(RV) Da
Catedral de Sarajevo, Francisco dirigiu-se ao Centro internacional
estudantil franciscano para o penúltimo evento do dia: o encontro
ecuménico e inter-religioso.
O trauma da guerra e suas consequências marcaram as saudações ao Papa
dos quatro líderes religiosos do país: católico, muçulmano, ortodoxo e
judeu.
De modo especial, o Bispo Gregório recorda que o país saiu da guerra
20 anos atrás, mas ainda hoje se fala como se tivesse terminado ontem.
“Isso é compreensível, porque a guerra traz consigo desgraças,
homicídios, tratamentos cruéis contra menores e inocentes.”
Por sua vez, o Arcebispo de Sarajevo, Card. Vinko Puljic, ressaltou
que os quatro líderes não conseguiram deter a guerra nem criar uma
estratégia de paz. “O que podíamos fazer, fizemos: rezamos e invocamos a
paz.” Dois anos depois do fim do conflito, fundaram em 1997 o Conselho
Inter-religioso da Bósnia-Herzegovina. “Ainda há muito por fazer para
realizar um verdadeiro processo de reconciliação, de perdão e de
regresso do espírito de confiança.”
Nesta mesma linha, ao se dirigir aos presentes, Francisco afirmou que
este encontro é sinal de um desejo comum de fraternidade e de paz. “O
facto de nos encontrarmos aqui já é uma ‘mensagem’ daquele diálogo que
todos procuramos e para o qual trabalhamos.”
Na realidade, ressaltou o Pontífice, o diálogo inter-religioso é uma
condição imprescindível para a paz e, por isso, é um dever para todos os
fiéis. Não deve ficar restrito aos líderes religiosos, mas deve
envolver toda a sociedade civil. “O diálogo é uma escola de humanidade e
um factor de unidade, que ajuda a construir uma sociedade baseada na
tolerância e no respeito mútuo”, acrescentou.
Para Francisco, a cidade de Sarajevo, que no passado se tornou um
símbolo da guerra, hoje, com a sua variedade de povos, culturas e
religiões, pode ser novamente sinal de unidade. “Num mundo infelizmente
ainda dilacerado por conflitos, esta terra pode tornar-se uma mensagem:
atestar que é possível viver um ao lado do outro, na diversidade mas na
comum humanidade, construindo juntos um futuro de paz e de
fraternidade”.
E concluiu com palavras de encorajamento: “Todos estamos cientes de
que há ainda muita estrada a percorrer. Mas não nos deixemos
desencorajar pelas dificuldades, e continuemos com perseverança pelo
caminho do perdão e da reconciliação”.
(BS/BF)
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