confiança.
Não se trata – disse Francisco -, de nos desinteressarmos do que
sucede ao nosso redor nem de nos desleixarmos relativamente às nossas
ocupações e responsabilidades diárias; antes pelo contrário, é um
desafio a abrirmos as nossas prioridades para um horizonte de sentido
mais amplo e, assim, criar espaço para olhar na mesma direção: «Procurai
primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos será dado por
acréscimo» (Mt 6, 33).
O Senhor não nos diz que as necessidades básicas, como alimento e
roupa, não sejam importantes; mas convida-nos a repensar as nossas
opções diárias para não acabarmos entalados ou fechados na procura do
êxito a todo o custo, incluindo a custo da própria vida. As atitudes
mundanas que procuram e perseguem apenas o próprio lucro ou benefício
neste mundo, e o egoísmo que pretende a felicidade individual, subtil
mas realmente conseguem apenas tornar-nos infelizes e escravos, para
além de dificultar o desenvolvimento numa sociedade verdadeiramente
harmoniosa e humana.
Este convite do Senhor lembra-nos que «precisamos de reconhecer
alegremente que a nossa realidade é fruto dum dom, e aceitar também a
nossa liberdade como graça. Isto é difícil hoje, num mundo que julga
possuir algo por si mesmo, fruto da sua própria originalidade e
liberdade».
Como comunidade cristã – frisou o Papa - somos convidados a proteger
toda a vida e testemunhar, com sabedoria e coragem, um estilo marcado
pela gratuitidade e compaixão, pela generosidade e a escuta simples, um
estilo capaz de abraçar e receber a vida como se apresenta «com toda a
sua fragilidade e pequenez e, muitas vezes, até com todas as suas
contradições e insignificâncias».
Somos convidados a ser comunidade que desenvolva uma pedagogia capaz
de acolher «tudo o que não é perfeito, tudo o que não é puro nem
destilado, mas lá por isso não menos digno de amor. Por acaso uma pessoa
portadora de deficiência, uma pessoa frágil não é digna de amor? (…)
Uma pessoa, mesmo que seja estrangeira, tenha errado, se encontre doente
ou numa prisão, não é digna de amor?
Unidos ao Senhor, cooperando e dialogando sempre com todos os homens e
mulheres de boa vontade, e também com as pessoas de convicções
religiosas diferentes, podemos tornar-nos fermento profético duma
sociedade que protege e cuida cada vez mais de toda a vida.
VN
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