21 novembro, 2019

A Declaração sobre a fraternidade chega também ao Extremo Oriente


Papa Francisco e o Patriarca Supremo dos Budistas  (Vatican Media)

O Papa entregou a Declaração sobre a Fraternidade ao Patriarca Supremo dos Budistas. Durante o encontro o Patriarca reconheceu que a Igreja veio à Tailândia para ajudar e não para conquistar 

Andrea Tornielli - Bangcoc

A primeira jornada do Papa na Tailândia fpo concretizada no Estádio Nacional com o abraço do pequeno rebanho cristão que Francisco veio confirmar na fé. Estas primeiras horas de visitas e encontros em Bangcoc representam uma “sentença” dos temas do pontificado: no discurso às autoridades políticas de um país que acolheu muitos refugiados dos países vizinhos ao pedido à comunidade internacional para que a crise migratória não seja ignorada e a migração seja “segura, ordenada e regulada”. Mas também um apelo contra a violência, a exploração e o abuso de crianças e mulheres, pronunciado em terra, infelizmente, colocada entre as metas do turismo sexual.

Foi cordial e familiar o clima durante o encontro com o Patriarca Supremo dos budistas no Templo Wat Ratchabophit Sathit Maha Simaran. Francisco descalço, foi acolhido pelo idoso Patriarca de 92 anos e por outros monges. No seu discurso o Papa convidou a crescer num estilo de “boa vizinhança”, agradecendo pelo facto de que os católicos, mesmo sendo um grupo minoritário, “possam aproveitar a liberdade da prática religiosa”, vivendo por muitos anos em harmonia com os seus irmãos e irmãs budistas. Mais interessante e tocante, foi o diálogo improvisado entre os dois líderes: o Patriarca supremo agradeceu a Francisco por que a Igreja Católica veio à Tailândia “para ajudar e não para conquistar”. Um exemplo de como se anuncia o Evangelho com o testemunho e com a vida, sem qualquer objetivo hegemónico, trabalhando para ajudar os pobres e para salvar a “nossa tão maltratada casa comum”. Durante a troca de presentes o Pontífice deu ao Patriarca Budista a Declaração sobre a Fraternidade Humana assinada em Abu Dhabu em fevereiro deste ano. Um texto que lentamente vai-se encaminhando para além das relações entre cristãos e muçulmanos.

Sobre o espírito de serviço e de acolhimento para com todos os que caracterizam o estilo de vida dos católicos deste país, o Papa teve diante dos seus olhos um exemplo concreto durante a visita ao Hospital São Luís, quando pode visitar de forma privada doentes e pessoas com deficiências, depois de ter dialogado com o pessoal médico. No seu discurso, Francisco convidou todos a terem uma “piedade especial” para com os que sofrem e olhar os pacientes chamando-os pelo nome. O Papa testemunhou mais uma vez que o cristão participa nas angustias diante das doenças e que não existe resposta pronta para enfrentá-las: “Todos sabemos que a doença traz sempre consigo grandes interrogações. A primeira reação pode ser rebelar-nos, chegando mesmo a viver momentos de confusão e desolação. É o grito que brota da dor, e assim deve ser; o próprio Jesus, sofrendo, o deu. Com a oração, queremos também nós unir-no-nos ao d’Ele”.

VN

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