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REPORTAGEM FOTOGRÁFICA
1.º ENSINAMENTO
O Grupo de Oração
‘Verdade e Vida’ - Ota, entendeu como importante, assumir (dentro do possível)
a responsabilidade da passagem a texto, do conteúdo das suas gravações
relativas aos ensinamentos deste Encontro Regional de Formação, introduzindo
apenas algumas e necessárias adaptações textuais (sem alteração do sentido) e
essencialmente, eliminando tudo o que entender como de foro pessoal neles constantes,
para então poder concretizar o objetivo:
Partilhá-los convosco.
Obviamente, este é
um trabalho moroso (essencialmente por não possuirmos qualquer forma de
passagem de som a texto), pelo que pedimos a vossa compreensão.
Assim, damos início ao 1.º ensinamento:
«O Espírito Santo
é o Amor em pessoa, é o Amor do Pai que ama, que gera, é o Amor do Filho amado
que é gerado e é esta corrente de Amor que liga o Pai ao Filho e o Filho ao Pai
que é o Espírito Santo.
O Espírito Santo
não é o que Ama, nem é o que é Amado. Ele é simplesmente Amor.
Quando falamos
nas três Pessoas, falamos do Amante que é aquele que é a Fonte do Amor e é o
Pai; falamos do Amado que é Aquele que desde sempre é destinatário do Amor que
vem da Fonte, que é o Filho, e falamos do Amor, que é O que ama e O que é
amado, e é portanto, o Amor unificante que é o Espírito Santo, e é este amor em
pessoa que nos faz filhos no Filho que depois gera em nós aqueles gemidos
inefáveis, fazendo-nos aclamar Ábba, Pai.
De facto é este
Amor em pessoa que é capaz de gerar em nós uma vida diferente e nova, quando
nos deixamos conduzir por Ele, porque quando nos deparamos com este mistério do
Espírito Santo, temos sempre muitas dificuldades em nos exprimirmos por
palavras humanas.
Os próprios
autores bíblicos se depararam também com esta dificuldade e tentaram exprimir a
sua fé, recorrendo a muitas expressões e todas elas verdadeiras, sem dúvida.
Há
aproximadamente cinquenta títulos atribuídos ao Espírito Santo, ao longo de
toda a Bíblia e cada um deles nos revela um aspeto da Sua pessoa e da Sua ação,
porque cada um destes títulos nos revela a forma como Ele age e também, como
Ele é.
Não vamos entrar
por aqui, porque não é esta a finalidade deste ensinamento, contudo deixa-se
duas palavras muito queridas que aparecem variadíssimas vezes na evocação
inicial dos nossos grupos de oração.
A primeira
palavra, ‘ESPÍRITO’ é a tradução do antigo testamento da palavra hebraica
‘Ruah’, e no Novo Testamento, da palavra, ‘PNEUMA’ e estas palavras muitas
vezes também são traduzidas, como o ‘Sopro’, o ‘Vento’ e isto porquê? Por nos
dizer a nós, quando O evocamos no início de uma oração, no grupo de oração, é o
Espírito que vem do alto e que impele para o alto, é o sopro de Deus que
levanta. Não é o sopro de Deus que nos amarra e que nos deita abaixo, pelo
contrário, Ele levanta-nos.
Se repararmos,
foi inventado um método de trazer à superfície os objetos que estão depositados
no fundo do mar, e este é um método muito simples consistindo apenas em colocar
ar dentro deles, e este ar vai desprendê-los do fundo e pouco depois irá
empurrá-los para a superfície.
Ora, é um pouco
isto, quando evocamos este Sopro, no início da oração e é este o Sopro que nos
levanta da profundezas da nossa existência, dos problemas do nosso dia a dia
que muitas vezes nos leva a chegar ao grupo, carregados de dificuldades, de
dores, de sofrimento, e que à vezes, até já trazem muita coisa, para pedir,
para dizer, portanto, já vamos para o grupo com muita carga dentro de nós;
emoções, palavras, ideias, conceitos, e é preciso de facto desprender-nos
dessas profundezas, do que há de mais humano em nós, para irmos para o alto,
para podermos estar em contacto mais íntimo, com Deus, na pessoa de Jesus
Cristo, na força e no poder do Espírito Santo.
