(RV) Na manhã desta terça-feira, às 11,30 horas de Roma, realizou-se na
Sala de Imprensa do Vaticano, com a coordenação do Padre Federico
Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa e da Rádio Vaticano, uma
conferência de imprensa de apresentação do Jubileu Extraordinário da
Misericórdia. Intervieram no acto, Dom Salvatore Fisichella, Presidente
do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e Mons.
Graham Bell, subsecretário deste mesmo dicastério.
No seu discurso, Dom Salvatore Fisichella iniciou por sublinhar que
na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, que permanece como a carta
programática do pontificado do Papa Francisco, é sintomática uma
expressão para compreender o sentido deste Jubileu extraordinário que
foi anunciado no passado 11 de Abril: “A Igreja vive um desejo
inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a
misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva” (Eg 24).>>.
É, por conseguinte, disse o prelado, a partir deste desejo que deve
ser relida a Bula de Proclamação do Jubileu Misericordiae vultus onde o
Papa Francisco descreve as finalidades do Ano Santo. E, como já
indicado, recordou, as duas datas indicativas serão o 8 de Dezembro de
2015, solenidade da Imaculada Conceição, que marca a abertura da Porta
Santa na Basílica de São Pedro e o 20 de Novembro de 2016, Solenidade de
Jesus Cristo, Senhor do Universo, que é a conclusão do Ano Santo. Entre
estas duas datas realiza-se um calendário de celebrações com diferentes
eventos.
Entretanto, prosseguiu Dom Fisichella, é bom recordar já, para que
não fiquem dúvidas, que o Jubileu da Misericórdia não é e não deseja ser
o Grande Jubileu do Ano 2000. Qualquer comparação, portanto, não tem
sentido, porque cada Ano Santo tem as suas peculiaridades e as próprias
finalidades. O Papa deseja que este Jubileu seja vivido em Roma, bem
como nas Igrejas locais; este facto implica uma especial atenção à vida
das Igrejas individuais e às suas exigências, de modo que as iniciativas
não sejam uma sobreposição ao calendário, mas sejam antes
complementares.
Outro fato sublinhado por Dom Fisichella é que desta vez, pela
primeira vez na história dos Jubileus, é oferecida também a
possibilidade de abrir a Porta Santa – Porta da Misericórdia – nas
próprias dioceses, particularmente na Catedral ou numa igreja
especialmente significativa ou num Santuário nomeadamente importante
para os peregrinos. Do mesmo modo, acrescentou, é fácil perceber pela
Bula de proclamação outras características que tornam único este
Jubileu. Desde já o apelo à misericórdia rompe os esquemas tradicionais.
De facto, recordou o prelado, a história dos Jubileus é caracterizada
pelos ritmos de 50 e 25 anos. Os dois Jubileus extraordinários
respeitaram a data do aniversário da redenção realizada por Cristo
(1933.1983). Este é, por seu lado, um Jubileu temático. Assenta
fortemente no conteúdo central da fé e pretende recordar à Igreja a sua
missão prioritária de ser sinal e testemunho da misericórdia em todos os
aspectos da sua vida pastoral disse Dom Rino Fisichella, recordando
sobretudo o apelo feito pelo Papa Francisco aos Judeus e aos Muçulmanos
para encontrar no tema da misericórdia o caminho do diálogo e da
superação das dificuldades que são de domínio público.
Outra característica da originalidade deste jubileu, evidenciada por
Dom Fisichella, é o fato que ele se desenvolve nas sendas dos
Missionários da Misericórdia, aos quais o Papa Francisco vai conferir a
missão ad gentes de confessar e perdoar os pecados normalmente
reservados à autoridade do Santo Padre, na Quarta-feira de Cinzas,
mediante uma celebração na Basílica de São Pedro. Estes Missionários,
sublinhou o Prelado, devem ser sacerdotes pacientes, capazes de
compreender as limitações dos homens, e prontos a expressar o impulso do
Bom Pastor, na pregação e na confissão disse.
Finalmente, Dom Rino Fisichella, falou detalhadamente sobre questões
relativas a organização do Ano Santo partindo, antes de mais, da
explicação do logotipo que, disse, representa uma suma teológica da
misericórdia e do lema que o acompanha. No lema, tirado do Evangelho
segundo S. Lucas( Lc 6,36), Misericordiosos como o Pai, propõe-se viver a
misericórdia seguindo o exemplo do Pai, que pede para não julgar e não
condenar, mas perdoar e dar amor e perdão sem medida (cf. Lc 6,37-38).
