05 maio, 2019

Papa: Bulgária, ponte entre Oriente e Ocidente, terra de raízes cristãs


Cerimónia de boas-vindas

No seu primeiro discurso em terra búlgaras, o Pontífice explicou que a sua visita à Bulgária reali-se na esteira de São João Paulo II, que visitou o país em maio de 2002, e na memória de Dom Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII, que foi Delegado Apostólico em Sófia, durante quase dez anos 

Manoel Tavares - Cidade do Vaticano 

O Papa Francisco deixou o Vaticano, na manhã deste domingo (05/5), para mais uma Viagem Apostólica do seu Pontificado, a de número 29, que o leva a dois países: a Bulgária e a Macónia do Norte.

O Santo Padre partiu do aeroporto internacional de Fiumicino às 7h10 e, após menos de duas horas de viagem, chegou ao aeroporto de Sófia, capital da Bulgária.

Durante a viagem, como habitualmente faz, o Pontífice enviou telegramas aos Chefes de Estado dos países sobrevoados: Itália, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Sérvia.

Ao chegar ao aeroporto de Sófia, o Papa foi recebido pelo Núncio Apostólico, Dom Anselmo Guido Pecorari e pelo Primeiro Ministro, Boyko Borisov, com o qual manteve um encontro privado. 

No país, diversidade vista como oportunidade e riqueza

A seguir, Francisco dirigiu-se de automóvel ao Palácio Presidencial de Sófia, para uma visita de cortesia ao Presidente búlgaro, Rumen Radev, e a cerimónia de boas-vindas.

Depois, diante do Palácio Presidencial, na Praça Atanas Burov, o Santo Padre manteve um encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil, o Corpo Diplomático e representantes de várias Confissões Religiosas.

Após as palavras de boas-vindas do Presidente búlgaro ao Papa, Francisco pronunciou o seu discurso expressando alegria por encontrar-se na Bulgária, para confirmar os seus irmãos na fé e encorajá-los no seu caminho e testemunho de vida cristã. E, ao agradecer as autoridades civis e religiosas presentes, Francisco disse:

[A Bulgária] é um lugar de encontro entre múltiplas culturas e civilizações, ponte entre o leste e o sul da Europa, porta para o Médio Oriente; uma terra de antigas raízes cristãs, que favorecem o encontro quer entre a comunidade local como na internacional. Aqui, a diversidade, no respeito pelas peculiaridades específicas, é vista como uma oportunidade e uma riqueza, não como contraste”. 

Verdadeiros ensinamentos das religiões promovem a paz

Neste sentido, o Papa cumprimentou, cordialmente, Sua Santidade o Patriarca Neofit, os Metropolitas e Bispos da Santo Sínodo, os fiéis da Igreja Ortodoxa, os cristãos das outras Comunidades eclesiais, os membros da Comunidade judaica e os fiéis muçulmanos. E recordou:

Reafirmo convosco a forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados nos valores da paz; apoiar os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum”.

Assim, Francisco convidou a aproveitar da hospitalidade que o povo búlgaro oferece, para que cada religião, chamada a promover harmonia e concórdia, possa contribuir para o crescimento de uma cultura e um ambiente, no respeito da pessoa humana e da sua dignidade, das civilizações e tradições diferentes rejeitando toda a violência e coação. 

Visita na esteira de João Paulo II e memória de João XXIII

Neste contexto, o Pontífice explicou que a sua visita à Bulgária realiza-se na esteira de São João Paulo II, que visitou o país em maio de 2002, e na memória de Dom Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII, que foi Delegado Apostólico em Sófia, durante quase dez anos. 

Sobre ele, Francisco disse:

São João XXIII trabalhou com afinco para promover a colaboração fraterna entre todos os cristãos e com o Concílio Vaticano II, - por ele convocado e presidido na sua primeira fase, - deu grande impulso e incisividade ao desenvolvimento das relações ecuménicas”. 

Cirilo e Metódio, "Apóstolos dos Eslavos"

No seguimento destes acontecimentos providenciais, - recordou Francisco, - há quase cinquenta anos, uma Delegação oficial Búlgara visita anualmente o Vaticano por ocasião da festa dos Santos Cirilo e Metódio. Sobre estes dois “Apóstolos dos Eslavos” disse:

Eles evangelizaram os povos eslavos e estiveram na origem do desenvolvimento da sua língua e cultura e, sobretudo, de abundantes e duradouros frutos de testemunho cristão e de santidade. Os Santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa, continuam a ser exemplo, por mais de um milénio, e inspiradores de diálogo fecundo, harmonia e encontro fraterno entre as Igrejas, os Estados e os povos!

Na atual conjuntura histórica, trinta anos depois do fim do regime totalitário, que dificultava a liberdade e as iniciativas, - afirmou Francisco, - a Bulgária arca, hoje, com as consequências da emigração de mais de dois milhões dos seus cidadãos que vão em busca de novas oportunidades de vida e de trabalho noutros países. Por outro lado, defronta-se com o fenómeno dos que fogem das guerras, dos conflitos ou da miséria, em busca de uma vida melhor no rico Continente europeu. 

Não fechar os olhos aos que batem à porta

Por fim, o Santo Padre encorajou os governantes da Bulgária a continuarem a criar condições para que, sobretudo os jovens, não sejam obrigados a emigrar. Por isso, fez-lhes um apelo “a não fechar os olhos, o coração e as mãos aos que batem à sua porta”. E concluiu o seu discurso com a exortação:

Este país distinguiu-se sempre como ponte entre o Oriente e Ocidente, favorecendo o encontro entre diferentes culturas, etnias, civilizações e religiões, que há séculos vivem em paz aqui. Esta terra fértil pelo trabalho humilde de tantas gerações e aberta aos intercâmbios culturais e comerciais, integrada na União Europeia e com sólidos laços com a Rússia e a Turquia – possa oferecer aos seus filhos um futuro de esperança! Que Deus abençoe a Bulgária e a mantenha sempre pacífica, acolhedora, próspera e feliz!”

VN

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