Esta é a ideia
central, é o poder do Invisível, o Espírito Santo, e o estudo do Espírito Santo
de Deus é importante, devido a quem É e o que Ele fez e fará, e Isto constitui
algo que nós, continuamente temos que fazer, esse estudo, de quem Ele é, o que
é que Ele faz, o que é, e o que é que Ele fará ainda de novo na vida de cada um
de nós, na vida de todos.
Concretamente
este é um dos principais objetivos desta formação, que é o reconhecimento da
presença e da ação do Espírito Santo na vida da Igreja, na vida dos nossos
grupos de oração, na vida de todos, de cada um e de cada um de nós.
Não temos dúvida
que quando estamos a evocar o Espírito Santo, no início das nossas orações, no
início de uma formação estamos a fazê-lo porque Ele nos faz filhos do Pai,
filho0s do Filho do Pai, como foi referido atrás, somos filhos no Pai, Pai de
eterna bondade, e de facto, nós temos aquela passagem bonita da Carta aos
Romanos, em que S. Paulo nos diz “haveis de seguir o Espírito de filhos
adotivos e por Ele aclamamos Abba Pai”
Anastácio diz uma
coisa muito bonita que é, ‘por meio do Espírito Santo, todos nós somos chamados
a participantes de Deus, a começar a fazer parte da natureza Divina, mediante a
participação do Espírito’, e por isso, quando entramos no grupo de oração,
evocamos o Espírito Santo. Há quem diga, “para quê evocar o Espírito Santo, se
todos nós já O recebemos?”, mas temos que ter esta consciência de que Ele está
em mim, que me fez filho, no Filho, que me fez filho no Pai e que é através
dEle que eu vou aclamar Abba Pai e que me vai descentrar de mim, das minhas
coisas, das minhas preocupações, e por isto, já não sou eu, mas sou eu nessa
Família, sou eu já filho do Pai, não sou eu individualmente, não sou eu,
enquanto pessoa que ali estou. Já sou um membro dessa Família, e a presença do
Espírito pode chamar-se então, esta graça santificante, porque se é certo que
somos part9icipantes da natureza Divina, como diz S. Pedro, na 2.ª Carta, 1, 4
‘isto só é possível mediante a santificação do Espírito Santo’.
Nós, pelo
Espírito, subimos até ao Filho e através do Filho, chegamos ao Pai. Diz Santo
Irineu: “tornamo-nos filhos no Filho” e esta consciência é extremamente
importante para termos outra relação com Deus, nos nossos grupos de oração; já
não sou eu sozinho, somos todos, já não sou as minhas coisas, a minha história
e o meu problema, mas já sou eu, nesta relação com o Filho que me faz filho do
Pai.
O Espírito santo
não só nos torna filhos do Filho, mas também favorece esta relação, esta
experiência, concedendo-nos estes sentimentos filiais.
Portanto, eu
tenho a consciência, quando evoco o Espírito Santo de que sou o filho, mas não
chega só isto, é que o Espírito Santo também favorece esta experiência de
conceder os sentimentos filiais, e assim, eu não um qualquer, um órfão, que ali
está, que chega ali ao grupo com as suas coisas, os seus pedidos, com a sua
forma de querer rezar daquela maneira, de querer dizer aquilo, mas o próprio
Espírito me concede destes sentimentos filiais, para eu ter uma relação muito
mais intensa, muito mais profunda, muito mais espontânea, com o Pai, e
libertar-nos também de muito tipo de oração mecânica, porque nós não estamos
profundamente relacionados com Deus.
Uma grande parte
de nós tem uma ideia errada de Deus. Muitos de nós ainda não O vemos como Pai,
e portanto, como é que nos podemos considerar filhos, como é que podemos ter
esta relação íntima com Ele. Muitas vezes, nós estamos pro-batizados, às vezes
até, com relações com o nosso próprio pai e que nos projeta também depois, para
não termos a relação íntima com Deus, como Pai.
Temos que pedir a
Deus que nos vá libertando de muitos traumas que fomos adquirindo ao longo da
nossa vida; às vezes um pai mais austero, mais prepotente, autoritário, e
portanto, nós temos muita dificuldade.