O logotipo, prosseguiu, que é obra do padre M. I. Rupnik, apresenta
uma imagem - muito querida da Igreja primitiva, porque indica o amor de
Cristo que realiza o mistério da sua encarnação com a redenção – mostra
o Filho que carrega aos seus ombros o homem perdido. O desenho é feito
de tal forma que realça o Bom Pastor que toca profundamente a carne do
homem e o faz com tal amor capaz de lhe mudar a vida. Mas sobretudo com
extrema misericórdia Ele carrega sobre si a humanidade, mas os seus
olhos confundem-se com os do homem. Cristo vê com os olhos de Adão e
este com os olhos de Cristo. Cada homem descobre assim em Cristo a
própria humanidade e o futuro que o espera.
A cena é colocada dentro da amêndoa, também esta é uma figura
importante da iconografia antiga e medieval que recorda a presença das
duas naturezas, divina e humana, em Cristo. As três ovais concêntricas,
de cor progressivamente mais clara para o exterior, sugerem o movimento
de Cristo que conduz o homem para fora da noite do pecado e da morte.
Por outro lado, a profundidade da cor mais escura também sugere o
mistério do amor do Pai que tudo perdoa, disse Dom Fisichella.
Quanto ao Calendário das celebrações, Dom Rino Fisichella disse que é
para ser lido numa tríplice perspectiva. Por um lado, há eventos que
envolvem uma grande afluência de pessoas. Neste sentido, disse, quisemos
que o primeiro evento fosse dedicado a todos aqueles que trabalham na
peregrinação, de 19 a 21 de Janeiro. É um sinal que pretendemos dar para
deixar claro que o Ano Santo é uma verdadeira peregrinação e deve ser
vivida como tal. Pediremos aos peregrinos para fazer um percurso a pé,
preparando-se assim para atravessar a Porta Santa com o espírito de fé e
de devoção. É decisivo preparar aqueles que trabalham neste sector de
modo a ir além da esfera do turismo e o facto que, em primeiro lugar,
eles se façam peregrinos poderá ser de grande ajuda.
No dia 3 de Abril haverá uma celebração destinada a todas as pessoas
que se revêm na espiritualidade da misericórdia (movimentos,
associações, institutos religiosos). Todas as pessoas do voluntariado
caritativo, por sua vez, serão convocadas no dia 4 de Setembro. O
voluntariado é um sinal concreto de quem vive as obras de misericórdia
nas suas várias expressões e merece uma própria celebração. Da mesma
forma, pensou-se na esfera da espiritualidade mariana que terá o seu dia
a 9 de Outubro para celebrar a Mãe da Misericórdia.
Não faltam eventos dedicados especificamente aos adolescentes que
após o Crisma são chamados a professar a fé. Para eles haverá o jubileu
no dia 24 de Abril. Um outro evento será destinado aos diáconos que por
vocação e ministério são chamados a presidir à caridade na vida da
comunidade cristã. Para eles haverá o Jubileu a 29 de Maio. No dia 3 de
Junho, por ocasião da Festa do sagrado Coração de Jesus celebrar-se-á o
Jubileu dos Sacerdotes. A 25 de Setembro será o Jubileu dos catequistas e
das catequistas que, com o seu compromisso de transmitir a fé,
sustentam a vida das comunidades cristãs, em particular nas paróquias. A
12 de Junho, celebrar-se-á o jubileu dos doentes, das pessoas com
deficiência e daqueles que com amor e dedicação cuidam deles. No dia 6
de Novembro, haverá o Jubileu dos presos.
Uma segunda perspectiva será concretizada através de alguns sinais
que o Papa Francisco vai realizar simbolicamente atingindo algumas
“periferias” existenciais para dar pessoalmente testemunho da
proximidade e da atenção aos pobres, aos que sofrem, aos marginalizados e
a todos aqueles que precisam de um sinal de ternura. Estes momentos
terão um valor simbólico, mas, disse Fisichella, pediremos aos bispos e
aos sacerdotes para realizarem, nas suas dioceses, o mesmo sinal em
comunhão com o Papa, para que a todos possa chegar um sinal concreto da
misericórdia e da proximidade da Igreja.
Finalmente, uma terceira perspectiva é dedicada aos muitos peregrinos
que vierem a Roma individualmente e sem estarem envolvidos numa
organização. Para eles serão identificadas algumas igrejas do centro
histórico, onde poderão ser acolhidos, viver momentos de oração bem como
de preparação para atravessar a Porta Santa, tendo em vista uma
disposição mais coerente com o evento espiritual que é celebrado. Todos
os peregrinos que chegarem a Roma, de qualquer modo, terão um percurso
especial para atravessar a Porta Santa. Isto é necessário para permitir
que o evento seja vivido de uma forma religiosa, com segurança e
proteção necessária concluiu Dom Fisichella convidando todos a consultar
o website oficial do Jubileu: www.iubilaeummisericordiae.va.
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