Retomando e complementando a carta do senhor Patriarca e dos
senhores Bispos Auxiliares aos sacerdotes, de 30 de março, apresentamos um
conjunto de sugestões relativas às necessárias adaptações e aplicação no
Patriarcado de Lisboa das orientações dos diversos documentos emanados da
Conferência Episcopal Portuguesa, da Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos, e da Penitenciaria Apostólica.
As sugestões apresentadas organizam-se em
dois grandes grupos: um, dedicado aos presbíteros, em particular, os
presidentes das celebrações dos mistérios litúrgicos e, outro, às famílias.
Na Missa na Casa
de Santa Marta, nesta terça-feira (31/03), o Papa dirigiu o seu pensamento
àqueles que neste período não teem uma habitação. Na homilia, convidou a
contemplar Jesus na cruz: o Senhor assumiu sobre si os nossos pecados
para salvar-nos
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa de Santa Marta na manhã desta
terça-feira (31/03) da V Semana da Quaresma. A Antífona de entrada é um
encorajamento: “Espera no Senhor e sê corajoso! Fortifique-s o teu
coração; espera no Senhor” (Sl 26,14). Introduzindo a celebração, o
Santo Padre pensou em quem não tem casa:
Rezemos hoje pelos sem teto, neste momento em que nos é pedido
para estar dentro de casa. Para que a sociedade de homens e mulheres se
dê conta desta realidade e os ajude, e a Igreja os acolha.
Na homilia, comentando as leituras do dia
extraídas do Livro dos Números (Nm 21,4-9) e do Evangelho de João (Jo
8,21-30), recordou que Jesus se fez pecado para nos salvar. Ele veio ao
mundo para assumir sobre si os nossos pecados: na cruz não faz finta de
sofrer e morrer. Contemplemos Jesus na cruz, e agradeçamos.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A serpente certamente não é um animal simpático: é
sempre associada ao mal. Também na Revelação a serpente é propriamente o animal
que o diabo usa para induzir ao pecado. No Apocalipse o diabo é chamado
de, a antiga serpente, aquela que desde o início morde, envenena,
destrói, mata. Por isso, daí não se pode sair. Se se quiser apresentar
como quem propõe coisas bonitas, são fantasias: nós acreditamos nelas e
desse modo pecamos. Foi isso o que aconteceu com o povo de Israel: não
suportou a viagem. Estava cansado. E o povo disse contra Deus e contra
Moisés. É sempre a mesma música, não? “Por que nos fizestes sair do
Egpto para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já estamos
com nojo desse alimento miserável, o maná”. E a imaginação – lemos há dias
atrás – dirige-se sempre ao Egipto: “Mas, ali estávamos bem, comíamos
bem..”. E também, parece que o Senhor não suportou o povo, neste
momento. Irritou-se: a ira de Deus, por vezes, mostra-se... E então o
Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas, que os mordiam e
morriam. “Morreu muita gente em Israel”. Naquele momento, a serpente é
sempre a imagem do mal: o povo vê na serpente o pecado, vê na serpente
aquilo que fez, o mal. E vai ter com Moisés e diz-lhe: “Pecamos, falando
contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós as
serpentes”. Arrepende-se. Esta é a história no deserto. Moisés
intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: “Faz uma serpente
abrasadora e coloca-a como sinal sobre uma haste; aquele que for mordido
e olhar para ela viverá”.
Eu venho a pensar: mas isso não é uma idolatria? Há a serpente
ali, um ídolo, que me dá a saúde... Não se entende. Logicamente, não se
entende, porque esta é uma profecia, este é um anúncio daquilo que
acontecerá. Porque ouvimos também como profecia próxima, no Evangelho:
“Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e
que nada faço por mim mesmo”. Jesus elevado: na cruz. Moisés faz uma
serpente e eleva-a. Jesus será elevado, como a serpente, para dar a
salvação. Mas o núcleo da profecia é propriamente que Jesus se fez
pecado por nós. Não tem pecado: se fez-se pecado. Como diz São Pedro na
segunda Carta: “Assumiu sobre si os nossos pecados”. E quando nós
olhamos para o crucifixo, pensamos no Senhor que sofre: tudo aquilo é
verdade. Mas detemo-nos antes de chegar ao centro daquela verdade:
neste momento, Tu pareces o maior pecador, Fizeste-te pecado. Assumiu
sobre si todos os nossos pecados, aniquilou-se até agora.
