Encontro entre o Papa e o Patriarca Neofit
(ANSA)
“As feridas que, ao longo da história, se abriram entre nós, cristãos, são dolorosos golpes infligidos no Corpo de Cristo, que é a Igreja. Ainda hoje, tocamos com a mão as suas consequências." O Papa convidou a seguir os caminhos dos Santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
Na sua visita à Bulgária, o Santo Padre manteve, na manhã deste domingo (05/5) o seu segundo encontro em Sófia, na Sala do Santo Sínodo, com Sua Santidade Neofit, Metropolita de Sófia e Patriarca ortodoxo de toda a Bulgária, e com os Metropolitas e Bispos do Santo Sínodo.
Após a saudação do Patriarca Neofit ao Santo Padre, Francisco
pronunciou seu discurso partindo da festa de São Tomé, celebrado neste
domingo no Oriente cristão.
As feridas da divisão e a almejada unidade
Contemplando a ação do Apóstolo Tomé, que coloca a mão nas chagas do
Ressuscitado e o declara «Meu Senhor e meu Deus!», Francisco disse:
“As feridas que, ao longo da história, se abriram entre nós,
cristãos, são dolorosos golpes infligidos no Corpo de Cristo, que é a
Igreja. Ainda hoje, tocamos com a mão as suas consequências. Mas, se
colocarmos, juntos, as mãos nestas feridas, confessarmos que Jesus
ressuscitou e o proclamarmos como “nosso Senhor e nosso Deus”; se
reconhecermos as nossas faltas e nos deixarmos imergir nas suas chagas de
amor, talvez possamos reencontrar a alegria do perdão e regozijar-nos
por aquele dia em que, com a ajuda de Deus, poderemos celebrar o
mistério pascal no mesmo altar”.
Ecumenismo do sangue
Neste caminho, afirmou o Papa, somos sustentados por tantos irmãos e irmãs cristãos, verdadeiras testemunhas da Páscoa,
que neste país, sofreram tribulações, em nome de Jesus, especialmente
durante a perseguição do século passado, que pode ser considerado
“ecumenismo de sangue”! E acrescentou:
“Ecumenismo de sangue! Aqueles cristãos espalharam um suave
perfume na «Terra das Rosas»; passaram pelos espinhos da provação para
difundir a fragrancia do Evangelho; desabrocharam num terreno fértil e
entre um povo rico de fé e humanidade, como a vida monacal, que, de
geração em geração, alimentou a fé do povo”.
Ecumenismo do pobre
Quantos irmãos e irmãs espalhados pelo mundo, exclamou Francisco,
continuam a sofrer por causa da fé, dando-nos o exemplo como sementes,
que crescem e dão frutos. Por isso, somos chamados a caminhar e agir
juntos para dar testemunho do Senhor, servindo, de modo particular, os
irmãos mais pobres e esquecidos, que representam o “ecumenismo do pobre”.
Aqui, o Papa citou o exemplo dos Santos Cirilo e Metódio, “Apóstolos
dos Eslavos”, que já pressentiam os sinais premonitórios das dolorosas
divisões, que ocorreriam nos séculos seguintes. Por isso, escolheram a
perspetiva da comunhão.
Ecumenismo da missão
“Missão e comunhão: duas palavras sempre presentes na vida dos
dois Santos e que iluminam o nosso caminho para crescermos em
fraternidade. O ecumenismo da missão”.
Aqui, o Santo Padre antecipou o encontro de oração que presidirá,
logo a seguir, na Catedral Patriarcal de Santo Aleksander Nevskij, em
memória dos Santos Cirilo e Metódio. Estes santos confirmam que a
Bulgária é um país-ponte.
Papa Francisco concluiu o seu pronunciamento assegurando as suas
orações por este amado povo búlgaro, pela sublime vocação deste país,
pelo nosso caminho num “ecumenismo de sangue”, “ecumenismo do pobre” e
“ecumenismo da missão”.
VN
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