20 abril, 2017

Santa Sé: defender direitos, liberdades e dignidade dos migrantes




(RV) O Acordo Global sobre as Migrações dará à comunidade internacional a oportunidade para respeitar os compromissos assumidos com a adopção da Agenda 2030, o programa para o desenvolvimento sustentável, assinado em 2015 pelos governos dos 193 Países membros da ONU – sublinhou Dom Bernardito Auza, Núncio apostólico e Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, na sua intervenção, esta terça

A Agenda 2030 é um sinal de esperança

Dom Auza recordou que o Papa Francisco descreveu a adopção desta Agenda "um importante sinal de esperança". A Santa Sé – explicou o prelado - acredita que esta esperança se transformará em realidade somente se a Agenda for realmente, e de forma justa e eficaz,  implementada para todos, incluindo os migrantes.

É urgente responder às necessidades fundamentais de todos

Dom Auza também lembrou que o Santo Padre exortou todos os líderes do governo a adoptar medidas imediatas, eficazes  e concretas para parar, tão rapidamente quanto possível, ao fenómeno da exclusão social e económica. A impossibilidade de acesso a uma educação de qualidade, a falta de oportunidades de emprego e a ausência de cuidados de saúde adequados estão entre as causas que levam as pessoas a emigrar.

A instabilidade global determina graves consequências negativas

Estas exigências sem respostas - disse Dom Auza - estão na base de uma instabilidade global. E são múltiplas as repercussões negativas provocadas por esta instabilidade. Entre elas, estão o tráfico de seres humanos, a exploração sexual, formas de escravidão relacionadas com o trabalho, a prostituição, o comércio de droga, de armas e o terrorismo. Por isso - disse ainda o Núncio – o primeiro e principal empenho deve ser o de responder às exigências fundamentais de todos os povos.

Sempre mais preocupante o drama dos menores não acompanhados

Outra área de grande preocupação refere-se às crianças migrantes não acompanhadas. Antes ainda de atingir metas importantes como a reunificação familiar, deve-se olhar para a origem deste problema. A comunidade internacional - disse Dom Auza - se comprometa a fazer cessar os conflito e a violência. É esta violência - observou o Prelado – a chaga que leva as pessoas a fazer emigrar os seus filhos na esperança de que eles possam encontrar as condições para uma vida melhor.

Para governar o fenómeno da migração é necessária uma abordagem global

A governação, no que diz respeito à migração, não pode ser relegada a um ministério ou a um único departamento. É necessário – sublinhou Dom Auza numa segunda intervenção sobre o mesmo assunto - uma abordagem de governo global, que reflicta a natureza integral da pessoa humana. É, portanto, indispensável uma resposta comum às migrações, que tenha em conta a complexidade deste fenómeno. É também urgente um esforço coordenado que inclua, para além das actividades de governo, também a comunidade política, a sociedade civil, as organizações internacionais e as instituições religiosas.

Ninguém se pode excluir da obrigação de defender os direitos dos migrantes

Dom Auza finalmente recordou as palavras dirigidas pelo Papa Francisco, no passado dia  21 de fevereiro, aos participantes no Fórum "Migração e Paz". Por aquela ocasião, o Pontífice tinha centrado na situação de milhões de trabalhadores e trabalhadoras migrantes, entre os quais também refugiados, requerentes de asilo e vítimas de tráfico. "A defesa dos seus direitos inalienáveis, a garantias das liberdades fundamentais e o respeito pela sua dignidade – tinha dito Francisco - são tarefas das quais ninguém se pode excluir". (BS)

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