A cruz, é verdade, é um suplício, há ali a vingança dos doutores da
Lei, daqueles que não queriam Jesus: tudo isto é verdade. Mas a verdade
que vem de Deus é que Ele veio ao mundo para assumir sobre si os nossos
pecados ao ponto de fazer-se pecado. Todo pecado. Os nossos pecados
estão ali.
Devemos acostumar-nos a olhar sob esta luz, que é a mais
verdadeira, é a luz da redenção. Em Jesus feito pecado vemos a derrota
total de Cristo. Não faz finta de morrer, não faz finta de não sofrer,
sozinho, abandonado... “Pai, porque me abandonaste? Uma serpente: eu sou
elevado como uma serpente, como aquele que é todo pecado.
Não é fácil entender isto e, se pensarmos, jamais chegaremos a uma conclusão. Somente, contemplar, rezar e agradecer.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento
do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós.
Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde,
ao menos espiritualmente, ao meu coração. Abraço-me convosco como se já
estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que
torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma
antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”).
Perante Ele, os dois sozinhos,
julgo eu que cara a cara, olho-O cheio de confiança e esperança.
Vamos lá então! Querias
confessar-te, não era?
Ou seja, querias mostrar o teu
arrependimento perante Mim de todas as fraquezas que Eu sei bem que te assolam.
Baixo a cabeça contrito,
envergonhado e digo-Lhe para começar:
Obrigado, Senhor, por correres
para mim e me abrires os braços do Teu amor, do Teu perdão.
Ele coloca uma mão sobre a
minha cabeça, puxa-a para o Seu ombro e deixa-me falar.
Sabes, Senhor, começo pelos
meus pecados de “estimação”, sabes, aqueles que repito sempre por muito que
contra eles lute.
Às vezes quando menos espero
percebo que já caí e digo envergonhado para mim próprio: Vigia, Joaquim, vigia!
Tens de estar sempre atento.
Interrompes-me e dizes-me ao
ouvido:
Fazem parte de ti, esses
pecados. São tão simples e no entanto cais sempre neles. Luta sempre, porque
nessa luta mostras que estás atento, vigilante, à procura da minha vontade.
Perdoo-te mas não tos quero tirar, pois estarei sempre ao teu lado na luta
contra eles, porque assim te lembrarás sempre que sem Mim nada podes.
Aceno com a cabeça num sim
envergonhado mas cheio de esperança e começo a desfiar todos os outros pecados,
alguns deles com um peso tão grande em mim.
Já acabaste, pergunta Ele?
Sim, Senhor, do que me lembro!
Pois, meu filho eu sei que há
mais, mas no teu arrependimento todos eles estão contidos e assim te são
perdoados como todos os outros.
A Tua bênção, Senhor, é um
abraço tão forte que me sinto fundido na Tua vida e por isso mesmo me dizes com
a voz repassada de amor: Agora somos novamente comunhão! Sou Eu em ti e tu em
Mim!
Não sei se desfaleço de
alegria, de paz ou de vida, mas sei que me sinto novo, tão novo como Deus é
sempre novo.
Ele afasta-se de mim, embora
permaneça em mim e ao meu lado e ainda me diz sorrindo: Quando encontrares um
sacerdote meu, logo na primeira oportunidade conta-lhe o que me contaste e ele
te dará a absolvição em Meu Nome.
Caríssimos
irmãos sacerdotes do Patriarcado de Lisboa: Esta carta dirige-se muito
especialmente a vós, que sois «na Igreja e para a Igreja, uma
representação sacramental de Jesus Cristo Cabeça e Pastor» (Pastores dabo vobis,
15), nas difíceis circunstâncias em que viveis estes dias, com a
sociedade em geral. Faço-o com os meus irmãos Bispos ao serviço da
Diocese.