Se calhar às
vezes é mais fácil dirigir-nos ao Espírito Santo e andarmos sempre à sua volta,
e o Pai é assim uma figura mais distante: ficas aí, mas o Espírito leva-nos,
por e pelo Filho, ao Pai, de maneira que, outra razão de evocarmos o Espírito
Santo, no início, é que de facto, Ele é o mestre interior que nos faz conhecer
o próprio Pai.
Nós só somos
filhos no Filho e para sermos filhos de facto, para sermos na totalidade, temos
que conhecer o Filho, o Filho verdadeiro que é Jesus Cristo, para depois nos
identificarmos à Sua imagem e semelhança, e é o Espírito, o Paráclito que nos
ensinará e nos recordará tudo o que Ele nos disser, diz Jesus Cristo, através
de S. João, 15, 26, e portanto, o facto do Espírito Santo, ao evocarmos, vir em
nosso auxílio, nós descentramo-nos de nós próprios e centramos no verdadeiro
Filho que é Aquele que nós queremos ser também, como diz S. Paulo, “até
alcançarmos a estatura de Cristo, para sermos um verdadeiro filho, para
estarmos em comunhão absoluta com o Pai”. Neste momento, também não nos é
revelado tudo, ainda não conseguimos tudo, mas o Espírito já faz grandes coisas
em nós, através dos tais gemidos inefáveis e que só através dEle é que podemos
dirigir-nos ao Pai, mas temos que conhecer este Filho, para sermos como Ele,
para ouvirmos mais tarde e seguirmos com o mandato que Ele nos dá, com a força
e com o poder do Espírito, Curar os enfermos, libertar os cativos, dar vista
aos cegos, fazer andar os paralíticos, mas só conhecendo o Filho, depois da
força do Espírito Santo, podemos ser a Sua verdadeira imagem e semelhança, ser
como Ele e ser filhos do Pai.
Muitas vezes
refugiamo-nos nesta imagem do filho adotivo e que nos serve em alguns momentos
de adotivo, mas vejamos noutra perspetiva, o filho adotivo é o filho que é o
filho amado, porque nós vemos o filho adotivo como algo de estranho, quando
lemos estas passagens do filho adotivo.
Felizmente e
graças a Deus não aconteceu com nenhum de vós, mas há muita gente que foi fruto
do acaso, não foram desejados, aconteceu, mas aquele que é adotado, é desejado,
porque ninguém adota algo que não deseja, e é nesta perspetiva que nós somos
muito queridos, muito desejados por Deus, porque Ele fez de nós, filhos no
Filho.
Mas este
Espírito, também quando O evocamos no início das nossas orações, no início da
manhã, quando fazemos a nossas orações pessoais, é o Espírito que dá a vida. A
carne não aproveitar nada, diz S. João, Cap. 6, 63, e de facto, se repararmos
há uma expressão muito bonita que naquele momento da Cruz, a expressão
‘entregou o Espírito’, em que este entregar do Espírito tem sempre um duplo
significado, tem um significado muito natural que significa, deu o último
suspiro, morreu, mas depois tem um significado mais místico que é, deu o
Espírito Santo, e o último suspiro de Jesus, é o primeiro suspiro da Igreja,
porque Ela começa a partir daí, daquele momento, porque simboliza a água e o
sangue que é derramado, brotando do lado de Jesus Cristo.
Façam esta
analogia também. Hoje há muitas, mas a espiritualidade ange algo de
extraordinário e hoje só vos vou contar duas.
Lembram-se de
Nicodemos: ‘como é que eu sou velho posso nascer de novo’ (Jo 3, 4), renascer
da água e do Espírito. Ora este último suspiro, esta dádiva do Espírito Santo,
a morte de Jesus Cristo, é o início de uma nova vida para nós.
Ao evocarmos o
Espírito, no início da oração, eu tenho a noção de que estou a renascer.
