07 junho, 2015

Papa aos líderes religiosos: o diálogo é "factor de unidade"



(RV) Da Catedral de Sarajevo, Francisco dirigiu-se ao Centro internacional estudantil franciscano para o penúltimo evento do dia: o encontro ecuménico e inter-religioso.
O trauma da guerra e suas consequências marcaram as saudações ao Papa dos quatro líderes religiosos do país: católico, muçulmano, ortodoxo e judeu.

De modo especial, o Bispo Gregório recorda que o país saiu da guerra 20 anos atrás, mas ainda hoje se fala como se tivesse terminado ontem. “Isso é compreensível, porque a guerra traz consigo desgraças, homicídios, tratamentos cruéis contra menores e inocentes.”

Por sua vez, o Arcebispo de Sarajevo, Card. Vinko Puljic, ressaltou que os quatro líderes não conseguiram deter a guerra nem criar uma estratégia de paz. “O que podíamos fazer, fizemos: rezamos e invocamos a paz.” Dois anos depois do fim do conflito, fundaram em 1997 o Conselho Inter-religioso da Bósnia-Herzegovina. “Ainda há muito por fazer para realizar um verdadeiro processo de reconciliação, de perdão e de regresso do espírito de confiança.”

Nesta mesma linha, ao se dirigir aos presentes, Francisco afirmou que este encontro é sinal de um desejo comum de fraternidade e de paz. “O facto de nos encontrarmos aqui já é uma ‘mensagem’ daquele diálogo que todos procuramos e para o qual trabalhamos.”

Na realidade, ressaltou o Pontífice, o diálogo inter-religioso é uma condição imprescindível para a paz e, por isso, é um dever para todos os fiéis. Não deve ficar restrito aos líderes religiosos, mas deve envolver toda a sociedade civil. “O diálogo é uma escola de humanidade e um factor de unidade, que ajuda a construir uma sociedade baseada na tolerância e no respeito mútuo”, acrescentou.

Para Francisco, a cidade de Sarajevo, que no passado se tornou um símbolo da guerra, hoje, com a sua variedade de povos, culturas e religiões, pode ser novamente sinal de unidade. “Num mundo infelizmente ainda dilacerado por conflitos, esta terra pode tornar-se uma mensagem: atestar que é possível viver um ao lado do outro, na diversidade mas na comum humanidade, construindo juntos um futuro de paz e de fraternidade”.

E concluiu com palavras de encorajamento: “Todos estamos cientes de que há ainda muita estrada a percorrer. Mas não nos deixemos desencorajar pelas dificuldades, e continuemos com perseverança pelo caminho do perdão e da reconciliação”.

(BS/BF)

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