(RV) Grande
alegria na chegada do Papa Francisco a Turim, para mais uma visita
pastoral em Itália, desta vez, recordando o bicentenário do nascimento
de S. João Bosco e por ocasião da Exposição do Santo Sudário. A
acolhê-lo estavam o Presidente da Câmara de Turim, Piero Fassino e o
arcebispo da diocese, D. Cesare Nosiglia.
O primeiro encontro do Papa Francisco na cidade de Turim foi com o
mundo do trabalho na Praça junto ao Palácio Real. O Santo Padre ouviu os
testemunhos de uma operária, de um agricultor e de um empresário
têxtil.
No discurso que proferiu o Papa Francisco começou por considerar que
dos testemunhos que ouviu “emerge o sentido de responsabilidade perante
os problemas causados pela crise económica” e testemunham a fé no Senhor
e a unidade da família que são uma grande ajuda e apoio.
O Santo Padre exprimiu a sua proximidade principalmente aos
desempregados e recordou que historicamente Turim é um polo de atração
laboral mas que se está a ressentir devido à crise. O trabalho falta e
as desigualdades aumentaram. “A imigração aumenta a competitividade” –
observou o Papa – “mas os migrantes não podem ser culpabilizados” pois
são vítimas da iniquidade, vítimas das guerras e vítimas de uma economia
que descarta.
Neste ponto da sua alocução o Papa disse não à economia de
descartável que usa e deita fora colocando nesta região mais do 40% dos
jovens no desemprego e a natalidade a nível zero. O Papa disse não à
idolatria do dinheiro, disse não à corrupção e ao conluio com mafias e o
Santo Padre disse ainda não à iniquidade que gera violência. O Papa
recordou D. Bosco dizendo que a prevenção do conflito social faz-se com a
justiça. A situação é complexa mas deve ser enfrentada com a iniciativa
da sociedade – afirmou o Papa Francisco:
“Nesta situação, que não só italiana, é global e complexa, não se
pode somente esperar a ‘retoma’. O trabalho é fundamental – declara-o
desde o início a constituição italiana – e é necessário que a inteira
sociedade, em todas as suas componentes, colabore para que isso seja
para todos e exista um trabalho digno para o homem e para a mulher. Isto
pede um modelo económico que não seja organizado em função do capital e
da produção, mas sim do bem comum.”
“E a propósito das mulheres, os seus direitos devem ser tutelados com
força, porque as mulheres, que também levam um maior peso no cuidado
com a casa, com os filhos e os idosos, são ainda discriminadas, também
no trabalho.”
Formular um olhar amplo e solidário investindo na formação são ideias
que o Papa propôs no seu discurso, pedindo um pacto social e geracional
como a experiência denominada por “Agorà” que está em curso em Turim:
“ Hoje gostaria de unir a minha voz àquela de tantos trabalhadores e
empresários em pedir que possa ativar-se também um ‘pacto social e
geracional’, como indica a experiência do ‘Agorà’, que estais a levar em
frente no território desta diocese. Colocar à disposição dados e
recursos, na perspetiva de fazer em conjunto, é condição preliminar para
superar a atual situação e para construir uma identidade nova e
adequada aos tempos e às exigências do território.”
“É chegado o tempo de reativar uma solidariedade entre as gerações,
de recuperar a confiança entre jovens e adultos. Isto implica também
abrir concretas possibilidades de crédito para novas iniciativas, ativar
uma constante orientação e acompanhamento do trabalho, apoiar a
aprendizagem e a junção entre as empresas, a escola profissional e a
universidade.”
Na conclusão do seu discurso o Santo Padre avançou com uma palavra de incentivo para todos:
“… ‘coragem’. Não significa: resignem-se, mas pelo contrário: ousai,
sede corajosos, sede criativos! Por isto rezo e acompanho-vos com todo o
coração. “ (RS)
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