Partilhamos convosco o sofrimento de não poder
celebrar com o povo. Nem por isso deixamos de viver a Santa Quaresma,
ainda que sem as manifestações habituais de piedade, tão fortes e
expressivas como são. Quando as pudermos retomar noutros anos, ainda
mais fortes e conversoras hão de ser! O mesmo acontecerá no tempo pascal
que se aproxima, que certamente será vivido com iguais limitações, mas
não menos fervor.
No pensamento e na oração, temos muito
presentes a cada um de vós, com especial lembrança dos mais idosos ou
doentes. Contai com isso, certos de que a oração sacerdotal e recíproca é
a alma do nosso presbitério.
É muito consolador o conhecimento
que vamos tendo dos muitos modos como viveis este tempo e continuais a
acompanhar os fiéis que vos estão confiados. Assim o fazeis pela oração e
por muitas conexões de telefone, internet e outros meios, com que
superais a inevitável separação física por várias formas criativas de
contacto.
O que vamos sabendo destas iniciativas, da parte do
clero secular e regular da Diocese, deixa-nos a convicção de que se
ganham novos hábitos para o trabalho pastoral futuro, mesmo quando a
normalidade regressar e como regressar. Assim se articularão as várias
formas de vida eclesial, complementando a indispensável presença física
com outros contactos já viáveis. Não por acaso, uma das imagens
evangélicas da Igreja é precisamente a da “rede”.
Chegam-nos
felizes notícias de tempos de oração sacerdotal e de encontro pastoral
pela internet ou telefone, intensificando ou mantendo o cuidado mútuo e o
serviço dos fiéis. Igualmente sobre a vossa atenção aos mais sós e
doentes, entre os vossos paroquianos ou outros, com mensagens que
enviais e telefonemas que fazeis. E o mesmo se diga do cuidado em
garantir o serviço de vários equipamentos socio-caritativos e dos
respetivos colaboradores.
Na verdade, este tempo difícil tem sido
da parte do presbitério de Lisboa uma ocasião de reforço da ação
pastoral, compensando a interrupção do habitual com a criação de um
futuro ainda mais rico, em possibilidades e meios. Entretanto, os
serviços diocesanos e as instituições a nós ligadas tudo farão para vos
apoiar no que for mais necessário e urgente. As possibilidades, como
sabeis, são limitadas, mas a boa vontade é certa.
Cremos também
que as atuais condições, limitando a ação pastoral direta, reforçam a
vossa qualidade sacerdotal. Redobram os motivos e o tempo de oração e
intercessão, como aconteceu nos momentos cruciais de Cristo, consagrados
ao Pai pela salvação de todos.
Caros irmãos sacerdotes, temo-vos
muito presentes nestes dias já tão próximos da Páscoa. A vós e aos
estimados diáconos a quem saudamos e agradecemos a generosa colaboração.
Não esquecendo os muitos que na vida consagrada ou laical, mantêm viva a
ação da Igreja de Cristo, comunidade a comunidade, perante as
dificuldades acrescidas. A todos manifestamos a absoluta certeza da
nossa oração e companhia!
Sobre o modo de celebrar durante a
Semana Santa e cumprindo o que está determinado pelas autoridades
públicas, seguiremos as indicações do Decreto da Congregação para o
Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 25 deste mês, que abaixo
se transcreve.
Para todos, a muita gratidão e estima dos vossos irmãos Bispos
+ Manuel Clemente + Joaquim Mendes+ Daniel Henriques+ Américo Aguiar
------------------
Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 25 de março de 2020
«…
Os Bispos e os Presbíteros celebrem os ritos da Semana Santa sem
concurso do povo e num lugar adequado, evitando a concelebração e
omitindo o gesto da paz. Os fiéis sejam avisados da hora de início das
celebrações, de modo a poder unir-se em oração nas suas próprias casas.
Poderão ajudar os meios de comunicação telemática em direto, não
gravados. Em todo o caso, continua a ser importante dedicar um tempo
oportuno à oração, valorizando, sobretudo, a Liturgia das Horas.
1 – Domingo de Ramos.
A Comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém deve celebrar-se dentro
do edifício sagrado; nas Igrejas Catedrais adote-se a segunda forma
prevista pelo Missal Romano, nas igrejas paroquiais e demais lugares, a terceira.
2 – Missa Crismal. [no Patriarcado de Lisboa é transferida para o inicio do próximo ano pastoral, em data a precisar.]
3 – Quinta–Feira Santa.
Omita-se o lava-pés, já de si facultativo. No final da Missa da Ceia do
Senhor omita-se também a procissão e guarde-se o Santíssimo Sacramento
no Sacrário. Neste dia, a título excecional, concede-se aos Presbíteros a
faculdade de celebrar a Missa sem o concurso de povo, em lugar
adequado.
4 – Sexta-Feira Santa. Na Oração
Universal, os Bispos terão o cuidado de preparar uma intenção especial
pelos que se encontram em perigo, os doentes e os defuntos (cf. Missal Romano). O ato de adoração à Cruz com o beijo seja limitado apenas ao celebrante.
5 – Vigília Pascal.
Celebra-se exclusivamente nas igrejas catedrais e paroquiais. Para a
Liturgia batismal, mantenha-se apenas a renovação das promessas
batismais (cf. Missal Romano).
Para os seminários, as residências sacerdotais, os mosteiros e as comunidades religiosas sigam-se as indicações deste Decreto.
As
expressões da piedade popular e as Procissões que enriquecem os dias da
Semana Santa e do Tríduo Pascal, a juízo do Bispo diocesano, poderão
ser transferidas para outros dias convenientes, por exemplo, 14 e 15 de
setembro.»
Na Missa na Casa
de Santa Marta, na manhã desta segunda-feira (30/03), Francisco pediu a
Deus que ajude aqueles que estão assustados com o coronavírus. Na
homilia, convidou a agradecer a Deus se reconhecemos os nossos pecados,
porque deste modo podemos pedir e acolher a sua misericórdia
VATICAN NEWS
A Antífona de entrada desta segunda-feira da V Semana da Quaresma é uma
veemente invocação a Deus: “Tende piedade de mim, Senhor, pois
atormentam-me; todos os dias me oprimem os agressores” (Sl 55,2). Ao
introduzir a Missa na manhã desta segunda-feira (30/03), o Papa
Francisco dio seu pensamento às pessoas amedrontadas com a atual
pandemia:
Rezemos hoje pelas muitas pessoas que não conseguem reagir:
permanecem amedrontadas com esta epidemia. Que o Senhor as ajude a
reerguer-se, a reagir para o bem de toda a sociedade, de toda a
comunidade.
Na homilia, comentou as leituras do dia,
extraídas do Livro do profeta Daniel (13,1-9.15-17.19-30.33-62) e do
Evangelho de João (Jo 8,1-11), que falam de duas mulheres que alguns
homens querem condenar à morte: a inocente Susana e uma adúltera apanhada em
flagrante. Francisco ressaltou que os acusadores são, no primeiro caso,
juízes corruptos, e, no segundo, hipócritas. Em relação às mulheres,
Deus faz justiça a Susana, libertando-a dos corruptos, que são
condenados, e perdoa a adúltera, libertando-a dos escribas e fariseus
hipócritas. Justiça e misericórdia de Deus, que são bem representadas no
Salmo Responsorial do dia: “O Senhor é o meu pastor, nada me falta... Mesmo que eu passe passe por vales tenebrosos, nenhum mal temerei, porque estais comigo”. Seguidmente, o Papa convidou a agradecer a
Deus se sabemos ser pecadores, porque podemos pedir confiantes, ao
Senhor, que nos perdoe.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
No Salmo Responsorial rezamos: “O Senhor é o pastor que me conduz;
nada me falta. Pelos prados e campinas verdejantes ele me
leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as
minhas forças. Ele me guia no caminho mais seguro, por honra do seu
nome. Mesmo que eu passe por vales tenebrosos, nenhum mal temerei.
Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!”
