O Papa Francisco durante os Exercícios espirituais em Ariccia
(ANSA)
O abade de São Miniato no Monte, colocou no centro da reflexão, desta manhã, quinta medicação, a perspetiva do desejo que abre o homem ao mistério de Deus.
Cidade do Vaticano
“Os desejos ardentes” foi o tema proposto pelo abade Bernardo
Francesco Maria Gianni nos Exercícios espirituais, na manhã desta
quarta-feira (13/03), ao Papa Francisco e membros da Cúria Romana, em
Ariccia, na Casa do Divino Mestre.
A meditação inspirou-se, como nos últimos dias, nos versos poéticos
de Mario Luzi que fala do desejo de superar todas as formas de egoísmo, a
fim de voltar para a presença, ao rosto, ao coração de Deus, fazendo-se
testemunhas críveis “nas estradas em que somos chamados a ser
missionários da fraternidade que transforma os nossos fechamentos em
testemunho, em partilha do amor que recebemos”.
“Esta perspetiva vale de modo particularmente intenso para a Igreja
e para essa nossa comunidade que está ã viver os Exercícios espirituais
a fim de voltar cada um para as suas responsabilidades como as estrelas
do profeta Baruc que evocaremos amanhã”, disse o abade.
São Bento e o desejo de Deus
Bernardo Francesco Maria Gianni citou a Regra de São Bento que se
abre na perspectiva do desejo e nos fala do “desejo de Deus de ser
desejado”, explicando que é esse desejo que impele Deus “nesse movimento
de descida do céu para ver, como nos diz a regra, se existe alguém que
deseja ver dias felizes”.
“Realmente coloca-nos na condição de redescobrirmos procurados e
desejados pelo Senhor. Uma experiência, na realidade, não apenas dos
monges, mas de toda a humanidade, se reencontra o desejo de descobrir-se
finalmente desejada pelo Senhor”, frisou ainda o abade beneditino.
O nosso tempo perdeu a capacidade de desejar
Segundo o pregador, está difundido, hoje, o sentimento que nos faz
dizer: não preciso de nada, sou rico. Aqui, o abade olha para o mundo
atual, em particular, para a situação social italiana e especialmente
para os jovens que vivem a experiência “do desinteresse pelo desejo,
pelo desejo das coisas duradouras e importantes”. “Voltar a desejar é a
virtude civil necessária para reativar uma sociedade saciada e sem
estímulo”, disse ele.
Doar esperança à humanidade
O pregador repropôs um trecho da Constituição Pastoral Gaudium et
spes, sobre a Igreja no mundo atual: “Podemos legitimamente pensar que o
futuro da humanidade está nas mãos daqueles que são capazes de
transmitir às gerações futuras razões de vida e esperança.”
“Eis aqui o convite a ser uma Igreja de desejos ardentes numa cidade
de desejos ardentes, num mundo de desejos ardentes, despertando o máximo
possível o desejo de Deus em todos aqueles que encontramos,
lembrando-lhes a graça e o mistério de ter sido desejado, não obstante
as características tortuosas e difíceis da sua vida talvez ainda jovem.”
Gratidão pelo dom de Francisco
Celebra-se, nesta quarta-feira, o sexto aniversário do início do
pontificado de Francisco e o abade Bernardo Francesco Maria Gianni
proferiu algumas palavras de gratidão a Deus por esse dom.
“Acredito”, disse ele, “que o nosso Papa realmente nos ensina a ir
além dos confins. Recorda ao homem e a mulher do nosso tempo que existem
fronteiras, mas acima de tudo, que são convidados pela força do
Espírito Santo a superar esses confins, pois o coração do ser humano não
tem fronteiras. Ele lembra-nos isso todos os dias com a fidelidade
destemida ao Evangelho”.
VN
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