No encontro com os
católicos da Bulgária, nesta segunda-feira (06/05) o Papa Francisco
animou todos para “continuarem a ser uma Igreja que continua a gerar os
filhos de que estas terra precisa, mantendo atento um ouvido ao
Evangelho e outro ao coração do povo”
Jane Nogara – Cidade do Vaticano
Nesta segunda-feira (06/05) depois do almoço com os bispos da
Bulgária na igreja do Sagrado Coração de Rakovsky o Papa foi até à
igreja católica de São Miguel Arcanjo para um encontro com a comunidade
católica.
Depois da calorosa recepção e a saudação do Bispo D. Jovcev, que hoje
festejava o seu aniversário o Papa tomou a palavra para lhe dar os parabéns e
pediu o aplauso de todos. Depois, iniciou o seu discurso informando
que pôde “compreender um pouco mais o motivo pelo qual esta terra foi
tão amada e significativa para João XXIII”. Continuando a falar do ‘Papa
bom’ Francisco afirmou que “convivendo convosco germinou uma forte
amizade com os irmãos ortodoxos e isso impeliu-o por uma estrada capaz
de gerar a tão suspirada e frágil fraternidade entre as pessoas e as
comunidades”.
Olhos da fé
Explicando, o Papa disse que “os homens de Deus são aqueles que
aprenderam a ver, confiar, descobrir e deixar-se guiar pela força da
ressurreição”.
Convivência e amor
Seguidamente, Francisco falou sobre a necessidade da convivência como
experiência de vida recordando que toda a pessoa é filho de Deus:
“Para amar alguém, não é preciso pedir-lhe o seu currículo; o amor
precede, antecipa-se. Porque é gratuito”, devemos ver com os olhos da fé
não colar etiquetas pois “Quem ama, não perde tempo em lamentos, mas
procura sempre algo de concreto que possa fazer”.
E conclui este pensamento recordando mais uma vez João XXIII que
dizia: “Nunca conheci um pessimista que tenha concluído algo de bom” “O
Senhor é o primeiro a não ser pessimista e procura continuamente abrir,
para todos nós, caminhos de Ressurreição. Como é belo quando as nossas
comunidades lembram um canteiro de obras de esperança!”
Na paróquia para encontrar Jesus
“Mas” Francisco adverte, “para adquirir o olhar de Deus, precisamos
dos outros, precisamos que nos ensinem a olhar e sentir como Jesus olha e
sente”. Para isso, “a paróquia transforma-se numa casa no meio de todas
as casas e é capaz de tornar presente o Senhor precisamente lá onde
cada família, cada pessoa procura diariamente ganhar o seu pão”.
Na paróquia o pastor encontra a sua comunidade, continuou o Papa: “O
povo de Deus agradece ao seu pastor, e o pastor reconhece que aprende a
ser crente com a ajuda do seu povo, da sua família e no meio deles (…)
Sem o seu povo, o sacerdote perde a identidade, e, sem os seus pastores,
o povo pode fragmentar-se. (…) Cada qual dedica a sua própria vida aos
outros. Ninguém pode viver apenas para si mesmo; vivemos para os
outros”.
Traduzir a fé aos jovens como Cirilo e Metódio
Ao falar sobre testemunhar a fé ao mundo de hoje, Francisco disse que trazia uma incumbencia
a todos, explicando que na fé todos são filhos dos irmãos Cirilo e
Métódio, homens santos e com grandes sonhos que “convenceram-se de que a
forma mais autêntica para falar com Deus era fazê-lo na sua própria
língua. Isto deu-lhes a audácia necessária para se decidirem a traduzir a
Bíblia, a fim de, ninguém ficar privado da Palavra que dá vida”. “Hoje –
continuou o Papa,
Para conseguir essa “tradução”, explicou o Papa “pede-nos um novo
esforço de imaginação nas nossas ações pastorais, para procurar o modo
de alcançar o seu coração”. “Uma grande tentação enfrentada pelas novas
gerações é a falta de raízes que as sustentem, levando-as ao
desenraizamento e a uma grande solidão”.
Novos desafios
Em seguida o Papa recordou que “as páginas mais belas da vida da
Igreja foram escritas quando, com criatividade, o Povo de Deus se
colocava em movimento procurando traduzir o amor de Deus em cada momento
da história, com os desafios que pouco a pouco ia encontrando”.
Por fim o Papa concluiu: “Não se cansem de ser uma Igreja que continua a
gerar, por entre contradições, amarguras e necessidades, os filhos de
que esta terra precisa hoje, no começo do século XXI, mantendo um
ouvido atento ao Evangelho, e o outro ao coração do seu povo”.
VN
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