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Papa Francisco chegou à Arménia nesta sexta-feira, 24 de Junho. O
avião aterrou no aeroporto internacional de Yerevan as 15h hora local.
De lembrar que o Santo Padre deixou Roma as 9h00. Antes
de partir para esta viagem internacional, como de costume, o Santo
Padre foi à Basílica de Santa Maria Maior para rezar diante da imagem de
Nossa Senhora “Salus Populi Romani” pelo bom êxito da sua viagem.
Francisco visita a Armênia a convite do Patriarca e Catholicos de
todos os Armênios, Karekin II, e das autoridades políticas e da Igreja
Católica.
Após a cerimônia de boas-vindas, no aeroporto de Yerevan, o Papa
dirigiu-se para a Catedral Apostólica, em Etchmiadzin, para alguns
momentos de oração.
Depois das cordiais saudações do Patriarca Karekin, o Santo Padre
pronunciou seu discurso, agradecendo as boas vindas do Catholicós de
Todos os Armênios, dizendo:
Venerado Irmão, Patriarca Supremo e Catholicos de Todos os Arménios,
Queridos irmãos e irmãs em Cristo!
Atravessei, comovido, o limiar deste lugar sagrado, testemunha da
história do vosso povo, centro irradiador da sua espiritualidade; e
considero um dom precioso de Deus poder-me aproximar do santo altar
donde refulgiu a luz de Cristo na Arménia. Saúdo o Catholicos de Todos
os Arménios, Sua Santidade Karekin II, a quem agradeço cordialmente o
grato convite para visitar a Santa Etchmiadzin, os Arcebispos e Bispos
da Igreja Apostólica Arménia, reconhecido pela recepção cordial e
jubilosa que todos vós me proporcionastes. Obrigado, Santidade, por me
ter acolhido na sua casa; este sinal de amor exprime, de maneira muito
mais eloquente que as palavras, o que significam a amizade e a caridade
fraterna.
Nesta ocasião solene, dou graças ao Senhor pela luz da fé acesa na
vossa terra, fé que conferiu à Arménia a sua identidade peculiar e a
tornou mensageira de Cristo entre as nações. Cristo é a vossa glória, a
vossa luz, o sol que vos iluminou e deu uma nova vida, que vos
acompanhou e amparou, especialmente nos momentos de maior provação.
Curvo-me diante da misericórdia do Senhor, que quis que a Arménia se
tornasse a primeira nação, desde o ano de 301, a acolher o cristianismo
como sua religião, numa época em que grassavam ainda as perseguições no
Império Romano.
Para a Arménia, a fé em Cristo não foi uma espécie de vestido que se
põe ou tira segundo as circunstâncias e conveniências, mas um elemento
constitutivo da sua própria identidade, um dom de enorme valor que se há
de acolher com alegria e guardar com empenho e fortaleza, à custa da
própria vida. Como escreveu São João Paulo II, «com o “Baptismo” da
comunidade arménia, (...) nasce uma identidade nova do povo, que se
tornará parte constitutiva e inseparável do próprio ser arménio. Desde
então já não foi mais possível pensar que, entre os componentes dessa
identidade, não esteja a fé em Cristo como elemento essencial» (Carta
Apostólica no 1700º aniversário do Baptismo do Povo Arménio, 2 de
fevereiro de 2001, 2). Queira o Senhor abençoar-vos por este luminoso
testemunho de fé, que demonstra de maneira exemplar, com o sinal
eloquente e sagrado do martírio, a poderosa eficácia e fecundidade do
Baptismo recebido há mais de mil e setecentos anos, que se manteve um
elemento constante da história do vosso povo.
Agradeço ao Senhor também pelo caminho que a Igreja Católica e a
Igreja Apostólica Arménia realizaram, através dum diálogo sincero e
fraterno, para chegar à plena partilha da Mesa Eucarística. Que o
Espírito Santo nos ajude a realizar a unidade pela qual rezou nosso
Senhor, pedindo que todos os seus discípulos sejam um só e o mundo
creia. Apraz-me lembrar aqui o impulso decisivo dado à intensificação
das relações e ao fortalecimento do diálogo entre as nossas duas Igrejas
nos últimos tempos por Suas Santidades Vasken I e Karekin I, por São
João Paulo II e por Bento XVI. Dentre as etapas particularmente
significativas deste empenho ecuménico, lembro a comemoração das
Testemunhas da fé do século XX, no contexto do Grande Jubileu do ano
2000; a entrega a Vossa Santidade da relíquia do Pai da Arménia cristã,
São Gregório o Iluminador, para a nova catedral de Ierevan; a Declaração
conjunta de Sua Santidade João Paulo II e de Vossa Santidade, assinada
aqui mesmo na Santa Etchmiadzin; e as visitas que Vossa Santidade fez ao
Vaticano por ocasião de importantes acontecimentos e comemorações.
O mundo está, infelizmente, marcado por divisões e conflitos, bem
como por graves formas de pobreza material e espiritual, incluindo a
exploração das pessoas, mesmo de crianças e idosos, e espera dos
cristãos um testemunho de estima mútua e colaboração fraterna, que faça
resplandecer diante de cada consciência o poder e a verdade da
Ressurreição de Cristo. O esforço paciente e renovado rumo à unidade
plena, a intensificação das iniciativas comuns e a colaboração entre
todos os discípulos do Senhor tendo em vista o bem comum são como que
uma luz refulgente na noite escura e um apelo a viver, na caridade e
compreensão mútua, as próprias diferenças. O espírito ecuménico adquire
valor exemplar mesmo fora das fronteiras visíveis da comunidade
eclesial, constituindo para todos uma forte chamada a compor as
divergências através do diálogo e valorização de tudo aquilo que une.
Além disso impede a instrumentalização e manipulação da fé, porque
obriga a redescobrir as suas raízes genuínas, a comunicar, defender e
difundir a verdade no respeito pela dignidade de cada ser humano e
segundo modalidades em que transpareça a presença daquele amor e daquela
salvação que se quer espalhar. Deste modo, oferece-se ao mundo –
extremamente necessitado – um testemunho convincente de que Cristo está
vivo e activo, capaz de abrir caminhos de reconciliação sempre novos
entre as nações, as civilizações e as religiões. Atesta-se e torna-se
credível que Deus é amor e misericórdia.
Queridos irmãos, quando a nossa actividade é inspirada e movida pela
força do amor de Cristo, crescem o conhecimento e a estima recíprocas,
criam-se melhores condições para um caminho ecuménico frutuoso e, ao
mesmo tempo, mostra-se a todas as pessoas de boa vontade e à sociedade
inteira um caminho concreto que se pode percorrer para harmonizar os
conflitos que dilaceram a vida civil e cavam divisões difíceis de curar.
Deus Todo-Poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, por intercessão
de Maria Santíssima, de São Gregório o Iluminador, «coluna de luz da
Santa Igreja dos Arménios», e de São Gregório de Narek, Doutor da
Igreja, abençoe a vós todos e à Nação Arménia inteira e a guarde sempre
na fé que recebeu dos pais e testemunhou gloriosamente no decurso dos
séculos.
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