“Olhando para Maria e tantos rostos maternos, experimenta-se e alarga-se o espaço à esperança, que gera e abre o futuro. Digamo-lo com força: no nosso povo, há espaço para a esperança. Por isso, Maria caminha e convida-nos a caminhar juntos”, disse o Papa na Missa celebrada em Bucareste na tarde desta sexta-feira (31/05), primeiro dia de sua visita à Roménia. Esta 30ª Viagem Apostólica Internacional de Francisco tem como lema "Caminhemos juntos"
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
“Contemplar Maria permite-nos estender o olhar sobre tantas mulheres, mães e avós destas terras que, com sacrifício sem alarde, abnegação e empenho moldam o presente e tecem os sonhos do futuro.” Foi o que disse o Papa na missa celebrada no final da tarde desta sexta-feira (31/05) na Catedral de São José em Bucareste, último compromisso de Francisco no primeiro dia de sua visita à Romênia, na 30ª viagem apostólica internacional do seu Pontificado, viagem esta que tem como lema “Caminhemos juntos”. O Santo Padre estará até este domingo, 2 de junho, no país do Leste Europeu.
Tratou-se do primeiro encontro propriamente do Pontífice com a
pequena comunidade católica da Roménia, país de maioria cristã ortodoxa
(86%), onde os católicos representam cerca de 7% da população.
Partindo do Evangelho do dia (Lc 1,39-56), que narra a visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel e nos traz também o Magnificat,
em que Maria canta as maravilhas que o Senhor realizou na sua humilde
serva, Francisco evocou o canto de esperança que – ressaltou – “nos quer
despertar também a nós convidando-nos a entoá-lo hoje por meio de três
elementos preciosos que nascem da contemplação da primeira discípula:
Maria caminha, Maria encontra, Maria rejubila”. A homilia do Papa foi desenvolvida a partir daí.
Maria caminha
“Maria caminha... de Nazaré até à casa de Zacarias e Isabel: é a
primeira das viagens de Maria que narra a Sagrada Escritura. A primeira
de muitas. Irá da Galileia a Belém, onde nascerá Jesus; fugirá para o
Egipto, a fim de salvar o Menino de Herodes; além disso dirigir-Se-á cada
ano a Jerusalém pela Páscoa, até à última em que seguirá o Filho até ao
Calvário. Estas viagens têm uma característica: nunca foram caminhos
fáceis, exigiram coragem e paciência. Dizem-nos que Nossa Senhora
conhece as subidas, conhece as nossas subidas: é nossa irmã no caminho.”
Especialista em trabalhar duro, prosseguiu o Santo Padre, Nossa
Senhora “sabe como tomar-nos pela mão nas asperezas, quando nos
encontramos perante as viragens mais acentuadas da vida. Como boa mãe,
Maria sabe que o amor se concretiza nas pequenas coisas diárias. Amor e
inventiva materna, capaz de transformar um curral de animais na casa de
Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura”.
“Olhando para Maria e tantos rostos maternos, experimenta-se e
alarga-se o espaço à esperança, que gera e abre o futuro. Digamo-lo com
força: no nosso povo, há espaço para a esperança. Por isso, Maria
caminha e convida-nos a caminhar juntos”, acrescentou.
Maria encontra
“Maria encontra Isabel já de idade avançada. Mas é ela, a idosa,
que fala do futuro, que profetiza: «cheia do Espírito Santo» proclama
Maria «feliz» porque acreditou, antecipando a última bem-aventurança dos
Evangelhos: felizes os que crêem. E assim a jovem vai ao encontro da
idosa procurando as raízes, e a idosa renasce e profetiza acerca da
jovem, dando-lhe futuro. Assim se encontram jovens e anciãos, abraçam-se
e cada um é capaz de despertar o melhor do outro.”
É o milagre suscitado pela cultura do encontro, ressaltou Francisco,
“na qual ninguém é descartado nem rotulado; antes pelo contrário, todos
são procurados, porque são necessários para fazer transparecer o rosto do
Senhor. Não têm medo de caminhar juntos e, quando isto acontece, Deus
chega e realiza prodígios no seu povo”.
Sintamos dirigido a nós o convite do profeta a não temer, a não
cruzar os braços, exortou o Pontífice, “porque o Senhor, nosso Deus,
está no meio de nós, é um salvador poderoso. Este é o segredo do
cristão: Deus está no meio de nós como poderoso salvador”.
Maria rejubila
“Maria rejubila, porque é a portadora do Emanuel, do Deus connosco.
«Ser cristão é alegria no Espírito Santo». Sem alegria, permanecemos
paralisados, escravos das nossas tristezas. Muitas vezes, o problema da
fé não é tanto a falta de meios e estruturas, de quantidade, nem sequer a
presença de quem não nos aceita; o problema da fé é a falta de alegria.
A fé vacila, quando nos arrastamos na tristeza e no desânimo. Quando
vivemos na desconfiança, fechados em nós mesmos, contradizemos a fé,
porque, em vez de nos sentirmos filhos pelos quais Deus faz grandes
coisas, reduzimos tudo à medida dos nossos problemas e esquecemo-nos de
que não somos órfãos: temos no meio de nós um Pai, salvador e poderoso.”
“Pensemos nas grandes testemunhas destas terras!” – disse o Santo
Padre concluindo sua reflexão. “Pessoas simples, que confiaram em Deus
no meio das perseguições. Não colocaram a sua esperança no mundo, mas no
Senhor, e assim continuaram por diante. Quero agradecer a estes
vencedores humildes, a estes santos da porta ao lado que nos apontam o
caminho.”
“Sede vós os promotores duma cultura do encontro que desminta a
indiferença e a divisão e permita a esta terra cantar, com força, as
misericórdias do Senhor”, disse por fim.
VN
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