(RV) “O
melhor confessor costuma ser o que melhor se confessa”: este foi o
conceito inicial expresso pelo Pontífice na manhã desta quinta-feira
(02/06), em sua segunda meditação aos sacerdotes participantes do
Jubileu dos Sacerdotes.
O encontro se realizou na Basílica de Santa Maria Maior, às 12h,
horário de Roma. Antes de iniciar a sua meditação, o Papa se deteve em
oração diante do ícone de Maria, "Salus Populi Romani", que habitualmente venera antes e depois de suas viagens apostólicas.
Estavam presentes muitos cardeais e colaboradores da Cúria Romana. A
Basílica estava repleta também de sacerdotes e seminaristas.
O tema da reflexão de Francisco foi “O recipiente da misericórdia”,
que é o nosso coração ferido e cicatrizado com a misericórdia e o perdão
de Deus.
“Deus não Se cansa de perdoar, mesmo quando vê que a sua graça não
consegue criar raízes fortes no terreno do nosso coração, que é caminho
duro, agreste e pedregoso. Ele volta a semear a sua misericórdia e o seu
perdão, renova assim o odre em que recebemos o seu perdão; o nosso
coração se torna ‘misericordiado’ e misericordioso”, disse o Papa.
Grandes Santos, grandes pecadores
Prosseguindo, explicou que “no exercício da misericórdia que repara o
mal alheio, não há ninguém melhor do que a pessoa que possui a sensação
de ter sido ‘misericordiada’ do mesmo mal. E citou como exemplo aqueles
que trabalham com viciados, que são as pessoas que melhor compreendem,
ajudam e sabem exigir dos outros, porque já foram resgatadas.
Neste sentido, Francisco lembrou que quase todos os grandes Santos
foram grandes pecadores, como Paulo, Pedro, João, Agostinho, Francisco,
Inácio, o Santo Cura d'Ars, o Beato argentino Cura Brochero, e até Nossa
Senhora, “o recipiente simples e perfeito através do qual se pode
receber e distribuir a misericórdia”.
O Papa, que visitou o México em Fevereiro passado, revelou aos
participantes do encontro que quando esteve diante da imagem da Virgem
de Guadalupe, rezou e pediu a Ela pelos sacerdotes, para que sejam bons
padres. Então lhes falou sobre os ‘modos’ de olhar de Nossa Senhora.
Acolhida, tecelagem, atenção
O primeiro é o olhar que acolhe, onde os homens, sempre órfãos e
deserdados, buscam um abrigo, um lar. Um outro ‘modo de olhar de Maria’
tem a ver com a tecelagem: Ela olha ‘tecendo’, vendo como pode combinar
para bem todas as coisas que o povo Lhe apresenta:
“A misericórdia faz a mesma coisa: não nos ‘pinta’ por fora uma cara
de bons, não faz ‘Photoshop’, mas com os fios de nossas ‘misérias’ e
pecados, entrelaçados com amor de Pai, tece-nos de tal maneira que a
nossa alma se renova recuperando a sua verdadeira imagem: a de Jesus”.
Consequentemente, exortou os sacerdotes:
“Sejam capazes de imitar esta liberdade de Deus; não se deixem levar
pela vã pretensão de mudar o povo, como se o amor de Deus não tivesse
força suficiente para o mudar”.
O terceiro modo de olhar é o da atenção: Maria se concentra e se
envolve inteiramente com a pessoa que tem à sua frente, como uma mãe
quando só tem olhos para o seu filho que lhe conta alguma coisa.
“Nestas situações, alertou Francisco, nunca falte a sua paternidade
de bispos para com os seus sacerdotes. Encorajem a comunhão entre eles;
façam com que possam aperfeiçoar os seus dons; insiram-nos nas grandes
causas, porque o coração do apóstolo não foi feito para coisas
pequenas”.
Finalmente, Maria olha de modo ‘integral’, unindo tudo: o nosso
passado, presente e futuro. Não tem uma visão fragmentada, pois a
misericórdia sabe ver a totalidade e intui aquilo que é mais
necessário.
Maria, sinal e sacramento da misericórdia de Deus
O Pontífice conclui rezando a Maria, Mãe da Misericórdia, vida,
doçura e esperança nossa: “Seus olhos misericordiosos são aqueles que
consideramos o melhor recipiente da misericórdia, nos fazem ver as obras
da misericórdia de Deus na história dos homens e descobrir Jesus em
seus rostos”.
As meditações estão sendo transmitidas ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português.
Na sexta-feira, o Papa Francisco preside à Santa Missa na Solenidade
do Sacratíssimo Coração de Jesus, com transmissão ao vivo da Rádio Vaticano.
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