Naquele momento, são as minhas feridas que estão a ser curadas, são aqueles
traumas mais longínquos que estão a ser pacificados, porque não tenham dúvidas,
o passado não pode ser apagado mas, ele faz parte da nossa história, e nós
somos totais, somos o nosso passado, somos o nosso presente, e não podemos
pegar ali em algumas páginas da nossa história e arranca-las, destruí-las, como
se elas não existissem, porque vamos ser sempre amputados de algo e nunca
seremos felizes. Por isso, o que é que se pretende, o que é que Deus nos disse
com isto ‘nascer de novo’, ‘renascer’? É poder ficar livre das cadeias do
passado que nos foi ao longo do tempo criando medos, vergonhas, complexos e que
este passado não tem interferência na nossa vida do presente, pelo que, é
preciso necessário renascer, ser uma nova criatura, mas atenção porque aqui há
uma coisa extraordinária, até porque isto não é recauchutar, é sim, renascer
uma criatura nova, com este sopro do Espírito Santo. Ele pode-nos fazer
criaturas novas, purificadas com a nossa história do nosso passado, vivendo o
nosso presente, livres de todas estes constrangimentos, vivendo em plenitude,
vivendo a vida e a vida em abundância, e isto é tão ou mais importante porque
mesmo nos grupos de oração, mesmo na nossa oração, porque ela é também o
reflexo do nosso dia a dia.
Se chegarem a
tempos, aos verbos, se estiverem atentos às ideias porque passamos, vão ver que
a maior parte daquilo que dizemos, daquilo que sentimos e daquilo que vivemos
está no passado.
Nós vivemos
agarrados ao passado: “Antigamente é que era bom!”, “não havia nada disto!”…,
depois vivemos algum tempo no futuro (para aí 24%): “E se fico desempregado!”,
“Está-me a dar uma dor e se calhar isto é cancro!”, “Ai os meus filhos, o que é
que será deles!, “não ter emprego e se se vão separar, coitadinhos dos meus
netinhos!”, e estamos a sofrer lá à
frente e as coisas não aconteceram, mas estamos a sofrer por antecipação, e
provavelmente vivemos 1% no presente, quando este Espírito quer que vivamos o
presente, o aqui e agora, nesta relação íntima com o Pai, em Jesus Cristo, por isso
Aquele que ressuscitou Jesus Cristo de entre os mortos dará também a vida aos
vossos corpos mortais, porque o seu Espírito habita em nós, diz S. Paulo, na
Carta aos Romanos, 8, 11, e de facto é isto que acontece meus irmãos, o
Espírito Santo já foi derramado em nós mas lamentavelmente verificamos que a
maior parte de nós não O manifestámos, ou ainda, não fizemos esta experiência
arrebatadora da ação do Espírito Santo nas nossas vidas; o poder do Espírito
ainda não foi libertado; revelado nas nossas vidas.
Lembremos como
exemplo, a chávena de café, em que se põe açúcar mas não o mexemos e quando se
vai a tomar, é uma desilusão, porque está amargo, por não ter sido mexido com a
colher, e a solução não é introduzir-lhe mais um pacote, mas sim, mexer o
líquido na chávena.
A chávena é como
a Igreja, como o grupo de oração, o líquido somos nós, o açúcar é o Espírito
Santo que é preciso mexer para que Ele dê um novo sabor à nossa vida.
O que nós vemos
muitas vezes, são pessoas que não mexem este açúcar; são sem sabor, nem estão
quentes nem estão frias, nem vão para a esquerda ou para a direita, porque
ainda não estão disponíveis a fazer esta experiência da ação do Espírito Santo,
porque é o Espírito que está em nós que gere, é como uma semente de vida que
pouco a pouco, com a nossa colaboração se desenvolve até nos transformar noutro
Cristo, até sermos o verdadeiro filho; até chegarmos à estatura do Filho, mas é
com a nossa colaboração.
O Espírito Santo
não se vai impor a nós, e ao evoca-lo, estamos de certa forma a dizer: eu estou
aqui, eu quero, conta comigo, vem, vem ajudar-me a tornar-me outro Cristo, sua
imagem e semelhança, e é pois pelo Espírito Santo que nos vamos transformando,
sempre nessa imagem mais resplandecente, pela Sua ação, e quando isto acontece,
vamos tornando esta imagem mais resplandecente e saímos do grupo, com os olhos
a brilhar, os olhos proféticos, com um sorriso rasgado.
