06 maio, 2019

Papa aos católicos da Bulgária: sejam um canteiro de obras de esperança

 
 
No encontro com os católicos da Bulgária, nesta segunda-feira (06/05) o Papa Francisco animou todos para “continuarem a ser uma Igreja que continua a gerar os filhos de que estas terra precisa, mantendo atento um ouvido ao Evangelho e outro ao coração do povo” 
 
Jane Nogara – Cidade do Vaticano

Nesta segunda-feira (06/05) depois do almoço com os bispos da Bulgária na igreja do Sagrado Coração de Rakovsky o Papa foi até à igreja católica de São Miguel Arcanjo para um encontro com a comunidade católica.

Depois da calorosa recepção e a saudação do Bispo D. Jovcev, que hoje festejava o seu aniversário o Papa tomou a palavra para lhe dar os parabéns e pediu o aplauso de todos. Depois, iniciou o seu discurso informando que pôde “compreender um pouco mais o motivo pelo qual esta terra foi tão amada e significativa para João XXIII”. Continuando a falar do ‘Papa bom’ Francisco afirmou que “convivendo convosco germinou uma forte amizade com os irmãos ortodoxos e isso impeliu-o por uma estrada capaz de gerar a tão suspirada e frágil fraternidade entre as pessoas e as comunidades”. 

Olhos da fé
“ Ver com os olhos da fé. Desejo recordar as palavras do ‘Papa bom’, que soube sintonizar de tal modo o seu coração com o Senhor, que pôde dizer que não estava de acordo com as pessoas que ao redor de si mesmas só viam mal, chamando-as profetas da desgraça ”
Explicando, o Papa disse que “os homens de Deus são aqueles que aprenderam a ver, confiar, descobrir e deixar-se guiar pela força da ressurreição”. 

Convivência e amor

Seguidamente, Francisco falou sobre a necessidade da convivência como experiência de vida recordando que toda a pessoa é filho de Deus:

“Para amar alguém, não é preciso pedir-lhe o seu currículo; o amor precede, antecipa-se. Porque é gratuito”, devemos ver com os olhos da fé não colar etiquetas pois “Quem ama, não perde tempo em lamentos, mas procura sempre algo de concreto que possa fazer”.

E conclui este pensamento recordando mais uma vez João XXIII que dizia: “Nunca conheci um pessimista que tenha concluído algo de bom” “O Senhor é o primeiro a não ser pessimista e procura continuamente abrir, para todos nós, caminhos de Ressurreição. Como é belo quando as nossas comunidades lembram um canteiro de obras de esperança!” 

Na paróquia para encontrar Jesus

“Mas” Francisco adverte, “para adquirir o olhar de Deus, precisamos dos outros, precisamos que nos ensinem a olhar e sentir como Jesus olha e sente”. Para isso, “a paróquia transforma-se numa casa no meio de todas as casas e é capaz de tornar presente o Senhor precisamente lá onde cada família, cada pessoa procura diariamente ganhar o seu pão”.

Na paróquia o pastor encontra a sua comunidade, continuou o Papa: “O povo de Deus agradece ao seu pastor, e o pastor reconhece que aprende a ser crente com a ajuda do seu povo, da sua família e no meio deles (…) Sem o seu povo, o sacerdote perde a identidade, e, sem os seus pastores, o povo pode fragmentar-se. (…) Cada qual dedica a sua própria vida aos outros. Ninguém pode viver apenas para si mesmo; vivemos para os outros”. 

Traduzir a fé aos jovens como Cirilo e Metódio

Ao falar sobre testemunhar a fé ao mundo de hoje, Francisco disse que trazia uma incumbencia a todos, explicando que na fé todos são filhos dos irmãos Cirilo e Métódio, homens santos e com grandes sonhos que “convenceram-se de que a forma mais autêntica para falar com Deus era fazê-lo na sua própria língua. Isto deu-lhes a audácia necessária para se decidirem a traduzir a Bíblia, a fim de, ninguém ficar privado da Palavra que dá vida”. “Hoje – continuou o Papa,
“ Ser uma casa com as portas abertas, na esteira de Cirilo e Metódio, requer também saber ser audazes e criativos interrogando-se como será possível traduzir, de maneira concreta e compreensível para as gerações jovens, o amor que Deus tem por nós ”
Para conseguir essa “tradução”, explicou o Papa “pede-nos um novo esforço de imaginação nas nossas ações pastorais, para procurar o modo de alcançar o seu coração”. “Uma grande tentação enfrentada pelas novas gerações é a falta de raízes que as sustentem, levando-as ao desenraizamento e a uma grande solidão”. 

Novos desafios
“ Não tenhamos medo de aceitar novos desafios, desde que nos esforcemos com todos os meios por fazer com que o nosso povo não fique privado da luz e consolação que brotam da amizade com Jesus, não fique privado duma comunidade de fé que o sustente e de um horizonte sempre estimulante e renovador que lhe dê sentido e vida ”
Em seguida o Papa recordou que “as páginas mais belas da vida da Igreja foram escritas quando, com criatividade, o Povo de Deus se colocava em movimento procurando traduzir o amor de Deus em cada momento da história, com os desafios que pouco a pouco ia encontrando”.

Por fim o Papa concluiu: “Não se cansem de ser uma Igreja que continua a gerar, por entre contradições, amarguras e necessidades, os filhos de que esta terra precisa hoje, no começo do século XXI, mantendo um ouvido atento ao Evangelho, e o outro ao coração do seu povo”.

VN

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