O Papa Francisco presidiu a Celebração da Penitência, com o rito da reconciliação no final da tarde desta sexta-feira (29), na Basílica de São Pedro. A cerimónia deu início à iniciativa “24 Horas de Oração para o Senhor” que começou em Roma, mas tomou dimensões mundiais até chegar aos cinco continentes. Em cada diocese, uma igreja ficará aberta por 24 horas consecutivas para oferecer a possibilidade de rezar, confessar e fazer adoração.
Antes do pecado, o pecador
Na homilia, o Papa usou da interpretação de Santo Agostinho para
comentar o Evangelho de João (8, 1-11), da mulher surpreendida em
adultério que, segundo a Lei de Moisés, devia ser apedrejada: “ficaram
apenas os dois: a mísera e a misericórdia”. Os que vieram para atirar
pedras contra ela ou para acusar Jesus foram-se embora. E Jesus ficou
porque lá estava “o que era precioso aos seus olhos: aquela mulher,
aquela pessoa”.
O Papa repetiu Santo Agostinho no decorrer de toda a homilia:
“ficaram apenas os dois: a mísera e a misericórdia”. Com Jesus,
misericórdia de Deus encarnada, o Pontífice enaltece que chegou o
momento de dar uma esperança segura à miséria humana: “dar, não tanto
leis externas que muitas vezes deixam Deus e o homem distantes, mas a
lei do Espírito, que entra no coração e o liberta”.
Confissão, miséria e misericórdia
Francisco lembrou que é Jesus, com a força do Espírito Santo, que
liberta do mal que temos dentro mas que, mesmo assim, é um mal forte e
com poder sedutor que atrai.
“Para desprender-mo-nos dele, não basta o nosso esforço, é preciso um
amor maior. Sem Deus, não se pode vencer o mal: só o amor d’Ele eleva
por dentro; só a sua ternura, derramada no coração, é que torna livre.
Se queremos a libertação do mal, temos de dar espaço ao Senhor, que
perdoa e cura; e fazê-lo sobretudo através do Sacramento que estamos
prestes a celebrar. A Confissão é a passagem da miséria à misericórdia, é
a escrita de Deus no coração. Sempre que nos abeiramos dela, lemos que
somos preciosos aos olhos de Deus, que Ele é Pai e nos ama mais do que,
quanto nos amamos a nós mesmos.”
O perdão dos pecados é um novo começo
O Papa então abordou a solidão, como a falta de motivação para
recomeçar, e indicou o perdão “arrebatador de Deus” que recebemos no
Batismo, como a força para renascer.
E o medo da Confissão?
No finalizar da homilia, Francisco convidou a superar o medo da
Confissão dando ênfase à misericórdia e não às misérias, recordar a
ternura, saborear a paz e experimentar a liberdade.
“Com efeito, isto é o coração da Confissão: não os pecados que
dizemos, mas o amor divino que recebemos e do qual precisamos sempre.
Entretanto há ainda uma dúvida que nos pode surgir: «Não vale a pena se
confessar! Volto sempre aos pecados habituais». Mas o Senhor
conhece-nos, sabe que a luta interior é difícil, que somos fracos e
propensos a cair muitas vezes reincidentes na prática do mal. Então,
propõe-nos começar a sermos reincidentes no bem, no pedido de misericórdia.
Será Ele a erguer-nos, fazendo de nós criaturas novas.
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Veja também:
Texto integral da homilia
do Papa na Celebração Penitencial
VN
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