Quando não
fazemos esta experiência, saímos do grupo de oração como se fosse de uma Missa
de sétimo dia, não há brilho, não há sinal profético, não há esperança, e por
isso o Espírito quando O evocamos, também fortalece esta nossa vida interior,
porque segundo a riqueza da Sua glória nos conceda ser poderosamente
fortalecidos no homem interior, pelo seu Espirito, diz S. Paulo, na Carta aos
Efésios, 3, 16. Ele transforma-nos em criaturas novas e por isso diz-nos no 1.º
livro de Samuel, 10, 6 ”Invadir-se-á então o Espírito de Avé e terá mudado em
outro homem”, serás outro homem, se tiveres este Espírito de Avé, e nós mudamos
a partir de dentro, a partir do interior, embora o mundo nos queira dizer que é
ao contrário, que é através das plásticas, que é através das dietas, que é
através da ginástica, que é através não sei de quê que se muda, que nos
tornamos mais belos, que nos tornamos diferentes, mas a mudança começa a partir
de, através do homem interior que depois transmite ao homem exterior, mas muitas
vezes nós não queremos que esta mudança comece no interior, porque ouvimos
inúmeras vezes as censuras do nosso coração, ouvimos as censuras da nossa
consciência, porque esta mudança nos confronta e às vezes vem esta voz de
censura do interior, porquê? Porque pelo Espírito, Deus sabe tudo o que
acontece e Ele é Amor, Ele é pois, muito mais perspicaz e muito mais indulgente
do que a nossa própria consciência, porque Ele é maior do que o nosso amor.
Eu posso ser
muito masoquista, gostar muito de mim, colocar-me à frente de tudo e de todos,
mas Ele ainda é muito maior do que o meu amor. Eu posso amar alguém
desesperadamente, ao ponto de dar a vida por ele, mas Deus ainda é muito maior
do que este amor, do que este coração.
Lembram-se que
David foi de certa forma mimadamente honesto, quando pediu ao Senhor, ‘quem há
que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que são ocultas. Salmo
19, 13, e ninguém consegue discernir totalmente os seus erros, mas ao darmos
ouvidos à voz do Espírito, nós seguimos a Sua direção, as áreas da nossa vida
que são invisíveis para nós, serão refinadas e sublimadas pelo Espírito.
Porque é que eu
vos digo isto?
Porque isto é
extremamente importante quando evocam o Espírito Santo, porque muitas vezes nós
fazemos uso do Espírito Santo para fazermos a nossa vontade, para fazermos o
que queremos e continuamos no erro porque dizemos: foi o Espírito que me
inspirou; é o Espírito que me diz para fazer isto; é o Espírito que me inspira
para dizer aquilo, e provavelmente estamos a insistir no erro e precisamos que
este Espírito então venha a estas áreas mais invisíveis da nossa vida, aquelas
que nos estão às vezes ocultas, porque muitas vezes a nossa personalidade, a
nossa maneira de ser, os nossos quadros mentais têm muito a ver com as
experiencias que fizemos, com a vida que tivemos, com a educação que tivemos e
por isso podemos pensar que estamos certos e não estás, mas teimosamente
permanecemos no erro e precisamos, tal como aquele líquido que se põe nas
fotografias e que faz com que a imagem vá aparecendo, precisamos que o Espírito
Santo vá revelando-nos também estas áreas mais ocultas, para podermos também
nos libertar desses erros, dessas falhas, para seguirmos num caminho de perfeição
e aceitarmos às vezes com humildade, que não é aquilo que o Espírito quer
naquele momento de oração, se calhar não é aquele cântico mas é o cântico do
irmão que está ao lado, se calhar não é o momento que eu queria até profetizar,
mas não é a minha profecia, é a profecia do que está ao meu lado, se calhar não
é meter a toda a força o meu pedido, mas se calhar até é um pedido do meu irmão
que é muito mais importante que seja feito e que tenha (…) de todos.
Por isso, como
afirma S. Paulo, ‘todos nós, com o rosto descoberto refletimos a glória de Deus’,
que como um espelho somos transformados de glória em glória na Sua própria
imagem, com um esplendor cada vez maior, porque é o Espírito que o realiza (2
Cor 3, 18); é o Espírito Santo que ao invocá-lo, reza em nós e connosco; é o
Espírito Santo que nos leva à união da alma com Deus.
Nós, por nós
próprios, até podemos pronunciar palavras e é o que acontece muitas vezes na
oração, em que pronunciamos apenas palavras, mas isto não é rezar, é
pronunciar, é debitar palavras.
