(RV) Perante milhares de
fiéis reunidos na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco presidiu à
santa Missa neste Domingo de Pentecostes. Na sua homilia, recordando as
palavras do Senhor no Evangelho de hoje «Assim como o Pai Me enviou,
também Eu vos envio a vós (...) Recebei o Espírito Santo», o Papa falou
da efusão do Espírito, que já teve lugar na tarde da Ressurreição, mas
que se repete, e com sinais extraordinários, no dia de Pentecostes. Como
resultado, disse Francisco, os apóstolos receberam uma força tal que os
impeliu a anunciar, nas diferentes línguas, o evento da Ressurreição de
Cristo:
«Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar outras línguas». Juntamente com eles, estava
Maria, a Mãe de Jesus, primeira discípula, Mãe da Igreja nascente. Com a
sua paz, com o seu sorriso e com a sua maternalidade, acompanhava a
alegria da jovem Esposa, a Igreja de Jesus”.
Em seguida, Francisco falou das três acções do Espírito nas pessoas e
comunidades que estão repletas d’Ele: é guia para a verdade completa,
renova a terra e produz os seus frutos (fá-los ‘capazes de receber
Deus’, como diziam os Santos Padres).
Na verdade, explicou o Papa, no Evangelho Jesus promete aos seus
discípulos o Espírito Santo que os «há-de guiar para a verdade
completa», dizendo-lhes que a sua acção será introduzi-los sempre mais
na compreensão daquilo que Ele, o Messias, disse e fez:
“Aos Apóstolos, incapazes de suportar
o escândalo da Paixão do seu Mestre, o Espírito dará uma nova chave de
leitura para os introduzir na verdade e beleza do evento da Salvação.
Estes homens, antes temerosos e bloqueados, fechados no Cenáculo para
evitar repercussões da Sexta-feira Santa, já não se envergonharão de ser
discípulos de Cristo, já não tremerão perante os tribunais humanos.
Graças ao Espírito Santo, de que estão repletos, compreendem «a verdade
completa», ou seja, que a morte de Jesus não é a sua derrota, mas a
máxima expressão do amor de Deus; um amor que, na Ressurreição, vence a
morte e exalta Jesus como o Vivente, o Senhor, o Redentor do homem, da
história e do mundo. E esta realidade, de que são testemunhas, torna-se a
Boa Notícia que deve ser anunciada a todos”.
O Espírito Santo, além de ser guia,
renova a terra, prosseguiu o Papa, reiterando que Espírito que Cristo
enviou do Pai e o Espírito que tudo vivifica são uma só e mesma pessoa. E
por isso, o respeito pela criação é uma exigência da nossa fé: o
«jardim» onde vivemos é-nos confiado, não para o explorarmos, mas para o
cultivarmos e guardarmos com respeito. Mas isto só será possível, se o
homem se deixar renovar pelo Espírito Santo, se se deixar re-plasmar
pelo Pai segundo o modelo de Cristo, novo Adão, para podermos viver a
liberdade dos filhos em harmonia com toda a criação e, em cada criatura,
podermos reconhecer o reflexo da glória do Criador.
Por último, o Espírito “dá os seus
frutos, disse ainda o Papa, citando a Carta aos Gálatas na qual São
Paulo mostra o «fruto» que se manifesta na vida daqueles que caminham
segundo o Espírito:
“Temos, duma parte, a «carne» com o
cortejo dos seus vícios elencados pelo Apóstolo, que são as obras do
homem egoísta, fechado à acção da graça de Deus; mas, doutra, há o homem
que, com a fé, deixa irromper em si mesmo o Espírito de Deus e, nele,
florescem os dons divinos, resumidos em nove radiosas virtudes que Paulo
chama o «fruto do Espírito»”.
O mundo tem necessidade de homens e
mulheres que não estejam fechados, mas repletos de Espírito Santo, disse
ainda o Papa, acrescentando que o fechamento ao Espírito não apenas é
falta de liberdade, mas também pecado, e elencando os modos como nos
podemos fechar ao Espírito:
“Há muitas maneiras de fechar-se ao
Espírito Santo: no egoísmo do próprio benefício, no legalismo rígido –
como a atitude dos doutores da lei que Jesus chama de hipócritas –, na
falta de memória daquilo que Jesus ensinou, no viver a existência cristã
não como serviço mas como interesse pessoal, e assim por diante. O
mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos
discípulos de Cristo. O mundo precisa dos frutos do Espírito Santo:
«amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, autodomínio»”.
O dom do Espírito Santo foi concedido
em abundância à Igreja e a cada um de nós, para podermos viver com fé
genuína e caridade operosa, para podermos espalhar as sementes da
reconciliação e da paz, disse o Papa a concluir, invocando para que,
fortalecidos pelo Espírito e seus múltiplos dons, nos tornemos capazes
de lutar, sem abdicações, contra o pecado e a corrupção e dedicar-nos,
com paciente perseverança, às obras da justiça e da paz. (BS e DA)
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