24 maio, 2019

Papa Francisco exorta a promover a "cultura da criança" e da adoção

 
Papa Francisco com membros do Instituto do Hospital dos Inocentes de Florença
 
Na saudação aos membros do Instituto do Hospital dos Inocentes de Florença, Francisco evidenciou que muitas vezes as pessoas querem adotar crianças, mas que há uma grande burocracia – isto quando não há corrupção pelo meio, em que se paga... O Papa pediu para ser ajudado a semear a consciência de que somos responsáveis pelas crianças abandonadas, sozinhas, vítimas de guerras.
 
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano

O Papa recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira (24/05), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros do Instituto do Hospital dos Inocentes de Florença – região italiana da Toscana, um grupo de 70 pessoas. Há seiscentos anos, a instituição acolhe, assiste e promove a infância.

Tendo deixado de lado o texto previamente preparado para a ocasião, o qual foi entregue aos presentes, Francisco dirigiu-se espontaneamente falando inicialmente – a partir das palavras de saudação da presidente do Instituto – da “cultura da criança”. Hoje devemos retomá-la, disse.

“Há uma cultura da surpresa no ver crescer, ver como se surpreendem com a vida, como entram em contacto com a vida. E nós devemos aprender a fazer o mesmo. Este caminho, essa estrada que todos nós percorremos como criança, devemos retomá-la”, enfatizou. 

Recuperar a capacidade de surpreender-nos

Mencionando a passagem do evangelista São Marcos previamente citada: “Deixai vir a mim as criancinhas”; o Pontífice ressaltou que há outras passagens do Evangelho em que Jesus vai além: não somente fala em acolher as crianças, e quem as acolhe, a Ele acolhe, vai além, prosseguiu. “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos céus.”

Francisco lembrou que o nosso Deus é o Deus das surpresas que nós devemos, de algum modo, voltar à simplicidade de uma criança e, sobretudo, à capacidade de surpreender-nos.
“Neste instituto de seis séculos de história, muitas vezes as mães deixavam, junto dos seus recém-nascidos, medalhas quebradas ao meio, com as quais esperavam, apresentando a outra metade, poderem reconhecer os seus filhos em tempos melhores.”
Retomando esse facto histórico, o Papa disse querer dizer outra coisa acerca daquelas medalhas quebradas (metade para a criança e metade para a mãe que o deixava no Instituto). “Hoje no mundo há muitas crianças que idealmente têm a metade das medalhas. Estão sozinhas. As vítimas das guerras, das migrações, as crianças não acompanhadas, as vítimas da fome. Crianças com metade da medalha. E quem tem a outra metade? A Mãe Igreja”, destacou o Pontífice. 

Colocar a adoção em prática

“Nós temos a outra metade. É preciso refletir e fazer entender às pessoas que nós somos responsáveis por esta outra metade e ajudar a fazer hoje outra ‘casa dos inocentes’, mas mundial, colocando em prática a adoção”, frisou.

Francisco evidenciou que muitas vezes as pessoas querem adotar crianças, mas que há uma grande burocracia – isso quando não há corrupção pelo meio, em que se paga... O Papa pediu para ser ajudado nisso: a semear a consciência de que nós temos a outra metade da medalha daquela criança.

“Muitas famílias sem filhos– disse por fim – que certamente teriam o desejo de ter uma com a adoção: seguir adiante, criar uma cultura da adoção porque as crianças abandonadas, sozinhas, vítimas de guerras, e outros, são muitas; que as pessoas aprendam a olhar para a outra metade e a dizer: ‘Também eu tenho a outra metade’.” Francisco concluiu pedindo que eles trabalhassem nisso.

VN

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