Por exemplo, a
oração enquanto busca união com Deus, é sempre um Dom do próprio Deus, e também
aqui se exige a nossa colaboração, porque na fraqueza, na incerteza, nós
experimentamos (todos vocês, eu próprio)
muitas dificuldades na oração. Desconhecemos o que devemos pedir, mas nem por
isso, nem o medo, nem o desânimo, nem a incerteza nos pode levar a desistir.
Porquê?
Porque o Espírito
vem em ajuda da nossa fraqueza. Nós não sabemos pedir como nos convém, mas o
próprio Espírito intercede com gemidos inefáveis, porque Ele conhece os nossos
corações, Ele sabe quais são as nossas aspirações, e o Espírito intercede em
nosso favor, segundo o próprio Deus, como diz S. Paulo na sua Carta aos
Romanos, 8, 26-27, e quando O invocamos, nós temos a certeza que a partir daquele
momento, é o Espírito que ora em nós e connosco; já não somos nós a debitar
palavras, a debitar coisas que ao longo da semana fomos fazendo.
Graças a Deus não
está aqui ninguém daqueles que até escrevem ao longo da semana aquilo que irão dizer
(há pessoas que até escrevem). Há quem
já saiba e que afirma no seu íntimo, ‘eu vou ter que dizer isto.’, e é
engraçado porque ficam num alvoroço enquanto não o dizem, e até pode ser um
pedido, e entretanto acham que vai ter de entrar nem que seja num momento de
louvor, portanto descontextualizado, por estar fora do momento, mas a pessoa
estava tão ansiosa e até já tinha aquilo preparado há não sei quantos dias, alvoroçada,
ao surgir um silêncio, “pás, aí vai ele!...”. Isto são palavras.
A partir do
momento em que o Espírito Santo está connosco, então é Ele que reza em nós e
reza connosco.
Ninguém pode
dizer Jesus Cristo, senão através do
Espírito Santo.
Qualquer forma de
oração, seja oração de louvor, seja oração de ação de graças, de súplica, de
cura, de libertação, todas elas são feitas no Espírito Santo, e só assim nos
tornaremos autênticos adoradores em espírito e verdade, como diz Jesus Cristo à
samaritana (Jo 4, 24), evitando orar como os pagãos.
Só assim nós
seremos filhos no Filho.
Lembram-se do
hino Veni Creator? É extraordinário também o que aconteceu a partir daí. Há
quem considere, e eu também, que é aqui que nasce o Renovamento com este hino
de entrega ao Espírito Santo no século XX, esta entrega, esta doação ao
Espírito e o Espírito fês coisas indescritíveis que foi para além do que
podíamos imaginar.
A própria
imposição das mãos quando nós rezamos e impomos as mãos, que tem um valor
altamente simbólico, não é um valor de tocar a pessoa, claro que em termos
humanos o toque é importante porque envolvemo-nos também com a pessoa, mas se
estamos a rezar pela pessoa e não a tocamos, até dá a sensação que ela pediu
qualquer coisa. Não tem lepra, porque já não há mas há qualquer coisa; parece
que às vezes há qualquer coisa que repulsa, e nós temos que mostrar à pessoa
que estamos com ela. O toque, a carícia é extremamente importante, porque nós gostamos
de tocar uns nos outros, uns mais, outros menos e aqueles que são menos, se
calhar tivemos problemas também com o próprio corpo e por aí fora, mas é este
ato de imposição de mãos, não é tanto por aí, embora seja importante a pessoa
sentir-se tocada, sentir-se acolhida, mas é altamente simbólico porque nos
recorda a imagem de Jesus Cristo que nos cobre com a sua sombra, como diz S.
Lucas 1, 35 - “cobriu Maria com a sua sombra”, lembra também que o Espírito
pairava sobre as águas, no Livro do Genesis 1, 2 e portanto, no original o
termo traduzido por ‘pairar’, ‘pairar sobre as águas’, significa cobrir com as
próprias asas.
O que é que
significa isto, ‘cobrir com as suas próprias asas’? No fundo é o chocar, é o
que a galinha fás com os seus pintainhos, por isso é que recorda a expressão
“ser mãe galinha”, é de cobrir, é Deus como mãe que nos cobre quando nós
evocamos o Espírito e é o Espírito que vem e que nos cobre, como nós cobrimos
aquele que mais precisa, sobre quem estamos a rezar naquele momento e por isso,
Tertuliano tem uma expressão muito bonita em que diz: “A carne recebe a sombra
da imposição das mãos, para que a alma seja iluminada pelo Espírito”; cobre-nos
com a sombra para que a alma seja iluminada pelo Espírito.
