Papa Francisco no encontro com os líderes religiosos
(Vatican Media)
O Papa Francisco reuniu-se com os líderes religiosos cristãos e afirmou que todos são chamados não só a prestar atenção à voz dos pobres que estão em nosso redor, mas também a não ter medo de gerar instâncias onde se unirem e trabalharem juntos.
Silvonei José – Cidade do Vaticano
O primeiro compromisso do Papa Francisco na tarde desta sexta-feira em Bangcoc (hora local), no âmbito da sua 32ª Viagem Apostólica Internacional foi o encontro com líderes cristãos e de outras religiões. Presentes também no encontro, que se realizou na Universidade Chulalongkorn, representantes da Comunidade Universitária.
No seu discurso o Papa Francisco, depois de ouvir a saudação de dom
Sirisut (responsável pelo diálogo ecuménico) e do Dr. Bundit Eua-arporn
(Reitor da Universidade) recordou que há cento e vinte e dois anos atrás,
em 1897, o rei Chulalongkorn, de quem recebe o nome esta primeira
Universidade, visitou Roma e teve uma Audiência com o Papa Leão XIII:
pela primeira vez, um Chefe de Estado não cristão foi recebido no
Vaticano.
A recordação daquele encontro importante – disse Francisco -, bem
como o período do seu reinado que conta, entre tantos méritos, a
abolição da escravatura, desafiam-nos e encorajam-nos a assumir decidido
protagonismo no caminho do diálogo e da compreensão mútua.
E encorajam-nos a fazê-lo – continuou o Papa – “num espírito de
fraterna colaboração que ajude a pôr fim a tantas escravidões que
persistem nos nossos dias; penso especialmente no flagelo do tráfico e
exploração de pessoas”.
O mundo de hoje - sulinhou Francisco -, enfrenta problemáticas
complexas, como a globalização económico-financeira e as suas graves
consequencias no desenvolvimento das sociedades locais; os rápidos
progressos, que aparentemente promovem um mundo melhor, coexistem com a
trágica persistência de conflitos – conflitos sobre migrantes e
refugiados, conflitos devido a carestias e conflitos bélicos – e também
com a degradação e destruição da nossa casa comum.
Todas estas situações – disseo Santo Padre -, lembram-nos e
alertam-nos de que nenhuma região ou setor da nossa família humana se pode
conceber ou construir alheia ou imune relativamente aos outros.
O Pontífice afirmou que hoje é tempo de ousar imaginar a lógica do
encontro e do diálogo mútuo como caminho, a colaboração comum como
conduta e o conhecimento recíproco como método e critério. E, assim,
oferecer um novo paradigma para a resolução dos conflitos, contribuir
para o entendimento entre as pessoas e para a salvaguarda da criação.
Penso que as religiões – disse Francisco - como também as
universidades, sem precisar de renunciar às próprias caraterísticas e aos próprios dons particulares, têm muito para contribuir e
oferecer neste campo; tudo o que fizermos neste sentido é um passo
significativo para garantir às gerações mais jovens o seu direito ao
futuro, e será também um serviço à justiça e à paz.
As grandes tradições religiosas do mundo dão testemunho dum
património espiritual, transcendente e amplamente partilhado, que pode
oferecer sólidas contribuições nesse sentido, se formos capazes de nos
aventurar a não ter medo de nos encontrarmos.
Todos somos chamados - frisou o Papa -, não só a prestar atenção à
voz dos pobres que estão em redo de nós – marginalizados, oprimidos,
povos indígenas e minorias religiosas –, mas também a não ter medo de
gerar instâncias (como timidamente já se começa a verificar) onde nos
possamos unir e trabalhar juntos.
O Santo Padre recordou que todos são solicitados a abraçar o
imperativo de defender a dignidade humana e respeitar os direitos de
consciência e liberdade religiosa e criar espaços onde se ofereça um
pouco de ar fresco, na certeza de que «nem tudo está perdido, porque os
seres humanos, capazes de tocar no fundo da degradação, podem também
superar, voltarem a escolher o bem e regeneraem-se, para além de
qualquer condicionalismo psicológico e social que lhes seja imposto» (Laudato si’, 205).
Francisco disse que a Tailândia, país de grande beleza natural, tem
uma nota distinta que considera essencial e, de certo modo, “parte
das riquezas que haveis de «exportar» e partilhar com as outras regiões
da nossa família humana: vós tendes apreço e cuidado pelos vossos
idosos, respeitai-los e reservai-lhes um lugar preferencial, para que
vos garantam as raízes necessárias e assim o vosso povo não se corrompa
seguindo certos slogans que acabam por esvaziar e hipotecar a alma das
novas gerações".
Francisco fez um agradecimento particular aos educadores e académicos
da Tailândia, que trabalham por proporcionar às gerações presentes e
futuras as aptidões e sobretudo a sabedoria de raiz ancestral que lhes
permitirão participar na promoção do bem comum da sociedade.
Todos somos membros da família humana e cada qual – finalizou o Papa
-, no lugar que ocupa, é chamado a ser ator e corresponsável direto na
construção duma cultura baseada em valores compartilhados que levem à
unidade, ao respeito mútuo e à convivência harmoniosa.
VN
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