Papa celebra a missa na Casa de Santa Marta
(Vatican Media)
Durante a missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco comentou a primeira Leitura, extraída do livro Profeta Isaías, e explicou a diferença que existe na nossa vida entre o real e o formal, condenando toda a forma de hipocrisia.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
Peçamos esta graça na Quaresma: a coerência entre o formal e o real,
entre a realidade e as aparências: palavras do Papa Francisco na homilia
desta sexta-feira (08/03), ao celebrar a missa na capela da Casa de Santa
Marta. O Pontífice inspirou a sua reflexão no trecho extraído do livro do
profeta Isaías.
A alegria da penitência
A simplicidade das aparências deveria ser redescoberta sobretudo no
período da Quaresma, através do exercício do jejum, da esmola e da
oração. Os cristãos, de facto, deveriam fazer penitência mostrando-se
alegres; ser generosos com quem se encontra na necessidade sem “tocar os
tambores”; dirigir-se ao Pai quase “escondido”, sem bprocurar a admiração
dos outros. No tempo de Jesus, explicou o Papa, o exemplo era nítido na
conduta do fariseu e do publicano; hoje, os católicos sentem-se “justos”
porque pertencem a certa “associação”, vão à “missa todos os domingos” e
não são “como aqueles pobretões que não entendem nada”.
As pessoas que buscam as aparências jamais se reconhecem pecadores
e se lhes disseres: “Mas tu também és pecador!” – “Mas sim, todos
temos pecados!”, e relativizamos tudo e voltamos a tornar-nos justos. Buscam
até aparecerem com cara de santinhos: tudo aparência. E quando existe
esta diferença entre a realidade e a aparência, o Senhor usa o adjetivo:
“Hipócrita”.
A hipocrisia dos "profissionais da religião"
Cada pessoa é tentada pelas hipocrisias e o tempo que nos conduz à
Páscoa pode ser ocasião para reconhecer as próprias incoerências, para
identificar as camadas de maquilhagem de modo a “esconder a realidade”.
Francisco insistiu no aspeto da hipocrisia, um tema que emergiu com
força durante a XV Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos sobre
o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Os jovens,
afirmou, ficam impressionados com aqueles que procuram aparecer, mas
depois comportam-se consequentemente, sobretudo quando esta hipocrisia é
vivida por “profissionais da religião”. O Senhor, ao contrário, pede
coerência.
Muitos cristãos, mesmo católicos, que se dizem católicos
praticantes, como exploram as pessoas! Como exploram os operários! Como
os mandam para casa no início do verão para readmiti-los no final, de
modo que não tenham direito à aposentação, não têm direito de ir em frente. E muitos deles dizem-se católicos: vão à missa no domingo… mas
agem assim. E isto é pecado mortal! Quantas pessoas humilham os seus
operários...
Beleza da simplicidade
Neste tempo da Quaresma, o Pontífice convidou os fiéis a
redescobrirem a beleza da simplicidade, da realidade que “deve estar
unida à aparência”.´
Peça ao Senhor a força e vai humildemente em frente, com aquilo que
podes. Mas não maquilhs a alma, porque, se fizeres isso, o Senhor não te irá
reconhecer. Peçamos ao Senhor a graça de sermos coerentes, de não sermos
vaidosos, de não parecermos mais dignos do que aquilo que somos. Peçamos esta
graça nesta Quaresma: a coerência entre o formal e o real, entre a
realidade e as aparências.
VN
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