Isto parece um
paradoxo, então como é que a sombra vai iluminar! Mas esta imposição das mãos
ilumina a sombra. É como a nuvem que seguiu o Povo eleito, no Êxodo, como
aquela que envolve também os discípulos no Tabor, a nuvem luminosa que os
cobriu e que nos cobre também a nós com a sua sombra.
Por isso, cada
vez que o Espírito Santo entra na nossa vida, Ele produz esta mudança. É uma
sombra que nos cobre mas que nos ilumina a partir do interior; nos ilumina a
alma através do Espírito Santo e por isso seremos resplandecentes também, e esta
luz ao descobrir depois no grupo, se manifesta por exemplo, para quem anima o
grupo através da sabedoria para poder liderá-lo, através da alegria, para
animar com os cânticos. Deus vem em auxílio, depois da nossa fraqueza, porque nos
cobre e nos ilumina, e mesmo o Espírito que nos inspirou a Palavra e é a
Palavra que dá o Espírito (de que falaremos da parte da tarde), mas Ele inspira
a Palavra e depois é a própria Palavra que dá o Espírito Santo, e por vezes, um
novo poder de louvor se manifesta nos nossos grupos, através das línguas, num
louvor intenso e profundo, uma nova capacidade de anunciar e de entender a
Palavra de Deus e depois, através dEle, também somos chamados a não ficar só no
grupo, mas a sair do grupo e levá-Lo, anunciando Jesus Cristo, e aqui deixem-me
dizer-vos, temos que renunciar quando evocamos o Espírito Santo; renunciamos ao
individualismo religioso, renunciamos a ser o maior discípulo, renunciamos a
ser o melhor servidor, renunciamos a ter o melhor grupo de oração, porque
prejudica e nos coloca numa posição de concorrência com os outros e esta
concorrência afeta a unidade, afeta a comunhão e por isso é que às vezes há
coisas que não correm bem, há ciúmes espirituais, há ciúmes de carismas, há
ciúmes dos grupos: aquele tem tanta gente e o nosso não tem ninguém…
Somos todos
membros do Corpo de Cristo e ao mesmo tempo, membros uns dos outros. Não
tenhamos aquela ideia de que só somos membros de Cristo. Cristo é a cabeça mas
nós também somos membros uns dos outros.
Assim, como eu
preciso de todos no grupo, todos no grupo precisam de mim e mediante o poder e
a força do Espírito, depois, aquilo que se passa no grupo de oração chega a
todas as direções; chega ao local de trabalho, chega à família, porque no
fundo, é um pouco isto, vejam o Pentecostes, o que é que o Pentecostes fás? O
Espírito Santo vence medos, transforma vidas e por isso Pedro que era um
medroso, prega a Palavra e converte três mil duma vês, e depois tem a coragem
para levar até ao fim o projeto de Deus.
Isto que nós
ouvimos é uma passagem muito bonita: ‘Isto que nós ouvimos, isto que nós vimos
com os nossos próprios olhos, isto que as nossas mãos tocaram, isto mesmo
também anunciamos.’
É através do
Espírito Santo que nós depois fazemos isto nos nossos locais de trabalho, na
nossa família e é o Espírito que outorga os discípulos à imagem e semelhança de
Deus, e é por isso que nós recebemos este mandato de Deus, para, na força e no
poder do Espírito Santo, curar enfermos, libertar os cativos, dar vista aos
cegos, fazer andar os paralíticos e ser portadores da Paz.
Lembram-se do que
o Senhor disse a Moisés, “Ungirás Araão e os seus filhos, consagrá-lo-ás ao meu
ministério”, Livro do Êxodo 30, 30.
