A última actividade do Papa na tarde deste
sábado 25 de Junho, na Arménia foi o encontro ecuménico e oração pela
Paz na Praça da República na cidade de Yerevan. Praça sobre a qual dão o
Palácio do Governo e importantes ministérios e o Museu Nacional, uma
praça com capacidade para cerca de 50 mil pessoas.
Numa cerimónia em língua arménia e em italiano, com Pai Nosso e
leituras centradas sobre a paz, o Cathólicos e o Papa tomaram a palavra e
saudaram-se em nome da paz…
O tema central do discurso do Papa foi o ecumenismo e a paz. Naquele
que foi até agora o discurso mais longo desta viagem, o Papa enalteceu a
comunhão, a “real e intima unidade” entre as Igrejas. “O nosso estar
aqui juntos – disse – não é uma troca de ideias, é uma troca de dons”,
pois que partilhamos, com grande alegria, os tantos passos dados na
caminhada comum em direcção à unidade e que já está muito avançada.
Francisco recordou depois que a história da Arménia é marcada por uma
fé forte, por terríveis sofrimentos, por magníficos testemunhos do
Evangelho. Os numerosos mártires do País “são estrelas que no céu
indicam o caminho que resta a percorrer, em direcção à comunhão plena”.
“A unidade não é uma vantagem estratégica a ser procurada por mútuo
interesse” – continuou o Papa, frisando que o que Jesus pede é
transmitir ao mundo a coerência do Evangelho. Mas para realizar a
unidade, disse, “não basta a boa vontade”, mas sim “é indispensável a
oração de todos, rezar uns pelos outros, uns com os outros”.
Francisco exortou também a “aumentar o amor recíproco, porque só a
caridade pode sanar a memória e sarar as feridas do passado. Cancela os
preconceitos, purifica e melhora as própria convicções.”
Os cristãos são, portanto, chamados, em nome de um amor mais humilde,
a “ter a coragem de deixar as convicções rígidas e os interesses
próprios”. Este amor que “se abaixa e se doa”, explica o Papa, permite
“amolecer a dureza dos corações dos cristãos (…) virados para si mesmos e
para os próprios interesses”. Com efeito – prosseguiu, é o amor humilde
e generoso que “atrai a misericórdia do Pai, não os cálculos e as
vantagens”.
A segunda parte do discurso do Papa foi centrada sobre a Paz.
Inspirando-se no Evangelho de São João, Francisco recordou “os grandes
obstáculos ao caminho da paz e as trágicas consequências da guerra”.
O seu pensamento foi de modo particular ao Médio Oriente, onde disse,
se sofrem “violências e perseguições, devido ao ódio e a conflitos
sempre fomentados pela praga da proliferação do comércio das armas, à
tentação de recorrer à força e à falta de respeito pela pessoa humana,
especialmente pelos débeis, pelos pobres e por aqueles que pedem apenas
uma vida digna”.
Francisco passou depois a referir-se àquilo que os arménios definem o
“Grande Mal”, definindo-o “o terrível, o louco extermínio”, trágico
mistério da iniquidade” que “permanece impressa na memória e que queima
no coração”. Recordá-lo – sublinhou o Papa – “não só é oportuno, mas é
um dever: seja uma advertência para todos os tempos, para que o mundo
não volte a cair na espiral de semelhantes horrores!”.
A fé foi indicada pelo Papa como a “verdadeira força” capaz de
transformar “também a dor maior” e fazer dela “semente para a paz no
futuro”. Por outro lado, a memória “embebida de amor” abre “novos e
surpreendentes caminhos”, onde “as tramas de ódio se transformam em
projectos de reconciliação”. Daí o convite do Papa a “não deixar-se
absorver pela força enganadora da vingança” e a empenhar-se em criar,
incessantemente, “as condições para a paz”, ou seja “um trabalho digno
para todos, atenção para com os mais necessitados e a luta sem trégua
contra a corrupção, que deve ser extirpada”.
Aos jovens o Papa recordou: o “futuro vos pertence”. E exortou-os a
tornar-se “construtores de paz, não notários do status quo, mas sim
promotores activos de uma cultura do encontro e da reconciliação”.
O Papa exprimiu ainda o desejo de que “se retome o caminho da
reconciliação entre o povo arménio e o turco”. E invocou a paz para o
Nagorno Karabakh.
Francisco concluiu o seu mais extenso e porventura importante
discurso deste sábado 25 na Arménia, com uma reflexão sobre São Gregório
de Narek, definido “Doutor da Paz” e cuja solidariedade universal com a
humanidade é uma grande mensagem cristã de paz e de misericórdia para
todos. “Os Arménios sejam embaixadores de paz” concluiu Francisco.
(DA com PC)
Sem comentários:
Enviar um comentário