Esta é a experiência que estas duas mulheres tiveram, cuja
história lemos nas duas Leituras. Uma mulher inocente, acusada
falsamente, caluniada, e uma mulher pecadora. Ambas condenadas à morte. A
inocente e a pecadora. Alguns Padres da Igreja viam nestas duas
mulheres uma figura da Igreja: santa, mas com filhos pecadores. Diziam
numa bela expressão latina: “A Igreja é a casta meretrix”, a santa com
filhos pecadores.
Ambas as mulheres estavam desesperadas, humanamente desesperadas.
Mas Susana confia em Deus. Há também dois grupos de pessoas, de homens;
ambos encarregados ao serviço da Igreja: os juízes e os mestres da Lei.
Não eram eclesiásticos, mas estavam ao serviço da Igreja, no tribunal e
no ensino da Lei. Diferentes. Os primeiros que acusavam Susana, eram
corruptos: o juiz corrupto, a figura emblemática na história. Também no
Evangelho, Jesus repreende – na parábola da viúva insistente – o juiz
corrupto que não acreditava em Deus e não lhe importava nada dos outros.
Os corruptos. Os doutores da Lei não eram corruptos, mas hipócritas.
E estas mulheres, uma caiu nas mãos dos hipócritas e a outra nas
mãos dos corruptos: não havia saída. “Mesmo que eu passe pelo vale
tenebroso, nenhum mal temerei. Estais comigo com bastão e com cajado,
eles me dão a segurança!” Ambas as mulheres encontravam-se num vale
tenebroso, caminhavam ali: um vale tenebroso, rumo à morte. A primeira
explicitamente confia em Deus e o Senhor intervém. A segunda,
pobrezinha, sabe que é culpada, envergonhada diante de todo o povo –
porque o povo estava presente em ambas as situações, o Evangelho não
diz, mas certamente rezava interiormente, pedia alguma ajuda.
O que faz o Senho com estas pessoas? À mulher inocente, a salva, faz-lhe justiça. À mulher pecadora, a perdoa. Aos juízes corruptos, os
condena-os; aos hipócritas, ajuda-os a converterem-se e diante do povo diz:
”Sim, verdadeiramente? Quem entre vós não tiver pecado, seja o primeiro
a atirar-lhe uma pedra”, e foram saindo um a um. Há uma certa ironia do
apóstolo João, aqui: “E eles, ouvindo o que Jesus disse, foram saindo
um a um, a começar pelos mais velhos”. Deixa-lhes um pouco de tempo
para arrependerem-se; não perdoa os corruptos, simplesmente porque o
corrupto é incapaz de pedir perdão, foi além. Cansou-se... não, não se
cansou: não é capaz. A corrupção tirou-lhe também aquela capacidade que
todos temos de envergonh-mo-nos, de pedir perdão. Não, o corrupto é
seguro, segue em frente, destrói, explora o povo, como esta mulher, tudo,
tudo... segue adiante. Colocou-se no lugar de Deus.
E o Senhor responde às mulheres. A Susana, liberta-a destes
corruptos, fá-la seguir em frente, e à outra: “Eu, também, não te condeno.
Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. Deixa-a ir-se embora. Faz
isto diante do povo. No primeiro caso, o povo louva o Senhor; no
segundo, o povo aprende. Aprende como é a misericórdia de Deus.
Cada um de nós tem as próprias histórias. Cada um de nós os
próprios pecados. E se não me recorda, pensarei um pouco: os encontrarei.
Agradeçe a Deus se os encontras, porque se não os enconts, és um
corrupto. Cada um de nós tem os próprios pecados. Olhemos para o Senhor
que faz justiça, mas que é tão misericordioso. Não nos envergonhemos de
estar na Igreja: envergonhemo-nos de ser pecadores. A Igreja é mãe de
todos. Agradeçamos a Deus por não sermos corruptos, por sermos pecadores. E
cada um de nós, olhando como Jesus age nestes casos, confie na
misericórdia de Deus. E reze, confiante na misericórdia de Deus, reze
(pelo) perdão. ”Porque Deus me guia no caminho mais seguro, pela honra
de seu nome. Mesmo que eu passe por vales tenebrosos, nenhum mal temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a
segurança!”
