30 março, 2019

Papa encoraja católicos e cristãos em Marrocos: sejam promotores de fraternidade

 
 
A oração do Papa pela prosperidade do Marrocos e o crescimento da fraternidade e solidariedade entre cristãos e muçulmanos, foi o que pediu o Papa Francisco na mensagem escrita no Livro de Honra, no final da visita aos túmulos dos soberanos do país, na esplanada da “Tour Hassan”
 
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano
 
No final do primeiro discurso oficial de sua viagem apostólica ao Marrocos, proferido diante do povo, das autoridades e de representantes da sociedade civil e do corpo diplomático na Esplanada da “Tour Hassan”, o Papa Francisco entrou no Mausoléu Mohammed V.

Ao lado do rei e de várias autoridades com quem conversou longamente, Francisco visitou os túmulos de Mohammed V, considerado o pai da moderna nação marroquina, sultão de 1927 a 1953, e de Hassan II, rei de Marrocos de 1961 a 1999. Um tributo floral e a assinatura do livro de honra marcaram a visita a esta tradicional construção de mármore branco, resultado do trabalho de centenas de artesãos e da assinatura do arquiteto vietnamita Eric Vo Toan.

No livro de honra a oração do Papa a Deus Pai Onipotente "pela prosperidade do Reino de Marrocos" e pelo "crescimento da fraternidade e solidariedade entre cristãos e muçulmanos". Ao Papa também como presente, dado pelo Conservador do Mausoléu, um troféu e um livro sobre a história do monumento sepulcral.

No final da visita ao Mausoléu, a transferência do Papa de carro para o Palácio Real, residência oficial e administrativa dos soberanos do Marrocos desde 1785, para continuar o diálogo em particular com o rei, para saudar sua família e para a tradicional troca de presentes.

Francisco partiu do aeroporto romano de Fiumicino às 11h00 - (hopra de Roma) - e chegou ao aeroporto de Rabat após três horas de viagem. Durante suas Viagens Apostólicas, o Santo Padre costuma enviar telegramas aos Chefes de Estado dos países sobrevoados. Desta vez, enviou aos Presidentes da Itália, Sergio Mattarella, e da França, Emmanuel Macron, e ao Rei de Espanha, Sua Majestade Felipe VI.
 
Papa encontra povo de Marrocos
 
Ao chegar a terras marroquinas, Francisco dirigiu-se à Esplanada da Mesquita “Tour Hassan II”, em Rabat, para a cerimónia de boas-vindas. Ali, o Santo Padre manteveo seu primeiro encontro com o povo marroquino, as autoridades civis e religiosas e o Corpo Diplomático, do qual participaram 25 mil pessoas.

O Santo Padre iniciou o seu discurso com a saudação em árabe “As-Salam Alaikum”, desejando a Paz para todos:

Estou feliz por pisar o solo deste país, rico de muitas belezas naturais, defensor dos vestígios de antigas civilizações e testemunha de uma história fascinante... Esta visita é, para mim, motivo de alegria e gratidão, porque permite-me descobrir as riquezas desta terra, deste povo e das suas tradições, como também pela grande oportunidade de promover o diálogo inter-religioso e o conhecimento mútuo entre os fiéis das nossas duas religiões”.

Aqui, o Santo Padre recordou o histórico encontro entre São Francisco de Assis e o Sultão al-Malik al-Kamil, há oitocentos anos. Este evento profético demonstra a coragem deste encontro e da mão estendida que representam “um caminho de paz e harmonia” para a humanidade, em situações onde o extremismo e o ódio são fatores de divisão e destruição. E o Papa acrescentou:
“ Desejo que a estima, o respeito e a colaboração entre nós possam contribuir para aprofundar os nossos laços de sincera amizade, a fim de permitir às nossas comunidades preparar um futuro melhor às novas gerações. ”
O desafio do diálogo inter-religioso
 
Naquela terra, ponte natural entre a África e a Europa, o Papa  reiterou a necessidade de unir os esforços, de muçulmanos e católicos, para dar novo impulso à construção de um mundo mais solidário, mais comprometido com um diálogo honesto, corajoso e necessário, no respeito das riquezas e especificidades de cada povo e de cada pessoa:
“ Este é um desafio que todos somos chamados a assumir, sobretudo neste tempo em que se corre o risco de fazer das diferenças e mútuo desconhecimento motivos de rivalidade e desagregação. ”
Por isso, - afirmou Francisco -, para participar na construção de uma sociedade aberta, pluralista e solidária, é essencial desenvolver e assumir, com constância e sem cessar, a cultura do diálogo, a colaboração como conduta, o conhecimento recíproco como método e critério:
“ Eis o caminho que somos convidados a percorrer, sem cessar, para nos ajudar a superar, juntos, as tensões e os mal-entendidos, as máscaras e os estereótipos, que levam sempre ao medo e à contraposição. E assim, abrir alas para um espírito de mútua colaboração frutuosa, com base no respeito. ”
Com efeito, disse Francisco, “é indispensável contrapor ao fanatismo e ao fundamentalismo a solidariedade de todos os fiéis, com base nas nossas ações os valores que nos acomunam”. Nesta perspetiva, o Papa irá visitar, logo a seguir, o Instituto Mohammed VI, criado pelo rei Mohammed VI, para imames pregadores e pregadoras, com o objetivo de proporcionar uma formação adequada e sadia contra todas as formas de extremismo, que, muitas vezes, levam à violência e ao terrorismo e constituem uma ofensa à religião e ao próprio Deus. E o Papa ponderou:

Um diálogo autêntico convida-nos a não subestimar a importância do fator religioso para construir pontes entre os homens e enfrentar com êxito os desafios. De facto, no respeito das nossas diferenças, a fé em Deus leva-nos a reconhecer a dignidade e os direitos do ser humano”.
 
A construção de pontes entre os povos
 
Acreditamos – afirmou Francisco - que Deus criou os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e os chamou a viver como irmãos, segundo os valores do bem, da caridade e da paz. Por isso, a liberdade de consciência e a liberdade religiosa – que não se limitam à liberdade de culto, mas consente viver segundo a própria convicção religiosa – estão inseparavelmente ligadas à dignidade humana:
“ Neste sentido, a construção de pontes entre os homens, na perspetiva do diálogo inter-religioso, deve ser encarada sob o signo da convivência, da amizade e da fraternidade. ”
Ao terminar o seu primeiro discurso em terras marroquinas, o Santo Padre recordou a grave crise migratória, que constitui para todos um urgente apelo para erradicar as suas causas. Sabemos que a consolidação de uma paz verdadeira passa pela busca da justiça social.
 
Comunidade católica e ação pastoral em Marrocos 
 
Enfim, falando dos cristãos, que ocupam o seu lugar na sociedade marroquina, Francisco disse que “querem colaborar para a edificação de uma nação solidária, próspera e do bem comum”. Aqui, recordou a ação pastoral da Igreja Católica em Marrocos: obras sociais, educação em escolas abertas a estudantes de todas as confissões, religiões e proveniência.

Enfim, encorajou os católicos e os cristãos a serem, em Marrocos, servidores, promotores e defensores da fraternidade humana. Shukran bi-saf! Obrigado a todos!

VN

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