Na audiência aos
magistrados do Centro de Estudos Rosario Livatino, o Papa Francisco
recorda o pensamento deste magistrado siciliano assassinado pela máfia
em 1990 e que atualmente tem o seu processo diocesano de beatificação
concluído positivamente
Jane Nogara - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta sexta-feira (29) um grupo de magistrados do Centro de Estudos “Rosario Livatino”.
Rosario Livatino foi um magistrado assassinado pela máfia em 21 de
setembro de 1990, aos 38 anos, enquanto se dirigia para um Tribunal numa
periferia da Sicília. Quando morreu, poucos o conheciam. Encarregava-se
do sequestro e confisco de bens de proveniência ilícita adquiridos pelos
mafiosos. No seu discurso, Francisco falou aos presentes sobre este
magistrado, cujo processo diocesano de beatificação foi concluido
positivamente: “Ele fazia o seu trabalho de modo inatacável, respeitando
as garantias dos acusados, com grande profissionalismo e com resultados
concretos: por isso a máfia decidiu eliminá-lo”.
Direito de morrer, sem base jurídica
A propósito, comentou seguidamente alguns tópicos o seu pensamento: no que se refere a eutanásia ele
fazia a seguinte observação: “Se a oposição do crente a esta lei
fundamenta-se na convicção de que a vida humana […] é um dom divino e
que ao homem não é lícito interromper, do mesmo modo é motivada a
oposição do não crente que fundamenta a sua convicção de que a vida é
tutelada pelo direito natural, que ninguém pode violar ou contradizer
[…] porque esta pertence à esfera dos bens ‘indisponíveis’ que não podem
ser agredidos nem individualmente e nem pela coletividade”. Francisco
comenta que estas considerações “parecem distantes das sentenças que em
tema de direito à vida são pronunciadas nas aulas de justiça”. Que
atualmente “segundo uma jurisprudência que se autodefine ‘criativa’ –
inventam ‘um direito de morrer’ sem nenhum fundamento jurídico”.
Estatuto moral
Ao falar sobre o pensamento de Livatino sobre o estatuto moral dos
administradores da justiça segundo o qual “estes são simplesmente
funcionários do Estado aos quais cabe a tarefa de aplicar leis”, recorda
que “atualmente afirma-se cada vez mais uma diferente chave de leitura
do papel do magistrado, embora com as mesmas normativas utiliza o
significado que mais lhe convém num determinado contingente”. Ao
comentar este pensamento Francisco observa:
Aqui também é surpreendente a atualidade de Rosario Livatino:
Relação com Deus
O Papa Francisco recorda aos presentes uma outra reflexão de Livatino
quando afirma “Decidir é escolher […] e escolher é uma das coisas mais
difíceis que o homem tenha que fazer. […] E é precisamente este escolher
para decidir, decidir para ordenar, que o magistrado que crê pode
encontrar uma relação com Deus”. “Uma relação direta – continua o Papa –
porque fazer justiça é realização de si, é oração, é comprometimento de
si mesmo a Deus. E uma relação indireta porque é o trâmite do amor para
a pessoal julgada”.
Por fim o Papa afirma:
VN
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