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
Finalmente, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o
arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa
santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo
receber-vos na pobre morada que o meu coração vos oferece. À espera da
felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde
a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar
todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em
vós. Eu vos amo. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma
antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”).
Perante as medidas preventivas resultantes
da presente situação de pandemia que se vive, os horários de transportes
públicos, de e para Ota, foram drasticamente reduzidos.
Assim, para apoiar qualquer paroquiano
que não possua meio de transporte próprio e que necessite imperiosamente de se deslocar a Alenquer para ações rápidas, tais como, levantar
dinheiro, ou tratar de qualquer
assunto inevitável, será
disponibilizada a carrinha da Paróquia, às TERÇAS
e SEXTAS FEIRAS, com o seguinte horário:
-
Partida de Ota (Largo da Igreja) - 10h00
-
Regresso de Alenquer------------------ 11h00
.
A utilização deste meio de transporte
requer inscrição antecipada, até ao limite máximo de 4 pessoas (+ o condutor/a), como forma de permitir a
manutenção da distância de segurança entre cada utente.
Para a inscrição, contacte com, Carminda Honrado - TM 913 713 658.
Apela-se ao não menosprezo das regras de
segurança, difundidas pela DGS. .
O Papa Francisco
aderiu ao apelo lançado em 24 de março pelo secretário-geral da ONU por
um cessar-fogo global e para que as forças estejam unidas no combate à
pandemia do coronavírus.
Vatican News
“Nos dias passados, o secretário-geral das Nações Unidas lançou um
apelo por um "cessar-fogo global e imediato em todas as partes do
mundo", recordando a atual emergência do COVID-19, que não conhece
fronteiras”, recordou o Papa Francisco, após rezar o Angelus neste V Domingo da Quaresma. O Pontífice então, lançou um apelo ao diálogo e aos esforços de paz:
Uno-me a todos os que acolheram esse apelo e convido todos a
segui-lo, interrompendo todas as formas de hostilidade bélica,
favorecendo a criação de corredores para ajuda humanitária, abertura à
diplomacia, a atenção àqueles que se encontram em situação de maior
vulnerabilidade. Que o esforço conjunto contra a pandemia possa levar
todos a reconhecer a nossa necessidade de fortalecer os laços fraternos
como membros de uma única família humana. Em particular, desperte nos
responsáveis das Nações e nas outras partes envolvidas, um renovado
compromisso em superar as rivalidades. Os conflitos não são resolvidos
por meio da guerra! É necessário superar antagonismos e os contrastes,
mediante o diálogo e uma construtiva procura da paz.
Pelas pessoas obrigadas a viver em grupos
Após, como já tinha feito no início da Missa celebrada em 11 de
março na capela da Casa de Santa Marta, o Papa recordou os encarcerados,
mas também, outras pessoas obrigadas a viver em grupos:
Neste momento o meu pensamento dirige-se de maneira especial a
todas as pessoas que sofrem a vulnerabilidade de serem forçadas a viverem
em grupo: casas de repouso, quartéis ... Em particular, gostaria de
mencionar as pessoas nas prisões. Li um relatório oficial da Comissão de
Direitos Humanos que fala sobre o problema das prisões superlotadas,
que poderiam tornar-se uma tragédia. Peço às autoridades que sejam
sensíveis a este grave problema e de tomar as medidas necessárias para
evitar futuras tragédias.
Apelo de Guterres pelo fim das guerras
Em 24 de março, o secretário geral das Nações Unidas, António
Guterres, tinha lançado um apelo para que fosse colocado um fim às
guerras e se combatesse a pandemia que assola o mundo.
As pessoas envolvidas nos conflitos armados no mundo" - disse
Guterres - "estão entre as mais vulneráveis" e "correm o risco maior de
padecer de um devastador sofrimento devido ao Covid-19".
Após o apelo, foram verificados os primeiros passos em direção a um
cessar fogo, com "tréguas humanitárias" em diversos países onde ainda
perduram sangrentos conflitos e violências internas, como no Iêmen, nas
Filipinas e em Camarões.
