(RV) O
primeiro encontro do Papa Francisco na sua 8ª Viagem apostólica foi com
as Autoridades, no Palácio Presidencial, incluindo os Membros da
Presidência da Bósnia e Herzegovina, o presidente Mladen Ivanic e o
Corpo Diplomático. Sarajevo e a Bósnia e Herzegovina têm um especial
significado para a Europa e para o mundo inteiro, diz Francisco. Esta
cidade sofreu tanto pelos sangrentos conflitos do século passado e
voltou a ser lugar de diálogo e de coexistência pacífica.
Durante séculos nestes territórios
vivem comunidades que professam diferentes religiões e pertencem a
diferentes etnias e culturas, cada uma das quais rica das suas
características peculiares e suas tradições específicas, mas sem que
isso tenha impedido por muito tempo o estabelecimento de boas relações
recíprocas. No seu tecido urbano surgem, a pouca distância umas das
outras, sinagogas, igrejas e mesquitas, de modo que a cidade recebeu o
nome de "Jerusalem de Europa".
Uma encruzilhada de culturas, nações e religiões; e este papel requer
que se construam sempre novas pontes e renovar as já existentes, para
garantir uma comunicação fácil, segura e civil. As pessoas, famílias e
comunidades podem assim transmitir os valores da sua própria cultura e
acolher o bem proveniente das experiências dos outros. Deste modo também
as graves feridas do passado recente podem ser curadas.
O Papa Francisco recorda que a sua
visita acontece 18 anos depois da histórica visita de S. João Paulo II,
em 1997, menos de dois anos depois da assinatura dos Acordos de Paz de
Dayton. Desde então, foram feitos progressos consideráveis, mas há
também passos ulteriores que devem ser feitos para reforçar a confiança e
criar ocasiões para aumentar o conhecimento e respeito recíprocos. Para
facilitar este percurso são fundamentais a proximidade e a colaboração
da Comunidade internacional, nomeadamente da União Europeia e de todos
os Países e as Organizações presentes e que operam no território da
Bósnia e Herzegovina. A Bósnia e Herzegovina é, de facto, parte
integrante da Europa; os seus sucessos e os seus dramas inserem-se na
história dos dramas europeus, e são um sério aviso para que se façam
todos os esforços a fim de que os processos de paz se tornem mais
sólidos e irreversíveis.
A paz e a concórdia entre Croatas, Sérvios e Bósnios, as relações
cordiais e fraternas entre muçulmanos, judeus e cristãos, testemunham ao
mundo inteiro de que a colaboração entre várias etnias e religiões em
vista do bem comum é possível, que um pluralismo de culturas e tradições
pode subsistir e dar vida a soluções originais e eficazes para os
problemas, que mesmo as feridas mais profundas podem ser sanadas por
meio de um percurso que purifica a memória e dá esperança para o futuro.
O Papa Francisco salienta a importância de tudo isso, no contexto da
barbárie daqueles que gostariam de fazer de qualquer diferença um
pretexto para violências cada vez mais brutais. Existe a necessidade
urgente de reconhecer os valores fundamentais da nossa humanidade comum,
valores em nome dos quais se pode e se deve colaborar, construir e
dialogar, perdoar e crescer, em vez de difundir o ódio.
A tarefa e a responsabilidade dos
políticos é de garantir os direitos fundamentais da pessoa humana, entre
os quais o direito à liberdade religiosa, para construir assim uma
sociedade mais pacífica e justa. Para que isso aconteça, é indispensável
a efectiva igualdade de todos os cidadãos perante a lei e a sua
execução, independentemente da sua filiação étnica, religiosa e
geográfica: assim todos, sem qualquer distinção, se sentirão participar
plenamente na vida pública e, gozando os mesmos direitos, poderão dar
activamentea suacontribuição específica para o bem comum.
O Papa sublinhou, por fim, a contribuição da Igreja Católica na obra
da reconstrução material e moral da Bósnia e Herzegovina e a preocupação
da Santa Sé na promoção da paz e da escuta recíproca numa convivência
civil e ordenada, condições indispensáveis para um desenvolvimento
autêntico e duradouro. (BS)
Sem comentários:
Enviar um comentário