(RV) O
último compromisso público do Papa em Sarajevo neste sábado (06/06) foi
no Centro esportivo para jovens da diocese, dedicado a João Paulo II. O
Centro ainda não está pronto; faz parte de um complexo que começou a
ser construído em 2006, após a guerra. Trata-se de um espaço aberto onde
jovens de todas as etnias e religiões socializam, praticam actividades
de desporto e voluntariado, e formação pastoral e religiosa para
católicos.
Ao descer do papamóvel, Francisco foi acolhido pelo Reitor com
algumas crianças e foi acompanhado ao elevador e ao segundo andar. Ali
foi inaugurada uma placa em homenagem a São João Paulo II. Cerca de 800
jovens assistiram a este ato solene.
Como presente ao Centro, Francisco levou de Roma uma estátua (71 cm
de altura) moderna, de bronze, com a imagem de São João Paulo II já
idoso, nos últimos anos de seu Pontificado. A obra foi doada à Santa Sé
pelo Bispo de Chiavari, Dom Alberto Tanasini, e pela comunidade
diocesana, em 1998, e agora foi presenteada pelo Papa Francisco aos
jovens bósnios.
Depois da saudação do bispo Dom Marko Semren, encarregado da pastoral
juvenil, foi a vez de dois jovens do Centro darem seu testemunho ao
Pontífice.
O primeiro, Darko Majstorovic, tem 24 anos, é professor de educação
física e é croata católico. Em seu caminho de busca de si mesmo, da paz e
dos benefícios que esta poderia acarretar, Darko ingressou na
Associação de estudantes católicos Emaús, tornando-se uma parte activa
também do Centro juvenil João Paulo II. Ali encontrou a paz que tanto
procurava.
“A vida comum de respeito recíproco pelas diversidades fez cair e
dissolver a onda de medo que me perseguia. Crescer na fém ajudar os
outros, saber se precisavam de ajuda sem lhes perguntar seu nome são
valores que aprendi neste Centro”, disse. Darko, que hoje é o presidente
da Associação, terminou com o auspício de que a visita do Papa seja um
encorajamento a não temer as diferenças, pois “tolerância e conciliação
são o caminho certo para um amanhã melhor”.
A jovem Nadežda Mojsilović, sérvia-ortodoxa, é a coordenadora do
trabalho com os jovens no programa ‘Caminhemos juntos’, parceria do
templo ortodoxo de S. Vasilij Ostroški, no leste de Sarajevo, com o
Centro católico de pastoral juvenil João Paulo II.
“O projecto – disse Nadežda – reúne jovens de coração aberto aos
outros, convencidos de que esta variedade é a riqueza do povo deste
país. Guiados pelas virtudes comuns, nos esforçamos em ser modelo para
os jovens daqui e de fora. Espero que depois deste nosso encontro com o
Sr., líder da Igreja católica, possamos difundir a forte certeza de que a
paz é a mais alta de nossas aspirações e que preservar nossas almas é
um imperativo para que o amor e a confiança reinem entre nós e
permaneçam nos séculos dos séculos”, completou.
Depois de ouvir os dois testemunhos, o Pontífice fez o seu discurso
lembrando o que São João Paulo II fez pelos jovens, encontrando-os e
encorajando-os em todas as partes do mundo. O Papa convidou as
instituições a colocarem em prática estratégias oportunas e corajosas
para favorecer os jovens na realização das suas legítimas aspirações; e a
Igreja, a dar a sua contribuição com projectos pastorais adequados. No
entanto, ressalvou, a Igreja deve sentir-se chamada a ousar cada vez
mais, partindo do Evangelho e impelida pelo Espírito Santo que
transforma as pessoas, a sociedade e a própria Igreja.
“Também a vocês, jovens, cabe um papel decisivo na resposta aos
desafios do nosso tempo, que são certamente desafios materiais, mas
antes ainda dizem respeito à visão do homem. De fato, juntamente com os
problemas económicos, com a dificuldade de encontrar trabalho e a
consequente incerteza do futuro, nota-se a crise dos valores morais e a
perda do sentido da vida. Diante desta situação crítica, alguém poderia
ceder à tentação da fuga, da evasão, fechando-se numa postura de
isolamento egoísta, refugiando-se no álcool, na droga, nas ideologias
que pregam o ódio e a violência”.
Lembrando aos jovens que estas são realidades que bem conhece porque,
infelizmente, estão presentes também em Buenos Aires, de onde provém,
Francisco os encorajou a não se deixarem abater pelas dificuldades, mas a
fazer surgir sem medo a força que deriva de serem pessoas e cristãos,
sementes de uma sociedade mais justa, fraterna, acolhedora e pacífica.
“Vós sois chamados a esta missão: salvar a esperança, para a qual vos
impele a vossa própria realidade de pessoas abertas à vida; a esperança
que tendes de superar a situação actual, de preparar para o futuro um
clima social e humano mais digno do que o presente; a esperança de viver
num mundo mais fraterno, mais justo e pacífico, mais sincero, mais à
medida do homem”.
Na sequência, o Papa mencionou o Beato Ivan Merz, proclamado Beato
por São João Paulo II em Banja Luka: “Que ele seja sempre o vosso
protector e o vosso exemplo!”.
Enaltecendo ainda o empenho dos jovens no diálogo ecuménico e
inter-religioso, encorajou todos a perseverar nesta obra com gestos
concretos de proximidade e ajuda aos mais pobres e necessitados.
Terminando, recordou que “a juventude não é passividade, mas esforço
tenaz por alcançar metas importantes, mesmo que isso custe; não é fechar
os olhos às dificuldades, mas recusar os comprometimentos e a
mediocridade; não é evasão ou fuga, mas compromisso de solidariedade com
todos, particularmente com os mais frágeis”. Como palavras finais, o
Papa pediu que rezem por ele.
Antes de deixar o local, o Papa Francisco saudou alguns jovens
doentes e, do terraço, concedeu a bênção aos fiéis reunidos fora do
edifício. (BS/CM)
Sem comentários:
Enviar um comentário