Sinais positivos também no nordeste da Síria, onde no sábado, 28, a
Comissão de investigação da ONU reiterou o pedido para que se evitasse
"piorar a tragédia", fazendo referência ao Covid-19 como uma "ameaça
mortal" para os civis sírios, e em particular para os 6,5 milhões de
deslocados dentro do país.
A guerra em pedaços
Na verdade, o cenário não deixa dúvidas. Há pelo menos setenta países
em todo o mundo envolvidos em algum tipo de guerra ou conflito interno.
Muitos deles esquecidos. Os nove anos de conflito na Síria, por
exemplo, já provocaram a morte de 380 mil pessoas, debilitando o sistema
de saúde local. Somente 64% dos hospitais e 52% dos centros de
assistência básica existentes antes de 2011 estão atualmente em
atividade, enquanto 70% dos profissionais de saúde abandonaram o país.
Conflitos internos flagelam a Líbia, Sudão, Somália, Nigéria, Burkina
Faso, Paquistão, Índia, Afeganistão, Iraque, Faixa de Gaza, Ucrânia. Na
Península coreana a tensão é sempre elevada. Nas últimas horas a Coreia
do Norte lançou dois mísseis balísticos nas águas entre a Península
coreana e o Japão. Depois há a guerra contra o tráfico de drogas,
principalmente em países da América Latina, onde no México, em
particular, são registradas milhares de mortes em cada ano.
Com coronavírus, maior facilidade de movimento para os "senhores da guerra"
E a emergência do coronavírus ameaça diminuir a atenção sobre estas
situações. Francesco Vignarca, coordenador da Rede Italiana do
Desarmamento, recordou ao Vatican News, que quando esta atenção é
desviada para outra coisa, “aqueles que agem em conflitos pelo seu
próprio interesse, os chamados senhores da guerra, obviamente movem-se
com maior facilidade. O risco é portanto, por um lado, que os mesmos
problemas de saúde também tenham impacto nestes mesmos países. E, por
outro, que aqueles que agem na guerra em seu próprio benefício o façam
de forma ainda mais violenta".
"Certamente, para alguns países - observa Francesco - o impacto do
coronavírus será provavelmente menor, pois infelizmente eles já têm
outros problemas de saúde, muitas vezes a fome ou problemas de acesso às
necessidades básicas. Mas o risco, é que o impacto os atinja". E cita.
por exemplo, o facto de que no Reino Unido há a controvérsia sobre a
redução da ajuda internacional humanitária, pois agora existe esta
emergência a ser enfrentada.
Oportunidade para repensar onde alocar os recursos
O coordenador da Rede Italiana do Desarmamento destaca que a situação
criada pela pandemia do coronavírus, também é uma oportunidade para
repensar onde alocar recursos. E recorda que os gastos militares em todo
o mundo ultrapassaram um trilião e 800 biliões de dólares em 2019. E
completa:
“Nestes dias, temos sublinhado como nos últimos anos as despesas
militares em Itália aumentaram, enquanto que as despesas com a saúde
diminuíram. Se quisermos evitar o impacto de problemas como o
coronavirus, ou outras situações como guerras, devemos manter a nossa
atenção elevada, mas acima de tudo mudar a direção dos nossos
investimentos e as opções no âmbito das escolhas públicas. Caso
contrário, questões como a Síria, que há 9 anos está em guerra de forma
dramática, como o Iêmen, que dentro de alguns dias irá, infelizmente,
celebrar entre aspas o aniversário de 5 anos de bombardeios, continuarão
a ocorrer."
"Somos chamados a
remover as pedras de tudo aquilo que fala de morte: a hipocrisia com que
a fé é vivida, é morte; a crítica destrutiva contra os outros, é morte;
a ofensa, a calúnia, é morte; a marginalização do pobre, é morte."
Vatican News
O convite para removermos de nossos corações as pedras que falam de
morte, como a hipocrisia como vivemos a fé, a crítica destrutiva, a
ofensa, a calúnia, a marginalização do pobre, foi-nos dirigido pelo Papa na sua alocução, antes de rezar o Angelus neste V Domingo da Quaresma, na Biblioteca do Palácio Apostólico - Vaticano.
