30 novembro, 2019

Papa sobre matrimónio: Sacramento que não se improvisa, é preciso preparação dos noivos

 
 
Francisco recebeu neste sábado (30), 400 participantes de um curso de formação para a tutela do matrimónio e o cuidado pastoral dos casais feridos, organizado pelo Tribunal Apostólico da Rota Romana. Ao falar que a Igreja é uma "comunidade de famílias", abordou a importância da preparação do matrimónio ainda quando noivos e como discípulos missionários, testemunhas do Evangelho na vida familiar, social e no trabalho.
 
Andressa Collet - Cidade do Vaticano

Na primeira audiência deste sábado (3), o Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, no Vaticano, 400 participantes de um curso de formação para a tutela do matrimónio e o cuidado pastoral dos casais feridos, organizado pelo Tribunal Apostólico da Rota Romana. As aulas foram realizadas em Roma durante cinco dias e reuniram párocos, diáconos permanentes, casais e agentes da Pastoral da Família.

No discurso, o Pontífice lembrou que o encontro no Vaticano marcou o término do curso de formação, com “conteúdos teológicos e processos canónicos importantes para os casais e para a vida da Igreja de hoje”, para além de direcionar para temáticas “cruciais”. Sobretudo, o cuidado pastoral dos casais feridos, disse o Papa, que não pode ser tratado com uma abordagem “burocrática, quase mecânica”, é preciso entrar na vida das pessoas, “que sofrem e que têm sede de serenidade”. 

A Igreja precisa de procurar sempre a verdade do amor dos casais

Francisco então descreveu as feridas do matrimónio vividas atualmente, que podem inclusive sangrar muito, e provêm de várias causas psicológicas, físicas, ambientais e culturais, para além de serem provocadas “pelo fechamento do coração humano ao amor”. A Igreja “jamais vai conseguir ignorá-las, virando o rosto para o outro lado”, acrescentou o Pontífice, precisa de “procurar sempre e somente o bem das pessoas feridas e a verdade do amor delas”.
“ É por isto que a Igreja, quando encontra estas realidades de casais feridos, antes de tudo chora e sofre com eles aproxim-se com o óleo da consolação para aliviar e curar; ela quer carregar para si a dor que encontra. E se então, se esforça para ser imparcial e propondo-se  procurar a verdade de um matriónio destruído, Ela jamais é estranha, nem humanamente, nem espiritualmente àqueles que sofrem. Nunca consegue ser impessoal ou fria diante destas tristes e tribuladas histórias de vida. ”
O Papa então exortou agentes, juízes, testemunhas e partes envolvidas de cada causa eclesiástica que enfrentam um matrimónio ferido, que confiem, antes de tudo, no Espírito Santo: “guiados por ele, podem escutar com critério justo”, sabendo examinar, discernir e julgar. O matrimónio cristão, lembrou Francisco, deve ser vivido num caminho de fé, como “colunas da Igreja doméstica”.
“ Mesmo que o matrimónio possa preencher os cônjuges cristãos de alegria e de plenitude humana e espiritual, eles jamais esquecer que são chamados, como pessoas e como casais, a caminhar sempre na fé, a caminhar na Igreja e com a Igreja, a caminhar na vida da santidade. ”
O matrimónio não se improvisa
 
Deste caminho no Espírito nasce “aquele precioso e indispensável ministério dos casais na Igreja”, tão necessário hoje nas comunidades paroquias e diocesanas. Este ministério tem origem no Sacramento, enalteceu o Papa, “uma conquista apostólica e missionária” que precisa de ser nutrida pelos noivos através “da oração, com a Eucaristia e a Reconciliação, com a bondade sincera de um com o outro, com a dedicação aos irmãos que encontram”.
“ Este Sacramento não se improvisa. É necessár prepararrem-se já como noivos. Não é suficiente que os noivos cristãos se preparem ao serem marido e mulher com uma boa integração psicológica, afetiva, de relacionamento e projetos, que também é necessária para a estabilidade da sua futura união. Eles devem inclusive nutrir e intensificar progressivamente neles próprios aquele chamento específico para se moldarem como marido e mulher cristãos. Isto significa cultura, dentro da vocação cristão, a vocação particular para serem discípulos missionários como casais, testemunhas do Evangelho na vida familiar, de trabalho, social, lá onde o Senhor os chama. ”
A renovação da comunidade de famílias
 
A Igreja, na sua estrutura paroquial, finalizou o Papa, “é concretamente uma comunidade de famílias”.
“ É o Espírito Santo que trabalha nessa sinergia, e, assim, o Espírito Santo é invocado, também para esse processo apostólico, que não é fácil, mas não é impossível. Encorajo os Pastores, bispos e sacerdotes a promover, sustentar e acompanhar esse processo para que a Igreja se renove se transforme sempre mais, numa rede de cobertura de comunidades de famílias, testemunhas e missionárias do Evangelho. ”
VN

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