No encontro com os jornalistas, o presidente da Peregrinação Internacional de maio olhou para Fátima como um espaço de diálogo inter-religioso e cultural
Na conferência de imprensa que marcou o início da Peregrinação
Internacional Aniversária, o cardeal D. Antonio Tagle, arcebispo de
Manila, que preside às celebrações, começou por agradecer a ênfase que
tem sido dada pelo Santuário de Fátima ao aumento de peregrinos
provenientes da Ásia – onde “as diferentes religiões valorizam a
peregrinação como expressão de espiritualidade” –, e apontou Fátima como
lugar de paz e de encontro inter-religioso, através do diálogo.
“Fátima, como um dos centros de peregrinação internacional, que
também é visitado por não cristãos, é um lugar de paz universal e pode
ser um dos centros de diálogo inter-religioso e inter-cultural,”,
afirmou, concretizando, depois, dois níveis em que este diálogo pode
ocorrer: um mais informal, num acolhimento dedicado aos que não são
cristãos, por forma a despertar o desejo de conhecer a religião cristã
através do acontecimento de Fátima; outro, mais formal,
ao disponibilizar-se um lugar onde quem se sinta interpelado possa
esclarecer dúvidas e aprofundar conhecimento sobre a da fé cristã.
Interpelado sobre as intenções que traz a Fátima, o arcebispo de
Manila revelou, emocionado, que, a par das várias intenções de âmbito
pessoal, traz também à Cova da Iria uma intenção pela “conversão
universal à humanidade, que permita olhar para as pessoas como seres
humanos e não como objetos”. Ao referir esta intenção mais global, o
presidente da Cáritas Internacional quis mostrar a sua consternação pelo
fato de, em países em conflito, “se impedir ou limitar a entrada de
ajuda humanitária e permitir a entrada de armamento”.
Por fim, e assumindo a sua presença na Peregrinação Internacional
também como responsável pela Cáritas Internacional – federação que reúne
as Cáritas nacionais –, D. Antonio Tagle elogiou o trabalho que a
Cáritas Portuguesa tem desenvolvido em prol da fraternidade e da
dignidade humanas.
D. António marto apela à mobilização de todos na construção de uma “nova narrativa de esperança para a Europa"
D. António Marto, que abriu a conferência de imprensa, alertou para a
ameaça dos conflitos armados e o “risco de um holocausto nuclear”,
apelando à “responsabilidade pela paz”. O bispo de Leiria-Fátima lembrou
também os “desafios de caráter mundial” levantados pelos fluxos
migratórios, nomeadamente no surgimento de um “discurso e ambiente
xenófobos, que levam à intolerância, em vez de levarem à solidariedade”.
Ao evocar a matriz cristã que fundou a Europa e que a “ajudou a
ultrapassar inúmeras crises”, D. António Marto apontou uma “decisão
política sustentável” como solução para os desafios atuais; e,
referindo-se às eleições europeias que se aproximam, o prelado pediu uma
mobilização de todos na construção de uma “nova narrativa de esperança
para a Europa, que vença os diversos medos que a assaltam”, ao condenar
os movimentos nacionalistas que “destabilizam as democracias”.
O cardeal português lembrou ainda o clima de “guerra civil” que se
vive na Venezuela, que “tem causado sofrimento sobretudo aos mais
pobres”, e enviou uma palavra de solidariedade a todos os que sofrem com
esta situação, particularmente os portugueses que lá vivem. D. António
Marto revelou também a sua “oração solidária” para com as vítimas dos
atentados no Sri Lanka.
O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa fez também
referência à Jornada Mundial da Juventude de 2022, em Lisboa, como “uma
oportunidade única para mobilizar a Igreja e quebrar o distanciamento em
relação aos jovens”.
Ainda ao nível da Igreja, o prelado fez eco de dois documentos
pontifícios, saudando a carta apostólica, sob a forma de moto próprio,
“Vós sois a luz de Cristo”, que oferece uma normativa para erradicar os
abusos sexuais sobre menores e vulneráveis, e sobre adultos que possam
sofrer abuso de poder, considerando-a “um passo importante”, após a
reunião dos presidentes das Conferências Episcopais, em Roma, que
debateu este assunto; e destacando a carta do Santo Padre aos
economistas e jovens empresários e empresárias, que convoca para uma
encontro, de 26 a 28 de março, em ordem a um pacto para dar uma alma à
economia de amanhã, tornando-a solidária, inclusiva e justa.
Reitor mostra um Santuário em saída
O reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, também usou da
palavra na conferência de imprensa, para revelar os números parciais de
peregrinos na Cova da Iria nos primeiros meses de 2019, dando conta que
da presença de mais de 740 mil participantes em cerca de 2.500
celebrações.
O sacerdote referiu-se ainda à difusão e estudo de Fátima através das
viagens da Virgem Peregrina e das iniciativas do âmbito do estudo e
aprofundamento do acontecimento Fátima eu têm “levado Fátima para além
do espaço do Santuário”, nomeadamente o Colóquio “A poética de Fátima”,
que decorre a 18 de maio, no Porto; o Seminário “Caminho de
Peregrinações”, nos dias 6 e 7 de junho, na Sociedade de Geografia de
Lisboa; e o Simpósio Teológico-Pastoral que, entre 21 e 23 de junho se
propõe refletir sobre o sentido de peregrinar.
A peregrinação prossegue agora com a Saudação a Nossa Senhora, na Capelinha das aparições.
Até às 16h30, estavam inscritos nos Serviços do Santuário cerca de
196 grupos, oriundos de 40 países para participar na Peregrinação
Internacional Aniversária de maio.
SF
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