(RV) O
Papa Francisco recebeu em audiência, na manhã deste sábado 13 de junho,
os membros do Conselho Superior da Magistratura, um organismo da
política italiana, a quem o Papa, no seu discurso, felicitou antes de
tudo pelo encargo atribuído a cada um deles aquando da renovação do
Conselho, encargo que – sublinhou o Papa - é ponto fundamental de
equilíbrio e estabilidade para o exercício da função judicial.
Francisco prosseguiu dizendo que a
jurisdição tem hoje uma complexidade crescente, dada a variedade dos
casos concretos que requerem ser postos em confronto. E citou o caso da
globalização que traz consigo, disse, também aspectos de confusão e
desorientação:
“ … quando ela se torna veículo para
a introdução de costumes, concepções, e até mesmo normas estranhas a um
determinado tecido social resultando na deterioração das raízes
culturais de realidades que, pelo contrário, deveriam ser respeitadas; e
isto, como resultado de tendências pertencentes a outras culturas
economicamente desenvolvidas mas eticamente enfraquecidas”.
Neste contexto de choque profundo das
raízes culturais, é importante que as autoridades públicas, e entre
elas também as autoridades jurisdicionais, usem o espaço que lhes é
concedido para dar estabilidade e tornar mais sólidas as bases da
convivência humana pela recuperação dos valores fundamentais, reiterou
Francisco que para o cristianismo, o fundamento de tais valores está no
amor de Deus, que é inseparável do amor ao próximo.
A partir destas bases, mesmo
fenómenos como a expansão do crime, nas suas expressões económicas e
financeiras, e o flagelo da corrupção, que também afectam as democracias
mais desenvolvidas, podem encontrar uma barreira eficaz, disse
Francisco que também acrescentou:
“É necessário intervir não apenas no
momento da repressão, mas também na educação, orientada de modo
particular às novas gerações, oferecendo uma antropologia e um modelo de
vida capazes de responder às altas e profundas inspirações do espírito
humano”.
Neste trabalho de construção
contribuem também todos aqueles que exercem uma função judicial, disse
Francisco que também observou que neste tempo se coloca maior ênfase no
tema dos direitos humanos, núcleo fundamental do reconhecimento da
dignidade essencial do homem, mas isto deve ser feito sem abusar dessa
categoria querendo fazer entrar nela práticas e comportamentos que, em
vez de promover e garantir a dignidade da pessoa humana, na verdade, a
ameaçam ou mesmo violam.
E acrescentou:
“Não se faz a justiça em abstracto, mas sim considerando sempre o
homem no seu valor real, como ser criado à imagem de Deus e chamado a
realizar, aqui na terra, a sua semelhança”.
A terminar o Papa recordou a figura
de Vittorio Bachelet, Vice-Presidente do Conselho Superior da
Magistratura, assassinado há trinta e cinco anos. Que o seu testemunho
de homem, cristão e jurista continue a animar o vosso empenho ao serviço
da justiça e do bem comum, concluiu Francisco invocando a bênção de
Deus sobre todos e sobre o seu trabalho. (BS)
Sem comentários:
Enviar um comentário