24 novembro, 2019

O Papa em Hiroshima: imoral o uso e a posse de armas nucleares

 
 
“Nunca mais a guerra, nunca mais o fragor das armas, nunca mais tanto sofrimento!” São as palavras conclusivas do Papa Francisco no Encontro pela Paz, realizado em Hiroshima, no Memorial da Paz, neste domingo (24)
 
Jane Nogara - Cidade do Vaticano

Depois de Nagasaki, o Papa Francisco foi até Hiroshima, a outra cidade japonesa devastada pela bomba atómica em 1945 para o Encontro pela Paz. O Encontro realizou-se no Memorial da Paz, e foi o último compromisso deste domingo 24 de novembro.

No seu discurso, depois de recordar o trágico instante em que tudo “foi devorado por um buraco negro de destruição e morte”, o Papa disse:
“ Aqui, faço memória de todas as vítimas e inclino-me perante a força e a dignidade das pessoas que, tendo sobrevivido àqueles primeiros momentos, suportaram nos seus corpos durante muitos anos os sofrimentos mais agudos e, nas suas mentes, os germes da morte que continuaram a consumir a sua energia vital ”
Seguidamente explica a sua presença:

Senti o dever de vir a este lugar como peregrino de paz, para me deter em oração, recordando as vítimas inocentes de tanta violência e trazendo no coração também as súplicas e anseios dos homens e mulheres do nosso tempo, especialmente dos jovens, que desejam a paz, trabalham pela paz, sacrificam-se pela paz”.

Francisco declarou que “humildemente, [quereria] ser a voz daqueles cuja voz não é escutada” pois crescem as tensões e as injustiças que ameaçam a convivência e o cuidado da casa comum para garantir um futuro de paz. 

Energia atómica para fins de guerra é imoral

“Desejo reiterar – afirma - com convicção, que o uso da energia atómica para fins de guerra é, hoje mais do que nunca, um crime não só contra o homem e a sua dignidade, mas também contra toda a possibilidade de futuro na nossa casa comum”. E afirma também: “O uso da energia atómica para fins de guerra é imoral, assim como é imoral a posse de armas nucleares, como eu já disse há dois anos. Seremos julgados por isso”. 

Predecessores

Depois recordou algumas palavras dos seus predecessores sobre este tema, como o Papa São João XXIII que exortou “Estou convencido de que a paz não passa de um ‘som de palavras’, se não for fundamentada na verdade, construída segundo a justiça, animada e consumada no amor, e realizada na liberdade”. Assim como São Paulo VI: “Não se pode amar com armas ofensivas nas mãos”.

O Santo Padre pondera: “Quando nos rendemos à lógica das armas e nos afastamos da prática do diálogo, esquecem-mo-nos tragicamente de que as armas, antes mesmo de causar vítimas e ruínas, têm a capacidade de provocar pesadelos”. 

Caminho de paz

Então Francisco observa aos presentes que:
“ Recordar, caminhar juntos e proteger: são três imperativos morais que adquirem, precisamente aqui em Hiroshima, um significado ainda mais forte e universal e são capazes de abrir um verdadeiro caminho de paz ”
Memória
 
Mas para isto, “não podemos permitir que as atuais e as novas gerações percam a memória do que aconteceu, memória que é garantia e estímulo para construir um futuro mais justo e fraterno”. Temos que manter a memória viva, que ajude a dizer de geração em geração: nunca mais!”

Por fim o Papa exorta todos “Por isto mesmo, somos chamados a caminhar unidos, com um olhar de compreensão e perdão” e acrescenta: “sempre possível, se formos capazes de nos proteger e reconhe-mo-nos como irmãos num destino comum”.

E acrescenta: “Que sejam suplantados os interesses exclusivos de certos grupos, a fim de se atingir a grandeza daqueles que lutam corresponsavelmente para garantir um futuro comum”.

Concluiu p seu discurso evocando: "ENuma única súplica, aberta a Deus e a todos os homens e mulheres de boa vontade, em nome de todas as vítimas dos bombardeamentos, das experiências atómicas e de todos os conflitos, elevemos juntos um grito:
“ Nunca mais a guerra, nunca mais o fragor das armas, nunca mais tanto sofrimento! ”
VN

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