Ao refletir sobre o Evangelho de João que narra a ressurreição de
Lázaro, Francisco recordou que “a resposta de Deus ao problema da morte é
Jesus”, é que Deus não nos criou para o túmulo, mas para a vida, “bela,
boa, alegre”.
Jesus é o Senhor da vida
Ao iniciar a sua reflexão, o Santo Padre leu alguns dos versículos do
capítulo 11 de João, explicando que ao responder a Marta, ao dizer-lhe que o seu irmão não teria morrido caso o Mestre estivesse ali, “teu
irmão ressuscitará”, Jesus apresenta-se “como o Senhor da vida, Aquele
que é capaz de restituir a vida também aos mortos”.
Ao ver em prantos Maria e as pessoas que se aproximavam dele, Jesus,
muito comovido, chorou, recordou Francisco, e “comovido dirige-sei ao túmulo,
agradece ao Pai que sempre o escuta, manda abrir o sepulcro e exclama
com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” E Lázaro sai com “as mãos e os
pés atados com lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano”:
Aqui vemos concretamente que Deus é vida e doa vida, mas assume o
drama da morte. Jesus poderia ter evitado a morte do amigo Lázaro, mas
quis assumir para si a nossa dor pela morte das pessoas queridas, e
sobretudo quis mostrar o domínio de Deus sobre a morte.
O encontro entre a fé do homem e a omnipotência de Deus
Nesta passagem do Evangelho – observou o Papa - vemos que a fé do
homem e a omnipotência de Deus, do amor de Deus, procuram-se e por fim
encontram-se, “é como um duplo caminho: a fé do homem e omnipotência do
amor de Deus que se procuram e no final encontram-se. Vemos isto –
enfatizou - no grito de Marta e Maria e de todos nós com eles: “Se
tivesses estado aqui!...”:
E a resposta de Deus não é um discurso, não, a resposta de Deus ao
problema da morte é Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida… Tenham fé! No meio ao choro continuem a ter fé, ainda que pareçam que amorte tenha vencido. Removam a pedra dos vossos corações! Deixem que a Palavra de Deus leve de novo a vida onde há morte”.
“A resposta de Deus ao problema da morte é Jesus”
Remover as pedras que representam morte
E Jesus repete-nos também hoje, o removermos a pedra, pois “Deus
não nos criou para o túmulo, criou-nos para a vida, bela, boa, alegre”,
e “foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo”, “e Jesus
Cristo veio libertar-nos de seus laços”. Neste sentido, “somos chamados a
remover as pedras de tudo aquilo que fala da morte”:
Por exemplo, a hipocrisia com que a fé é vivida, é morte; a
crítica destrutiva contra os outros, é morte; a ofensa, a calúnia, é
morte; a marginalização do pobre, é morte. O Senhor pede-nos para
removermos estas pedras do coração, e a vida então voltará a florescer em nosso redor. Cristo vive, e quem o acolhe e se une a Ele entra em
contacto com a vida. Sem Cristo, ou fora de Cristo, a vida não só não
está presente, mas recai na morte.
“Deus não nos criou para o túmulo, criou-nos para a vida, bela, boa, alegre”
Regenerados por Cristo, novas criaturas
O Pontífice recordou que “a ressurreição de Lázaro também é sinal da
regeneração que se realiza no crente mediante o Batismo, com a plena
inserção no Mistério Pascal de Cristo. Pela ação e a força do Espírito
Santo, o cristão é uma pessoa que caminha na vida como uma nova
criatura: uma criatura para a vida, e que vai em direção à vida".
Que a Virgem Maria – disse o Papa ao concluir - nos ajude a sermos
compassivos como o seu Filho Jesus, que fez sua a nossa dor. Que cada um
de nós esteja próximo daqueles que sofrem, tornando-se para eles
um reflexo do amor e da ternura de Deus, que liberta da morte e faz
vencer a vida.
Ao concluir o Angelus, o Papa Francisco dirigiu-se ao apartamento Pontifício, de cuja janela abençoou a Urbe e os fiéis presentes espiritualmente na Praça de São Pedro.