Isto é também um
pouco daquilo que o Espírito nos pede, quando animadores dos nossos grupos: confirmar
os carismas de todos os membros e motivá-los ao seu exercício, não só em
exercício dos carismas no grupo de oração, mas em todo o momento, com
discernimento e retendo sempre aquilo que é bom, sem extinguir o fogo do poder
do Espírito Santo. É por isso é que quando evocamos o Espírito Santo nos nossos
grupos, nas nossas orações, este Espírito faz-nos viver com alegria e
esperança. Naquela hora Jesus sentiu-se invadido de gozo no Espírito e disse
“”Eu te bendigo ó Pai” Lucas 10, 21, sentiu-se invadido de gozo no Espírito; os
frutos do Espírito que nós conhecemos, a paz, o amor, a alegria. S. Paulo
fala-nos naqueles nove, na carta aos Gálatas 5, 22, e por isso a Igreja usava
da paz e se fortalecia cheia de consolos do Espírito Santo, Atos 9, 31.
Isto deveria
acontecer nos nossos grupos de oração. Nós deveríamos dizer o mesmo e os nossos
grupos gozariam então de paz e se fortaleciam cheios dos consolos do Espírito
Santo: das graças, das bênçãos, dos prodígios do Espírito Santo. E os discípulos
ficavam cheios de alegria no Espírito Santo. Lembram-se quando falámos no óleo
da unção? É a expressão de alegria, da paz; a unção do Espírito Santo.
Nós devia-mos
sair, se calhar, no final das nossas orações, quase como que abençoando-nos uns
aos outros, fazendo um sinal, quase que ungidos por cada expressão de alegria e
da paz e por isso é que esta unção ao longo da história, não admira que significasse
a dignidade e a beleza conferida pelo contacto com Deus.
Se eu estou no
grupo de oração e o Espírito Santo me leva a ser filho no Filho, para ser filho
do Pai, neste contacto tão profundo, eu tenho que sair daqui com esta dignidade
de filho e esta dignidade também me confere a alegria, esta esperança, e esta
alegria e esperança interior vai-se transmitir exteriormente, na beleza, ao
ponto de que nesses dias, tal como eu acho, as senhoras quando vão ao grupo de
oração, antes de irem, é o dia em que os maridos ficam mais “chateados”: Lá vai
ela outra vez para o grupo de oração! Não sei o que é que ela tem lá tanto que
fazer! E isto e aquilo e aquele outro… mas de certeza é o dia em que eles ficam
mais contentes, depois de vocês regressam, porque veem com outra beleza e a paz
é o regresso ao primeiro amor. Esta é a beleza que o Senhor nos dá através
desta unção; esta esperança e esta alegria interior que depois transmite-se ao
exterior.
Como eu vos
dizia, a mudança não é pelo exterior, é sim, pelo interior e que depois
extravasa para o exterior tornando-nos mais belos, levando-nos a gostar mais de
nós próprios e ao gostarmos de nós próprios temos a certeza que Deus nos ama
tanto que nos deu tudo o que tínhamos de melhor e com este contacto, sendo
filhos no Filho, que acabou de dizer, ó meu Pai, olha eu Te agradeço; eu gosto
do corpo que Tu me deste; eu gosto da inteligência que Tu me deste; eu gosto
dos dons que Tu me deste; dos carismas que Tu me deste; gosto do ministério que
Tu me chamas, porque tu me deste tudo o que tinhas de melhor; Tu me deste a tua
essência. Eu sou teu e por isso, isto leva-me a gostar mais de mim mesmo e ao
gostar de mim, eu vou aceitar que os outros gostem de mim e vou gostar também
dos outros.
Termino
dizendo-vos, tal como os autores do Credo Niceno, e podemos dizê-lo todos
juntos:
Creio no Espírito
Santo, o Senhor que dá a vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o
Filho é adorado e glorificado.
E por isso, agora
quando chegarem aos grupos de oração, ao evocarem o Espírito Santo, digam:
Bem-vindo
Espírito santo às nossas vidas!
Bem-vindo aos
nossos grupos de oração!
Bem-vindo ao
Renovamento Carismático!
Bem-vindo nesta
manhã!
Bem-vindo sejas
Espírito Santo!
Ao Senhor Jesus Cristo
que é o Deus santo, o Deus forte, o Deus imortal, a Ele toda honra, toda a
glória e todo o poder, pelos séculos dos séculos. Amém.
TERMINADO ESTE 1.º ENSINAMENTO, OS RESTANTES (DENTRO DO POSSÍVEL) TERÃO
CONTINUIDADE, EM CONFORMIDADE COM A DISPONIBILIDADE DE TEMPO
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